Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Peritos transportadores

Pauta preciosa à espera do reportariado: dois dos advogados presos com o traficante Nem exerciam funções de direção no Conselho Nacional dos Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil (Conpej).

Peritos, como se sabe, prestam serviços essenciais a juízes nos casos em que se requer conhecimento especializado. Fazem parte da engrenagem da Justiça.

Os peritos do Conpej nem precisariam ter recorrido a peritos para aplicar uma “ficha limpa” na hora de eleger para o comando de sua entidade os advogados André Luiz Soares Cruz (que se fez passar por cônsul honorário da República Democrática do Congo) e Demóstenes Armando Dantas Cruz, pai de André e assessor dele na diretoria jurídica do Conselho.

Ancelmo Gois, que sempre tem informação exclusiva para rechear sua coluna, informou no sábado (19/11) que André Luiz “é cliente antigo da Polícia Civil do Rio. Desde 2000, é alvo de pelo menos cinco inquéritos, acusado de crimes diversos” que o jornalista apresenta em seguida.

O Conpej, entretanto, não sabe de nada, não viu nada: é o que afirma em comunicado.

O blogueiro Ricardo Gama publicou foto de uma solenidade em que aparecem André Luiz (seta da direita) e Demóstenes (esquerda).

Os advogados Demóstenes e Luiz Carlos Cavalcanti Azenha, outro que participava da operação de fuga ou de entrega de Nem à cúpula policial do Estado do Rio − como afirma o subchefe da Polícia Civil, Fernando Veloso −, estão presos, alvo de investigação da Polícia Federal sobre lavagem de dinheiro, segundo o Dia, ou sobre corrupção ativa e favorecimento pessoal, segundo o Extra.

Nenhum repórter está proibido de querer saber mais sobre a entidade e sobre a relação de seus representados com a magistratura.

Se a versão do delegado Fernando Veloso se sustenta, seria conveniente apurar também por que a Polícia Civil contou com a colaboração dos advogados ligados a Nem, numa operação que teria sido frustrada por uma barreira do Batalhão de Choque.