Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pedofilia não é somente ‘um problema’

A revista Ciência Hoje de outubro traz como matéria de capa a reportagem ‘Pedofilia: imposição de um desejo único’. Segundo o texto, ‘pedofilia seria um problema de cunho psicológico originário de um trauma ou de pressões culturais que levam a pessoa a procurar uma forma de gozo exclusivamente focada em crianças. […] aqueles que procuram as mais jovens as veem como objetos fracos e totalmente dominados, sobre os quais podem exercer seu poder’. Depois, uma entrevistada pergunta: ‘Como impedir que jovens rapazes e moças façam sexo com pessoas mais velhas se tudo é permitido?’ Sexo não é mais assunto moral, mas de saúde. Pedofilia deve ser combatida por ser doentia, e não por ser moralmente incorreta (ou mesmo pecado).

O texto prossegue: ‘A popularização da internet nos anos 1990 fornece um novo espaço para que os pedófilos exerçam seus desejos. Um fenômeno que ganha fôlego com a rede mundial de computadores é o do ativismo pró-pedofilia, por meio do qual se defende a descriminalização da prática, a revogação de sua classificação como patologia e a diminuição ou mesmo abolição da idade do consentimento. `Eles se descrevem não como estupradores, mas sim, como amantes de crianças ou de meninos e defensores dos direitos sexuais deles. Dizem defender apenas o `sexo consentido´, sem coerção ou violência, apropriando-se da lógica do discurso politicamente correto sobre a sexualidade. No entanto, ignoram a noção dominante de que crianças são incapazes de consentimento sexual´, conta a antropóloga Laura Lowenkron.’

A matéria expressa uma preocupação válida e justa, mas publicada numa revista declaradamente darwinista, que considera o ensino do criacionismo uma ‘esquizofrenia pedagógica’, me soa um tanto irônico…

Que homem é a medida de todas as coisas?

Outra matéria dessa edição de Ciência Hoje trata da descoberta de novo ‘hominídeo’ fóssil, o Australopithecus sediba, ‘possível elo de transição entre os gêneros Australopithecus e Homo’. O texto ainda diz que somos ‘mamíferos primatas’, e que isso resume bem a posição que a espécie humana ocupa na escala zoológica. A matéria admite que ‘o elo entre os humanos e seus parentes vivos mais próximos é uma lacuna do conhecimento sobre a evolução dos antropóides’, mas para a revista, uma coisa é certa: somos mesmo macacos pelados.

Bem, não sei se entre macacos (ou entre os tais ‘hominídeos’) a prática da pedofilia é comum. Mas quem se importa? O que o darwinismo materialista tem a dizer sobre isso? Se ‘aqueles que procuram as mais jovens as veem como objetos fracos e totalmente dominados, sobre os quais podem exercer seu poder’, não estariam com isso apenas cedendo ao imperativo da sobrevivência do mais forte ou mesmo simplesmente garantindo que seus genes sejam mais facilmente espalhados por meio de fêmeas jovens e, portanto, mais saudáveis – além de submissas?

Tenho certeza de que, se não fosse constrangedor, o darwinismo certamente teria uma ‘boa’ explicação para a pedofilia, como tem para o adultério, por exemplo. O que fica estranho é ver naturalistas/darwinistas preocupados com uma questão moral que se impõe simplesmente por uma suposta convenção social.

Se o homem é a medida de todas as coisas, que homem é esse? Hitler ou Madre Tereza? Stalin ou Gandhi? Pinochet ou Jesus? A ética centralizada no ser humano, como proposta por Kant, não funcionou, e pior: trouxe consequências catastróficas para nossa geração.

Pecado, com todas as letras

Um ateu sincero que admite as limitações do ateísmo é o filósofo Kai Nielsen, da Calgary University, no Canadá. Ele escreveu: ‘Não fomos capazes de mostrar que a razão exige o ponto de vista moral, nem que todas as pessoas realmente racionais não deveriam ser individualistas egoístas ou não morais clássicos. A razão não decide aqui. O que pintei para você não é agradável. A reflexão sobre isso me deprime… A razão prática, pura, mesmo com um bom conhecimento dos fatos, não o levará à moralidade’ (‘Why should I be moral?’, American Philosophical Quarterly 21 [1984], p. 90).

Não estou dizendo que ser ateu ou darwinista significa ser depravado. Nada disso. Conheço muitos pessoas de ambos os grupos com um comportamento exemplar quando o assunto é cidadania e filantropia. Não é esse o ponto. O que estou dizendo é que se não existe um padrão (para os teístas, Deus), estupro, assassinato, pedofilia, genocídio e outras atrocidades podem ser explicadas por uma visão relativa da moralidade.

Conforme escreveu C. S. Lewis, ‘num tipo de simplicidade assustadora, removemos o órgão e exigimos a função. Fazemos homens sem peito e esperamos deles virtude e iniciativa. Rimos da verdade e ficamos chocados ao encontrarmos traidores em nosso meio. Castramos e esperamos que o castrado seja reprodutor’ (The Aboliton of Man, p. 35).

Pedofilia é mais do que um ‘problema de saúde’. Pedofilia é pecado, com todas as letras. E é pecado porque existe um código moral estabelecido por Deus e que condena qualquer tipo de violação/agressão ao próximo, especialmente os pequeninos. Jesus é taxativo: ‘Mas se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em Mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar’ (Mateus 18:6).

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Jornalista e editor do blog www.criacionismo.com.br