Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Os ideais iluministas

De tantos assuntos atuais, somos obrigados, aqui no Observatório de Imprensa, a nos voltar seguidamente ao passado por vozes distorcidas que querem recontar novas versões e novas virtudes que não tiveram na época. Estranhamente nada a ter com o alegado objetivo do nosso portal, a mídia e a critica dela no seu continuo aperfeiçoamento humanista. Não a supressão da liberdade, mas a ampliação dela.

Logo em seguida ao 11 de setembro, enquanto os EUA chocados pediam união contra os atos terroristas a que tinham acabado de ser vítimas, Tarso Genro, figura de ponta do petismo gaúcho, prefeito de Porto Alegre, e sua filha, radical de esquerda, Luciana Genro, escreveram matérias no Zero Hora contra os Estados Unidos, lembrando, pela visão deles, que este país não representava os ideais iluministas. E que era uma merecida conseqüência por seus atos ‘pecaminosos’. Decerto viam na luta do terrorismo islâmico, que diariamente assombra o mundo com seu avanço em todo o globo, uma oportunidade para a esquerda vir a prosperar novamente findo o desastre global que a esquerda, na qual sempre militou, sofrera com a queda do Muro de Berlim.

Farc, Fidel e Chávez

Desinformados ou desinteressados na realidade histórica, na interpretação objetiva dos fatos, esqueciam que este mesmo fundamentalista estava no Afeganistão que apressou a derrubada da ex-URSS. Que estavam na Chechênia nesta mesma luta. Que destruíra a unidade na Iugoslávia com a guerra suja entre a Sérvia e a Bósnia, com seus campos de extermínio de bósnios, apoiados pela Rússia. Todos locais em que assistimos os métodos dos ideais comunistas enfrentando o terrorismo islâmico que iniciava a sua ação mais ampla. Estavam na Somália, onde o islamismo destruiu completamente o país, no Sudão, de onde praticaram atentados e onde os cristãos sofrem perseguições e destruição. Estão na Nigéria. Foram a causa da separação da Índia em dois países, nascendo o Paquistão pela constante violência islâmica.

Tão preocupantes e atuais riscos para a humanidade têm sido desviados pelo Partido dos Trabalhadores, formado por muito dos derrotados de 64, que levantaram a bandeira para reescrever a luta armada dos anos de chumbo. Inclui-se nas nossas atuais preocupações a corrupção e a desmoralização dos nossos órgãos de combate ao crime e ao dilapidar dos cofres públicos. Onde o partido do presidente, que alega, com a maior cara de pau, que não sabia da corrupção que cercava o seu governo, o seu partido, o que se passava na sala ao lado, com o seu chefe da Casa Civil, José Dirceu, o que fazia o tesoureiro indicado por ele e o presidente do seu partido, José Genoíno, envolvidos em grossas maracutaias. Estes dois, terroristas presos na luta armada. Partido que deveria ter sido refundado eticamente, no dizer de Tarso Genro, mas que foi prontamente descartado de fazer pelo núcleo paulista da qual faziam parte justamente José Dirceu e José Genoíno, pois era isto mesmo o fundamento do partido, na confissão escatológica de Paulo Betti.

Partido que foi criado por simpatizante dos países totalitários com o qual tiveram íntimas relações fraternas e que, após a derrocada da maioria deles, ainda mantém laços de amizades com os que sobraram. Enquanto nos países da Cortina de Ferro se comemorava a queda, a volta da liberdade, em Porto Alegre o PT comemorava anacronicamente a vitória do comunismo na Rússia em 1917. Sabiam mais do que os cidadãos russos o que era bom para eles. As Farc, a Cuba de Fidel Castro, nunca mais democratizada, como Hugo Chávez, belicista e boquirroto que se alia ao Irã.

