Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Por uma Hollywood mais pura

Philip Anschutz é um bilionário religioso que tem um projeto ambicioso de promover a moral e os bons costumes na cultura americana. Para conseguir atingir seus objetivos, ele montou um estúdio destinado a produzir filmes sem drogas, sexo ou violência – do tipo que ele afirma que Hollywood negligencia. Seu esforço mais caro será lançado mundialmente no começo de dezembro. O filme As Crônicas de Nárnia: O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, adaptação do livro de C.S. Lewis, custou US$ 150 milhões.

‘Há quatro ou cinco anos eu decidi parar de amaldiçoar as trevas – eu estava reclamando dos filmes há anos – e em vez disto, entrar no mercado cinematográfico’, afirmou o bilionário em um discurso no ano passado. Anschutz alega que, dos 50 filmes mais lucrativos de todos os tempos, apenas cinco são classificados para adultos. Nos últimos cinco anos, no entanto, Hollywood realizou apenas 389 filmes com censura livre entre 2.146 produções.

Aos 66 anos, Anschutz é um republicano do Colorado que nunca dá entrevistas. Ele começou a fazer sua fortuna com refinarias de petróleo, depois comprou ferrovias, colocou cabos de fibra ótica ao longo das linhas e construiu a Qwest, companhia pública de telecomunicações. Produzir filmes está entre seus interesses pessoais, assim como vários times esportivos, estádios e a maior cadeia de cinemas dos EUA que possui.

Anschutz já produziu um filme sobre Ray Charles, que recebeu prêmios, e o clássico A volta ao mundo em 80 dias, que lhe custou US$ 100 milhões e foi um fracasso. Com a nova produção, entretanto, o bilionário espera lucrar milhões de dólares, principalmente pelo grande apelo aos cristãos. Como o autor C.S.Lewis escreveu mais seis livros da série Crônicas de Nárnia, é possível produzir uma continuação cinematográfica. Grandes estúdios preferiam ficar longe de filmes religiosos, mas com o sucesso de A Paixão de Cristo, em 2004, temas cristãos estão na moda em Hollywood.

O livro de Lewis descreve a crucificação de Cristo de forma alegórica, através de um leão que morre e retorna à vida. A Disney irá dividir metade dos custos e lucros e fazer o marketing dele. A produtora de Anschutz tem um escritório em Boston que tenta convencer professores a usar seus filmes em salas de aula. A estratégia educativa do bilionário tem impressionado Hollywood, que considera uma maneira inteligente de fazer com que as crianças peçam aos pais para comprarem seus produtos. O plano de Anschutz é expandir suas produções para o Reino Unido.

Jornais gratuitos

Um dos mais recentes investimentos do empresário na mídia é no ramo de jornais gratuitos. Após lançar o San Francisco Examiner em 2004, Anschutz criou uma edição em Washington e hoje atinge 60 cidades americanas. O diferencial de seus jornais é que são distribuídos em residências de alto poder aquisitivo. Informações da Economist [24/11/05].