Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Político descontente processa os maiores jornais do país

O ex-vice-presidente da África do Sul Jacob Zuma abriu 13 processos contra os principais jornais e estações de rádio do país, sob alegação de que a cobertura do recente julgamento que sofreu por acusação de estupro foi difamatória e parcial. Grande parte das ações é voltada a cartunistas e apresentadores radiofônicos que fizeram sátiras das declarações de Zuma. O ex-vice-presidente arrisca prejudicar ainda mais sua reputação ao entrar na justiça contra alguns dos veículos de comunicação mais populares da África do Sul, opina Andrew Meldrum em artigo no Guardian [6/7/06].


A estação de rádio Highveld respondeu ao processo transmitindo novamente a música cômica ‘Eu sou Zuma’, pela qual é acusada de ridicularizar depoimentos do político durante o julgamento. Após a nova piada, os advogados de Zuma rapidamente incluíram a segunda transmissão da canção em suas acusações e aumentaram o valor pedido ao veículo por danos.


O premiado cartunista Jonathan Shapiro é processado por três cartuns usados em veículos da companhia nacional Independent Newspapers. ‘Eu não estou perdendo o sono por causa disso’, afirmou em entrevista ao maior jornal do grupo, Johannesburg Star. ‘Nós temos liberdade de expressão neste país’, completou.


Banho preventivo


Zuma, de 63 anos, foi considerado inocente da acusação de estuprar uma mulher de 31 anos, portadora do vírus HIV. Durante o processo, ele afirmou que teve sexo consensual com a mulher. Entre os comentários de Zuma que levaram a imprensa a ridicularizá-lo estava o de que ele havia tomado banho depois da relação para prevenir a contaminação pelo vírus. Zuma ainda enfrenta um julgamento por corrupção, marcado para começar em 31/7.


Alguns críticos acusam o governo do presidente Thabo Mbeki de insistir nas acusações de estupro e corrupção para evitar que Zuma se torne o próximo presidente da África do Sul. Funcionários governamentais afirmam que estão deixando apenas que a lei siga seu curso.