O ‘tribunal revolucionário’

Mas o que tem este assunto a ver com o Observatório de Imprensa? Muito mais do que os artigos do Celso Lungaretti ‘LEITURAS DA FOLHA O direito de resposta: kafkiano’, em 11/11/2008 (http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?msg=ok&cod=511IMQ003&#c ). Onde aproveitei para fazer um paralelo em: ‘IMPRENSA & POLÍTICA Sobre a mídia kafkiana e os terroristas’, em 18/11/2008 (http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=512MOS001 ). Mas apareceu um artigo espantoso para o tema proposto pelo OI: ‘MÍDIA & TORTURA Aos interessados em defender a ditadura’, por Fábio de Oliveira Ribeiro em 18/11/2008, advogado, Osasco, SP (http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=512FDS002) em que o autor lança um desafio para um duelo no OI. Queixa-se que aos três anos várias vezes sua ‘casa foi invadida várias vezes a pontapés pelos gorilas da ditadura. Até hoje, o Exército golpista não me pediu desculpas. Nenhum militar foi punido.’ Bom, mas esta de acordo com o que ocorreu em todos os países comunistas, que não existe pedido de perdão, indenização, anistia e muito menos ocorreu aqui para as vítimas da luta armada. Nenhum terrorista, que se chamam a si mesmo de guerrilheiros, fizeram isto. Como o exemplo a seguir que não se arrepende.

É uma resposta pessoal num artigo de autopromoção: ‘ANOS DE CHUMBO Réplica a um artigo sobre a luta armada’, por Carlos Eugênio Paz, escritor, Rio de Janeiro, RJ, em 25/11/2008 (http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?msg=ok&cod=513CID004&#c ). Carlos Eugênio Paz não torturou, é claro, preferiu matá-lo, ‘com muita honra e orgulho’. (http://www.ternuma.com.br/aln.htm ) Eles acham isto mais humano. Mais de acordo com os ideais iluministas, na visão doentia deles, é claro. Assim como fez Diógenes José Carvalho de Oliveira, o tesoureiro do PT gaúcho do famigerado Clube da Cidadania que lavava dinheiro, em 12 de outubro de 1968, participou do grupo de execução que assassinou o capitão Chandler, do exército dos EUA, bolsista de sociologia. Foi Diógenes quem se aproximou do capitão – que retirava seu carro da garagem, na frente da mulher e filhos – e nele descarregou os seis tiros de seu revólver Taurus calibre 38. Nunca pediram desculpa para as famílias ou indenizaram as mesmas pelos seus atos terroristas. Carlos Lamarca, Fujimore e Sobrosa afastaram-se e formaram o ‘tribunal revolucionário’. Decidiram que o tenente Alberto Mendes Júnior, que se entregara em troca da libertação de seus comandados, seria ‘justiçado’. (http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=5078&cat=Ensaios&vinda=S )

Compromisso histórico

Dada a sentença, os três retornaram. Acercando-se por trás do oficial, Yoshitame Fujimore desfechou-lhe violentos golpes na cabeça, com a coronha do seu fuzil. Caído e com a base do crânio partida, o oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo gemia e contorcia-se em dores. Foi quando Diógenes Sobrosa de Souza desferiu-lhe outros golpes na cabeça, esfacelando-a. Apenas três exemplos de muito mais. Quando questionado o terrorismo internacional daquela época respondiam sem vacilar: não existem inocentes.

Nesta última discussão, um comentarista, simpatizante da versão da esquerda de que existiu uma luta armada em prol da democratização do país, quando na verdade foi justamente o contrário, uma luta dos milicos reacionários da ditadura contra o pior dos seus sonhos (que ocorreu em vários estados latino-americanos pelo comunismo internacional), a ação terrorista dentro do nosso território. E o mesmo como argumento postou uma visão do PT muito particular, muito pessoal do partido:

‘É preciso ficar claro que, antes de tudo, quando utilizamos a expressão ‘ultradireita’ é por que entendemos que a tortura, bem como a conivência com sua prática, é atributo da ultradireita. E não venham os ultradireitistas envergonhados (ou mais desavergonhados que aqueles que se assumem enquanto tais, e dos quais se fazem porta-vozes) com exemplos internacionais e outras tergiversações e hipóteses em contrário, do tipo (tão na moda) ‘a esquerda queria substituir uma ditadura por outra’, ou ‘nos países socialistas e comunistas…’

