Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O espetáculo das massas derrota a mídia

Hugo Chávez Frias, presidente eleito da Venezuela em 1999, venceu na última semana o referendo revogatório, inédito em seu país, e permanecerá até 2006 como presidente da República Bolivariana da Venezuela. Por mais que a imprensa venezuelana desejasse o contrário.

A Venezuela firmou um importante passo na consolidação de um sistema democrático, o que não agrada a todos, principalmente às mais endinheiradas e tradicionais oligarquias, a elite nacional, os interesses estadunidenses e a imprensa venezuelana.

E esse é o ponto que mais assusta. Como classifica Gilberto Maringoni em seu livro A Venezuela que se inventa, não existe liberdade de imprensa na Venezuela. Não por imposição de ninguém, mas por interesses privados. Na Venezuela, a imprensa é privada.

Os maiores jornais do país, como El Nacional e El Universal, fazem e fizeram campanha abertamente contra o presidente Hugo Chávez. Na televisão é pior: as TVs privadas manipulam imagens para difamar o governo e tentar gerar insatisfação popular, o que nunca conseguiram, já que Chávez está no poder única e simplesmente pela vontade do povo.

O golpe perpetrado pela elite venezuelana e pela mídia no dia 11 de abril de 2002, que destituiu do poder Hugo Chávez, é o maior exemplo de como a imprensa pode e é usada a favor de interesses privados. Dois dias depois, reconduzido e apoiado pelo povo, Chávez retornou triunfante ao Palácio de Miraflores.

Para sempre!

Neste ano, a imprensa adotou a mesma posição, divulgando falsos resultados, identificando qualquer problema com tumultos entre partidários ou não do governo e, principalmente, não aceitando o resultado final do referendo de 15 de agosto, apesar de aprovado por observadores internacionais, seguido, analisado e verificado por ela mesma. Nunca na história da Venezuela, onde o voto não é obrigatório, tantas pessoas foram às urnas decidir o futuro da nação.

Para quem não acredita no fenômeno Chávez, vale reler as palavras que escreveu num pequeno pedaço de papel, na prisão de Turiamo, quando foi preso depois do golpe de 11 de abril. ‘Ao povo venezuelano… (e a quem mais possa interessar). Eu, Hugo Chávez Frias, venezuelano, presidente da República Bolivariana da Venezuela, declaro: Não renunciei ao poder legítimo que o povo venezuelano me deu. Para sempre!’. Essas palavras, através de um soldado, se espalharam pela nação e lhe recolocaram no seu lugar de direito. Isso, a imprensa venezuelana não conseguiu desmentir.

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Jornalista, Campinas, SP