Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O futuro é deixar o público criar conteúdo

O jornalismo móvel, conhecido em inglês como “mojo” (de mobile journalism) já não tem mais a ver apenas com divulgar notícias e imagens por meio de aplicativos, para que as pessoas possam acessar esse conteúdo de qualquer lugar. A estratégia agora é envolver o público com apps simples e criar ferramentas para os usuários possam produzir e compartilhar suas próprias histórias.

Esses foram temas discutidos durante o segundo dia do Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ, na sigla em inglês), no painel “Tendências móveis: desafios e oportunidades para os jornalistas na revolução móvel”.

Para Ivo Burum, o jornalismo ruma para a web TV, com as pessoas usando seus aparatos para contar suas próprias histórias. Seu inovador projeto NT Mojos Project, em zonas rurais da Austrália, mostra como o público pode produzir e editar suas próprias histórias usando ferramentas simples e mínima capacitação técnica. Ao passar o controle para o público, o jornalismo móvel pode se diversificar e se transformar em uma plataforma poderosa. 

Chris Courtney, gerente de produtos móveis do Chicago Tribune, disse que certos aplicativos erram justamente por se apresentarem como “à prova de erros” antes do lançamento, mas por permitirem pouca interação com o público durante o processo de desenvolvimento. Os aplicativos deveriam prever a interação com o público desde a sua primeira fase. Um dos exemplos citados foi o app para turistas que visitam a Calçada da Fama, em Los Angeles, que tem muito conteúdo, mas não foca em nenhum público específico. “O erro é que não entendemos para quem estamos criando esses aplicativos”, disse Courtney. 

Novas habilidades

David Ho, do Wall Street Journal, destacou que a edição para tablets do jornal combina o melhor da versão impressa com a tecnologia digital. Ele disse que é preciso estar atento ao que os usuários dizem. Ao dizer que o “mouse morreu”, orientou a evitar palavras para computadores como “clique aqui”.

Joey Marburger, do Washington Post, explicou como a máquina do tempo Tardis, da série de TV Doctor Who, é um exemplo de como os aparatos móveis conectam as pessoas ao resto do mundo. Marburger disse ainda que os aplicativos devem ser simples. Se o público não estiver satisfeito com a simplicidade e a velocidade do app, não voltará a usá-lo. 

A professora da Universidade Estadual Bowie Allissa Richardson falou dos cinco “Cs” (em inglês) do jornalismo móvel: opção, conversa, curadoria, criação e colaboração. Citando seu trabalho com grupos de jovens em países como África do Sul e Marrocos, Richardson explicou que as ferramentas móveis ampliam as oportunidades para as gerações mais jovens colaborarem nas histórias independentemente de sua localização do mundo. Novas habilidades ligadas ao jornalismo móvel devem ser contempladas no ensino da profissão, acrescentou. “Não se deve perder o respeito pelas nossas origens, mas as coisas mudaram”,disse. Veja o Storify desse painel aqui.

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Daniel Guerra, do blog Jornalismo nas Américas