O fato concreto é que, em nosso país, a tortura foi e continua a ser um instrumento do capital para a contenção social e para a eliminação de seus adversários políticos. Desde o modo de produção que aqui se implantou com a escravidão de índios e negros. A nossa esquerda (comunistas, socialistas de todos os matizes, etc.) jamais torturou. Sequer prisioneiros de guerra (militares ou civis) que teve em seu poder. É deste país concreto que tratamos. E quando afirmamos que a tortura, atributo da ultra-direita, é um crime inafiançável e imprescritível, implica nosso compromisso histórico de jamais nos utilizarmos desses métodos e de lutarmos para que ele seja banido de uma vez para sempre das relações entre os homens.’

Bíblia messiânica

‘Infelizmente, porém, apesar da longa batalha que vêm travando as entidades de defesa dos Direitos Humanos, e dos esforços dos atuais ministros da Justiça, Tarso Genro, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi – com o apoio inequívoco da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff –, e da sensibilidade da maioria das organizações e movimentos de trabalhadores e do povo frente a essa questão, parece ainda ser longo o caminho a ser percorrido.’ ‘Além de enquistada em diversos pontos do aparelho de Estado e órgãos do governo (dos três Poderes e em todas as esferas), a ultra-direita (como é a regra em nossa História) tem na grande mídia comercial, outro dos seus mais fortes bastiões nessa conspiração.

A desabrida e vergonhosa campanha desencadeada por essa mídia em defesa dos torturadores e da tortura é de fazer corar …’ Brasil De Fato, edição 299 SP. 17.11.2008 (http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/analise/a-tortura-define-hoje-a-polarizacao-da-disputa-de-2010 ). O grifo é nosso.

Então, voltando, o que tem a ver estes artigos sobre o OI? Não existe possibilidade de um órgão de crítica de imprensa defender a censura da imprensa. E pessoas que lutaram por este objetivo, e lutam até hoje acabar com ela, pois a vê como desfavorável, devem ser criticados e não apoiados. Por muito menos Siegfried Ellwanger Castan, que nunca sujou as mãos, apenas a boca, foi calado pela mídia e pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

Pode se discutir realmente se as idéias iluministas estão representadas na sociedade americana. Liberdades civis, liberdade de pensamente e de crença, liberdade de ir e vir, liberdade de expressão, liberdade de imprensa, de organização, de empreender individualmente, coletivamente, associativamente, cooperativamente, direito a advogado, direito de apelação, de não ser preso sem acusação, etc.. Mas estes nunca foram objetivos dos comunistas (que envergonhados passaram a se chamar partido dos trabalhadores ou socialistas). O comunismo é um dogma de fé que troca estes valores pela de subsistência e da mediocridade apenas. Todas as outras garantias são completamente retiradas em nome destas. Eis alguns excertos da bíblia messiânica:

É tempo de os comunistas exporem, à face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas tendências, opondo um manifesto do próprio partido à lenda do espectro do comunismo.

É a abolição de semelhante estado de coisas que a burguesia verbera como a abolição da individualidade e da liberdade. E com razão. Porque se trata efetivamente de abolir a individualidade burguesa, a independência burguesa, a liberdade burguesa.

Fonte de degradação ‘moral’

Em resumo, acusai-nos de querer abolir vossa propriedade. De fato, é isso que queremos.

Abolição da família. Até os mais radicais ficam indignados diante desse desígnio infame dos comunistas. Sobre que fundamento repousa a família atual, a família burguesa? No capital, no ganho individual.

Acusai-nos de querer abolir a exploração das crianças por seu próprios pais? Confessamos este crime. Dizeis também que destruímos os vínculos mais íntimos, substituindo a educação doméstica pela educação social.

O proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco todo capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante e para aumentar, o mais rapidamente possível, o total das forças produtivas.

(Marx, Karl e Engels, Friedrich, Manifesto do Partido Comunista – 1848) (http://www.culturabrasil.pro.br/manifestocomunista.htm )

Nada de novo nestes 160 anos de pregação do fundamentalismo socialista, tanto nacionalistas quanto internacionalistas. Uma sociedade de direitos individuais suprimidos totalmente. E entre eles, a liberdade de imprensa, que se contrapõem fundamentalmente contra a abolição de todas as outras. Isto sim é que é crime de lesa humanidade e não a tortura. Foi esta lesão que permitiu aos estados socialistas dos dois tipos eliminarem os partidos não alinhados. A criação do partido único. A suprimir direitos fundamentais, a criar prisões onde se torturava, matavam, e sumiam pessoas.

Mas a mídia oficial se cala, é conivente, é uma mera agência de propaganda em nome da dominação. Os ideais petistas são incompatíveis em essência com os ideais iluministas, que são essencialmente burgueses. Assim como militantes islâmicos carregam cartazes nas suas manifestações na Europa de ‘ao inferno a liberdade’ em nome de seus mais altos valores religiosos, a esquerda fez e faz o mesmo, negando este valor, acusando o mesmo como prejudicial, com fruto da dominação, fonte da degradação ‘moral’, enfraquecedor dos virtuosos fazendo-os vacilar.

Ameaças hipotéticas

Para tanto, logo em 1917, a revolução bolchevique mostrou para que viera. E todos os crimes imaginados para que ela desse certo foram realizados contra os famigerados e desprezíveis ‘ideais iluministas’, os ideais burgueses, que os comunistas travestidos agora querem se fazer de defensores e herdeiros. Aqueles que assumiram a luta armada para impor ao nosso país, e que agora envergonhadamente querem que isto não venha a público novamente, queriam impor a nossa sociedade. ‘O que quer o jornalista Augusto Nunes’, cobra o patrulheiro Carlos Eugênio Paz. Uma liberdade e uma democracia que nunca na sua história prezaram onde tiveram a maioria, onde conquistaram o poder, mormente pela força terrorista de uma minoria armada.

Unidos os dois socialismos em 1939 contra o liberalismo, o poder do capital, a liberdade e a pluralidade, produziram a Segunda Guerra Mundial. Depois de traído, e ajudado pelos seus inimigos a se safar, os comunistas soviéticos assim que ‘libertaram’ as nações do Eixo, anexou as mesmas impondo a força o novo credo com todo o seu horror de sempre, e todo o esplender de aniquilação. Estónia, Letônia, Lituânia, Polônia, Ucrânia, Romênia, Alemanha Oriental, Finlândia, Tchecoslováquia, Bulgária, Albânia… Estes que aqui negam agora os seus ideais e sua história: Tarso Genro, Paulo Vannuchi, Dilma Rousseff, José Genoíno, José Dirceu…

Tanto o socialismo nacionalista como o internacionalista suprimiu as liberdades individuais colocando acima de tudo os interesses de Estado. Acabou a liberdade de organização, manifestação, de pensamento, de expressão, de imprensa e crença. Judeus eliminados na Alemanha, e religiosos, rabinos, padres, aiatolás queimados na incipiente URSS. Igrejas, sinagogas e mesquitas queimadas, relíquias destruídas, comunidades deslocadas e presas em nome da nova fé. Da nova forma obrigada a passar humanidade viver, pensar, comer, se divertir. Sem escolha. Tudo controlado. Tudo racionado. O que podia e o que não se podia pensar, gostar, sentir. Nenhuma forma de produção, artística, de pensamento que não fosse aceita pelos ideais messiânicos do coletivismo embrutecedor e da anulação do homem era permitido. Suprimiam os vacilantes, os levemente divergentes, as ameaças hipotéticas.

Fé fundamentalista

Enquanto nos EUA e na Europa livre persistiam os vários tipos de organizações de produção, onde até as comunidades amish (existem outras com pequenas diferenças) vivem do trabalho coletivista voluntário e pacifista há séculos, no mundo vermelho toda atividade independente era inibida completamente. Eram perseguidas e eram destruídos e destruídas. Eram resquícios odiados da burguesia, dos ideais burgueses, da direita. Em uma palavra, os ideais iluministas, que tanto odeiam nos outros, os pecados capitais para nova fé, as características dos conservadores.

