Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O avião e a corrida pela audiência

Fiquei estarrecido com a irresponsabilidade do jornalismo da Rede Record de televisão ao anunciar que o caso do incêndio ocorrido na terça-feira (20/5) em São Paulo se tratava da queda de um avião, inclusive citando especificamente o nome da companhia aérea. Na ânsia de ser o primeiro canal a dar a notícia, nem ao menos checaram se a notícia era verdadeira, não pensaram em nenhum momento nas pessoas que poderia ter um parente dentro de um avião da Pantanal naquele momento. A irresponsabilidade do jornalismo da Rede Record poderia ter causado mortes (reais) por causa dessa notícia. Esse canal de televisão, com a sua ânsia de chegar ao primeiro lugar em audiência a qualquer custo, vem sistematicamente desrespeitando o princípio claro que rege o comportamento da imprensa, que é ser fonte de informação verdadeira e confiável. Não precisamos de imprensa que trata casos sérios como esse com leviandade e sensacionalismo. (Genivaldo Amorim, artista plástico, Valinhos, SP)

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Em sua crônica intitulada ‘A morte e os impostos’ publicada no domingo (25/5) em alguns jornais, o senhor João Ubaldo Ribeiro chama o presidente Lula de ‘pelego’, complementando com ‘o maior da história deste país e um dos mais bem-sucedidos do mundo’. No dicionário Aurélio, pelego (além de lã de carneiro), consta como (gíria) o nome dado aos agentes do Ministério do Trabalho disfarçados de trabalhadores e infiltrados nos sindicatos. Daí, conhecendo-se o mínimo das histórias do Lula e do senhor João Ubaldo Ribeiro (que em plena ebulição da revolução de 64 abandonou seu país para desfrutar de uma – merecida – ‘bolsa de estudos’ nos Estados Unidos), há de se perguntar que autoridade moral tem o senhor João Ubaldo Ribeiro para chamar o presidente Lula de ‘pelego’? Que autoridade moral para chamar o presidente de ‘pelego’ tem quem nunca se manifestou contra a ditadura do seu país? Que autoridade moral para dizer que o presidente é ‘um dos pelegos mais bem-sucedidos do mundo’, quem conseguiu trocar a provinciana e carente Itaparica pelo metro quadrado mais caro do Brasil, o Leblon? A soberba doentia do senhor João Ubaldo Ribeiro nem Freud explica. (Renato Fernando Benzano, aposentado, Salvador, BA)

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‘Pensamentos de um correria’ vai parar na delegacia. O escritor Férrez está sendo processado, pasmem! Motivo: escreveu! Isso mesmo! O cara escreveu um artigo na Folha de São Paulo: Pensamentos de um correria. A mídia conservadora caiu de pau, acusando-o de apologia ao crime e agora a 77º Delegacia de Polícia de Santa Cecília encampou tal pensamento e resolveu abrir inquérito para apurar o ‘delito’. Penso que o OI não pode deixar passar isso em brancas nuvens. (Antonio Carlos da Silva, professor, São Paulo, SP)

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A educação a partir de tenra idade é o ponto de partida. A mídia é do capital, está a serviço dos que buscam o lucro e o poder. É claro que nós, seres humanos, sem o meio ambiente somos aquilo que mais se aproxima do conceito do NADA. Então, fazendo uma reflexão sob o prisma da dialética hegeliana, podemos concluir que a síntese do movimento dialético entre o capital e o meio ambiente é o NADA. Vejo, no entanto, como importantíssima a crítica imanente que o Observatório faz da mídia. (João Capistrano Filho, professor, Fortaleza, CE)

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Para refletir. Há alguns meses fomos bombardeados com extensas, catastrofistas e repetitivas matérias sobre o apagão aéreo. Uma das entrevistas marcantes, para mim, foi a de um grupo de jovens que retornavam dos Estados Unidos e foram submetidos a dolorosíssima situação de pernoitar no saguão do aeroporto por falta de conexão para Curitiba. Na última quarta-feira, um trem metropolitano de São Paulo quebrou, como de costume, mas desta vez muito longe de uma estação, obrigando trabalhadores, idosos, doentes, enfim, nosso povo sofrido a uma longa caminhada às margens dos trilhos correndo todo tipo de riscos. Esta é a rotina do permanente. Apagão do transporte coletivo em São Paulo. A repercussão na mídia foi quase inexistente. Não assisti a nenhum comentários indignado, nem sequer um simples comentário a respeito. Hoje pela manhã, constatei que a grande imprensa escrita nada repercutiu. Lamentável. Agora abro a página da OI, como sempre o faço, e vejo um convite para opinar se a imprensa nacional pode ter papel relevante na concientização sobre meio ambiente. Isto me levou à reflexão que expus acima. Infelizmente, é triste constatar que nossa imprensa move-se segundo interesses das elites. A voz do dono é o dono da voz. Espero que em breve surjam alternativas. (José Tadeu Genaro, engenheiro, Curitiba, PR)

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Hoje (21/5 – 11h30), estava ouvindo o programa Chamada Geral, da Rádio Gaúcha (do Grupo RBS e filiado à Rede Globo) e ouvi o apresentador Antônio Carlos Macedo tecendo o seguinte comentário (que não está transcrito ipsis literis), referente à proposta de recriação da CPMF: Criticando o deputado gaúcho Henrique Fontana (PT-RS) sobre a proposição de recriação do imposto, sugeriu que o deputado parasse de se preocupar com o seu partido e sim com a população. Disse ainda que o governo deve gastar melhor seu dinheiro, cortando gastos como os dos cartões corporativos, e (eis o que me pareceu extremamente irresponsável) com as televisões públicas, que, segundo o apresentador, gastam uma fortuna e têm uma programação terrível. Ora, eis um comunicador que demonstra não ter o mínimo de formação em comunicação, trançando um paralelo entre um episódio que está sendo investigado sob suspeitas de corrupção e a televisão pública, que garante espaço para a experimentação e para programas sem a pressão mercadológica (pelo menos nos mesmos níveis da televisão comercial). Sem contar a generalização, que ignora programas como o Observatório da Imprensa, Roda Viva e programas dos canais do Legislativo. Escrevo esse e-mail porque sei que o OI preza pela reflexão na imprensa. (Marcel de Aquino Goulart, jornalista, Porto Alegre, RS)

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Sou redatora de Internacional/Nacional do jornal O Tempo, de Belo Horizonte. Gostaria de expor aos senhores as reações negativas recebidas por nosso jornal da comunidade judaica local depois da publicação de uma reportagem de duas páginas sobre a comemoração dos 60 anos de Israel. É possível saber se os outros jornais de grande circulação do país também sofrem com o bombardeio de e-mails que nos acusam, diariamente, de anti-semitas? Nossa repórter entrevistou vários especialistas, que abordaram a data desde o ponto de vista político e não religioso. Inclusive, a maioria era formada por fontes judaicas e não árabes. Me recuso a acreditar que fomos tendenciosos, como os judeus em questão querem que acreditemos. Parece que eles se organizam entre eles para que todos seus compatriotas mandem e-mails à imprensa no mesmo dia. Enfim, todos os anos é a mesma história: os judeus não nos deixam em paz quando publicamos matérias de cunho histórico sobre Israel. Eles se sentem vilipendiados quando não abordamos, por exemplo, o número de mortos durante o Holocausto, ou o quão sofridos eles são por terem sido vítimas do nazismo. Creio que se trata de vaidade, pura vaidade. (Alexandra Martins, jornalista, Belo Horizonte, MG)