Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

O jornalista e o rádio

Os jornalistas precisam urgentemente mudar suas concepções acerca do rádio, pois o sentimento que muitos passam é de que não precisam deste meio de comunicação porque este já seria ultrapassado e desprovido da mesma importância de outros meios – como a televisão e jornal, por exemplo. Parece que a maioria dos jornalistas se afasta do rádio e prefere desenvolver seu trabalho exclusivamente em outros meios de comunicação teoricamente mais modernos e de maior apelo midiático e profissional. O rádio passa a ser um instrumento apenas para aqueles que não têm a formação do jornalista, ou que está ultrapassado e fora do circuito da ordem mundial.

Alguns jornalistas não têm o costume de ouvir rádio e sequer se preocupam com as mensagens que saem das ondas sonoras. Procuram não se engajar na luta pela valorização deste meio de comunicação que sempre foi, no correr dos tempos, de grande importância política, econômica, social e cultural – o que se mantém até hoje através da mensagem imediata e da comunicação rápida e mais interativa.

Exercício democrático

A maioria dos cursos de comunicação despreza o rádio como meio de comunicação chegando ao absurdo de os próprios professores de radiojornalismo afirmarem não ouvir rádio nem se interessar pelo que se passa neste meio de comunicação de importância vital para as relações sociais. Parece que esta omissão em relação ao rádio tem uma causa econômica, pois ganhar dinheiro no rádio é mais difícil, uma vez que os concessionários das rádios não têm uma política de valorização de seus profissionais e as entidades de defesa dos profissionais de rádio pouco têem feito para valorizar a profissão de radialista.

É urgente que haja uma nova forma de ver o rádio por parte dos jornalistas, pois este meio ainda mobiliza um grande número de pessoas que forma um público fiel que merece respeito e consideração, e que já se organizam em busca da valorização dos que fazem o rádio e dos que dele precisam. É de bom alvitre que os jornalistas não esqueçam que suas mensagens são ouvidas nos rádios e que as notícias de jornais, internet e agências de notícias são levadas ao rádio e discutidas pela população.

Os cursos de jornalismo precisam deixar de fazer da cadeira de rádio apenas uma experiência vaga e sem nenhuma prática, pois muitos que cursam esta disciplina sequer se interessam pela história do rádio e pela valorização de seus profissionais.

A comunicação é ampla e todo meio que faz com que o povo se relacione e possa se expressar deve ser valorizado num exercício democrático num processo pleno de construção do conhecimento.

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Presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará