Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O Saci e a Copa do Mundo

O Observatório recebeu, no dia 23/10, nota do jornalista Robson Moreira a respeito de carta encaminhada ao ‘Painel do leitor’ da Folha de S.Paulo – e não publicada.

‘Esta Folha cometeu na edição de hoje (23/10, página 4A, no caderno Esporte) uma nota sob o título `Saci e isenção de imposto ditam ações´, ao lado de uma matéria maior sobre a Copa de 2014 e o Congresso Nacional. Assinada `Reportagem Local´, a nota remete o assunto para as Assembléias Legislativas e, com a prepotência que lhe peculiar, se arvora a definir o que é sério e o que não é sério, o que é bizarro e o que não é bizarro. Entre o não sério e o bizarro, a `Reportagem Geral´ enquadra o Saci, motivo de projeto do então deputado estadual Cido Sério no sentido de que o insigne perneta seja apresentado como mascote da Copa de 2014, a realizar-se no Brasil.

Pois saiba a `Reportagem Geral´ que tramita no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) pedido de registro do Saci e seus amigos – Boitatá, Mula-sem-cabeça, Curupira, Boto e Iara, entre outros – como patrimônio cultural brasileiro. Tal pedido foi encaminho pela Associação Sociedade dos Observadores de Saci – SOSACI, criada em julho de 2003 na cidade de São Luiz do Paraitinga (SP), mesma entidade que, mais recentemente, lançou a campanha do Saci como mascote da Copa. A seriedade disso está no fato de que o Saci é a síntese da formação do povo brasileiro, incluindo-se aí a `Reportagem Geral´, sendo o mito brasileiro mais popular e o único conhecido em todas as regiões do Brasil.

Símbolo de liberdade

Sua origem é indígena, quando surgiu na figura de um indiozinho (de duas pernas) protetor da floresta, sendo posteriormente adotado pelos negros, que lhe deram a cor negra. Preso com grilhões como escravo, ele cortou a perna presa e fugiu para a floresta preferindo ser um perneta livre do que um escravo com duas pernas. O Saci, portanto, é símbolo de liberdade. Mais tarde, ganhou dos brancos o gorrinho vermelho, chamado de pileo na Roma antiga, onde era dado aos escravos libertos. Como fizera Monteiro Lobato na década de 50, quando promoveu um inquérito sobre o Saci em contraposição aos gnomos, a SOSACI elegeu o 31 de Outubro como o Dia do Saci e seus Amigos, em resistência cultural à invasão da indústria cultural estrangeira, notadamente o raloim. Reconhecido por lei (aprovado pelo Legislativo e sancionado pelo Executivo), 31 de Outubro já é o Dia do Saci e seus Amigos no Estado de São Paulo, em São Paulo (capital), São Luiz do Paraitinga (SP), São José do Rio Preto (SP), Guaratinguetá (SP), Vitória (ES), Fortaleza (CE) e Uberaba (MG).

Atenciosamente

Robson Fagundes Moreira da Silva

Presidente da SOSACI – Sociedade dos Observadores de Saci, São Paulo, SP’

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Jornalista