Marx chamar de pensamento burguês o argumento do seu adversário nas discussões na Internacional Socialista era sinônimo de arrasar o palestrante, obrigado a sair calado, desmoralizado, permanentemente liquidado aos olhos dos novos devotos, os sectários do novo credo salvador. A nova religião que viria a resgatar a salvação do corpo, pois a alma não existia. Depois de fuzilamentos, torturas, remoção de populações, fome imposta aos povos que vacilavam, expurgos de sangue, envio para a Sibéria, passaram a maior sutilezas, sempre contando com a ausência de imprensa e permissão para organização livre de resistência popular. As internações em sanatórios, campos de trabalho e reeducação, Gulags, ostracismo.

Na China, após os mesmos métodos, se intentou, como na União Soviética, o apagamento da cultura e da memória do povo destruindo, como a Alemanha e na Rússia, livros, lembranças arquitetônicas, religiões e, finalmente, a dantesca a revolução cultural, a inquisição comunista. Onde todos deviam queimar toda a cultura e banir elementos que não comungassem fielmente com a fé fundamentalista. Para isto, o PCC elaborou um livro, O Livro Vermelho, do camarada Mao, uma bíblia para ser decorada, onde as crianças, como no islã decoram o Alcorão, no Ocidente decoram o catecismo, no Judaísmo decoram a Torá, lá eram obrigadas a declamar de cor os seus ‘ensinamentos’.

A luta não acabou

Até hoje na China não existe liberdade, existe tortura, prisão por pensamento, falta de liberdade de organização, imprensa livre. Mas lá não importa para o PT que não existam estes valores. Assim como não se opõem em Cuba, onde foram treinados depois de 64, a ausência de liberdade de organização para os trabalhadores de lá. Lá não importa a prisão dos trabalhadores, a tortura, o exílio. Pois lá, são idéias iluministas não prezados, não necessárias aonde já dominaram. Em uma palavra, ideais burgueses, valores da direita. Lá torturador ganha medalha, pois o faz pela fé certa. Assim como nas Farc, na Coréia do Norte. Que democracia conhecia Fidel para ensinar para os nossos terroristas lá treinados, alegados guerrilheiros que vieram matar aqui? Que liberação da ditadura que nunca aplicou em Cuba? Que democracia sonhou Carlos Prestes e João Amazonas? Tarso Genro, Paulo Vannuchi, Dilma Rousseff, José Genoíno, José Dirceu…? Lamarca e Marighella? Aquela que até hoje não tem lugar na ilha da ração alimentar?

‘A Revolução não tem prazo e nem pressa’; ‘Não pedimos licença a ninguém para praticar atos revolucionários’; e ‘Não devemos ter medo de errar. É preferível errar fazendo do que nada fazer’, frases, todas, de Carlos Marighella, sectário da doutrina messiânica no Brasil. Não existe guerrilha quando o objetivo não é devolver a liberdade. Mas sim impor um novo credo único que suprime todos os direitos aos povos. Um dogma de fé imposto à força de botas e baionetas, no crê ou morre.

Os que reclamam da falta de apoio da imprensa aqui, da falta de direito de impor a sua versão falsa, não reclamam da ausência dela lá! Aqui querem que a sua distorção dos fatos seja a versão oficial da mesma. Lá não precisa deste incômodo para a sociedade, que pode a vir tirá-los do caminho da virtude, da ignorância bendita! Vão lá abraçar o velho ditador como bons amigos e consultá-lo, beijar a mão, o comandante, como um aiatolá doutrinário, velho e experiente, para dar conselhos. O bem sucedido terrorista de 59.

Que liberdade o OI espera depois dela acabar? Que indenização espera que obterá? Que pedido de desculpas para quem sobreviver obterá se aceitamos a mentira sem retrucar?

A luta não acabou. Homens de fé não se preocupam com a humanidade dos outros: ‘Estou cagando (perdoem-me a palavra chula, mas é que às vezes só assim expressamos nossos sentimentos) para a humanidade dele.’ Carlos Eugênio Paz

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Médico, Porto Alegre, RS