Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

O ouvinte é quem importa


Do modo que vem sendo feito nosso rádio, temos a impressão de que o ouvinte não tem importância alguma para programadores e profissionais do rádio. Por que não procuram saber o que o ouvinte pensa do rádio? Por que não fazem pesquisas em relação à segmentação de preferências ? Por que não valorizam o pensamento dos ouvintes? Por que não fazem rádio de acordo com os interesses dos usuários?


Diante dessas questões, sentimos que é urgente que se faça um rádio que tenha a ver com as expectativas dos usuários da comunicação radiofônica para que haja uma nova forma de pensar o rádio e para que todos os usuários tenham uma comunicação séria, verdadeira e adequada aos pensamentos de seus usuários. O rádio precisa urgentemente rever conceitos, mudar idéias de ação e promover seriamente uma nova forma de entendimento dos usuários de comunicação, procurando respeitar seus pontos de vistas, seus pensamentos e suas idéias sobre o rádio. O rádio precisa se refazer e pensar mais nos seus usuários, buscando uma programação que seja de acordo com os ditames morais e normais de nossa sociedade.


Claro que os que se dão bem com os problemas do rádio atual certamente não aceitam as críticas que vêm sendo feitas ao modo de fazer rádio dos dias atuais e acham que os que criticam querem ser moralistas, puritanos ou criticam pelo mero prazer de criticar. O rádio é um meio de comunicação que lida com sentimentos, palavras e idéias. Para isso, é preciso que as mensagens sejam de acordo com os interesses de seus usuários, que geralmente não são consultados em meio às transformações que vêm ocorrendo no meio rádio. Por que não abrem o rádio aos interesses dos ouvintes? Por que não perguntam que rádio queremos? Por que não questionam seu modo de fazer comunicação?


O processo de concessão


A comunicação verdadeira, séria e pautada na busca dos interesses do povo é um direito que tem de ser promovido no meio rádio, que geralmente não está a serviço dos que ouvem este meio de comunicação. Infelizmente, em muitos casos o rádio só procura satisfazer as autoridades e os que têm dinheiro para nele investir e geralmente a comunicação só atende a um tipo de interesse que sempre é de uma minoria.


Precisamos urgentemente de um rádio que procure buscar segmentos de comunicação. O que o jovem quer do rádio? O que os adultos querem do rádio? O que o povo quer do rádio? Tais perguntas devem ser feitas pelos que dominam concessão de rádio que geralmente não sabem nem o tipo de comunicação que é feita, pois para a maioria só interesse o balancete financeiro ao final de cada mês. Lembremos que a comunicação radiofônica é uma concessão pública e deve atender sempre aos interesses de seus usuários. O problema é que, no processo de concessão, dificilmente as classes populares poderão deter um meio de comunicação tão importante e tão forte na concretização da cidadania. Talvez seja por isso que a rádio comunitária foi tão combatida e hoje vem sendo atacada de forma tão forte pelos grandes meios de comunicação.


Opinião deve ser bem-vinda


O rádio merece respeito tanto dos que o fazem quanto dos que o consumem, que devem exigir comunicação verdadeira, honesta e respeitosa. As mudanças do rádio são sempre bem-vindas desde que atendam aos interesses populares e promovam a democracia das comunicações tão decantada por aí. O rádio precisa satisfazer, sim, os interesses populares e deve procurar ser plural atendendo todo o processo de formação cultural de nosso povo.


Precisamos de rádios que falem a língua do povo e defendam seus interesses para o bem das comunicações e para a melhoria da sociedade como um todo. O rádio é um meio que ultrapassou todas as inovações na comunicação e continua firme e forte precisando apenas melhoria no efeito de suas emissões, para o bem do povo e da sociedade como um todo.


O rádio tem de ver que o ouvinte é parte importante da comunicação e por isso deve ser respeitado, acreditado e ter sua opinião sempre bem-vinda e aceita para o bem da comunicação e da vida como razão maior dos seres humanos.

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Vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE