Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Polícia Militar, censura e intimidação

 

Informo que está cada vez mais difícil acompanhar as ações da Polícia Militar do estado de São Paulo. Na noite de 24/01/2012, por volta das 21h, saí da estação de metrô Paraíso e avistei um enquadramento de 12 sujeitos – aparentemente de crianças e adolescentes moradores de rua – por alguns PMs de duas viaturas. Ao registrar o fato com minha câmera, fui abordado pelo sargento Soares, que pediu para ver a foto. Até aí, sem problemas. Porém, começou uma série de perguntas: o que eu era, onde eu morava, onde eu trabalhava, por que estava tirando a foto, se eu não tinha nada melhor para fazer, por que estava ali no Paraíso naquele horário, etc. Todas as perguntas foram respondidas. Mesmo assim me solicitou endereço da minha casa, do meu trabalho e meus documentos. Tudo isso de forma estúpida e intimidadora. Uma outra moça que estava com o celular registrando o ocorrido também foi abordada.

Mesmo com a intimidação, questionei o sargento Soares se eu estava proibido de tirar fotos das ações da PM em locais públicos. Enfim, após o interrogatório e ter tido minha mochila revistada, fui liberado pelo PM. Escrevo apenas para deixar os colegas jornalistas cientes de como a PM do estado de São Paulo vem agindo (Emerson Lisboa, redator web, Osasco, SP)

 

Revolta profissional

Gostaria de expressar o meu repúdio e minha indignação como jornalista profissional e formado em curso superior. Aqui em Petrópolis, com essa nova “liberdade” dada pelo Supremo Tribunal Federal, tudo quanto é gente está se registrando como jornalista no Ministério do Trabalho sem ao menos ter qualquer contato com a profissão. Isso, acredito eu, pode ser prejudicial a nós, que somos formados, assim como aos que não têm diploma mas atuam há anos na imprensa (José Ângelo Almeida, jornalista, Petrópolis, RJ)

 

Egoísta, esperto e sem caráter

Recomendo aos diretores do BBB irem no encalço do Francesco Schettino, comandante do navio naufragado na Itália. Ele tem o perfil adequado para ser um vencedor do programa – “um herói”, como diz Pedro Bial. É egoísta, esperto, dissimulado e sem caráter. Abandonou o navio e mentiu para o oficial da capitania dando a entender que estava coordenando a retirada dos passageiros e tripulantes de dentro do navio, quando estava fora em um bote salva-vidas, para se safar da responsabilidade. A massa que assiste o BBB iria adorá-lo (Jorge Alberto Benitz, engenheiro e administrador de empresas, Porto Alegre, RS)

 

O comentário do apresentador

A afirmação do jornalista Carlos Nascimento sobre o suposto “estupro” que teria ocorrido no BBB e o fato de que a “Luiza já voltou do Canadá” viraram acontecimentos midiáticos relevantes. Para o âncora do Jornal do SBT, “nós já fomos mais inteligentes”. O jornalista Zózimo Tavares matou a charada em relação ao episódio do BBB: o programa, em si mesmo, é um estupro. Não considero, no entanto, que a “Luiza, que está no Canadá” possa ser, de longe, comparado aos BBBs. Há alguns muitos anos, quando nem se pensava em internet, a cidade do Rio de Janeiro teve inúmeros de seus muros pichados com uma frase, que se tornou célebre: “Celacanto provoca terremoto”. A frase, em si mesma, não faz nem fazia nenhum sentido, mas foi justamente isto o que fez com que ela se popularizasse. O caso da Luiza (que já voltou do Canadá), evidentemente é fogo de palha, isto é, não é nada; posso apostar que encontre, daqui a alguns poucos anos, alguém que dele ainda se recorde (a não ser a própria Luiza e sua família). Afirmo isto pela própria natureza volátil das informações que são processadas na rede. Quem conhece um pouco da dramaturgia de Samuel Beckett (1906-1989), autor de Esperando Godot, sabe que faz muito sentido, diante do absurdo da nossa própria existência, o sem sentido. Aliás, o grande poeta matogrossense Manoel de Barros é um exemplo de como se pode extrair beleza de coisas non sense. Ele diz, por exemplo, que “a quinze metros do arco-íris, o sol é cheiroso”. Os nomes próprios, em si mesmos, não fazem nenhum sentido. Acho genial o nome escolhido por uma trupe de comediantes cariocas, “Asdrúbal trouxe o trombone”, e também gosto da alcunha da mais relevante banda piauiense, o Validuaté, assim como acho de um profundo mau gosto os nomes de algumas bandas de forró tipo “Moleca Safada”, “Calcinha Preta” e por aí em diante. Hoje é bom lembrar que um dos nossos maiores ícones do binômio humor/inteligência, Chico Anísio, encontra-se em estado grave, respirando por aparelhos em uma UTI. Bom que ainda temos uma reserva moral na pessoa do humorista João Cláudio Moreno. Disse tudo isto para dizer que o jornalista Carlos Nascimento errou ao colocar no mesmo edredom o BBB e a Luiza que, aliás, já voltou do Canadá. No mais, fiquem com o inteligentíssimo Programa do Ratinho (Joca Oeiras, jornalista, Oeiras, PI)