Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Presente de grego latino-americano

Tanto a mídia nacional como a estrangeira fartaram-se ante a oportunidade de tecer volumosas e substanciais interpretações acerca do inusitado fato vivenciado pelo presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, e o da Venezuela, Hugo Chávez, na reunião da Cúpula das Américas: este último fez questão de ‘presentear’, pessoalmente, aquele com um livro cujo conteúdo discorria sobre a história político-administrativa da América Latina, deixando entrever aos mais atentos que as agressões do irreverente venezuelano não se restringem tão somente a palavras, mas também a atos disfarçados de bravata.

Até então, nada de novo, se o referido presente fosse entregue a qualquer outra autoridade ali constante no evento. A questão, no entanto, se encerra na contextualização abordada no livro em relação à histórica influência norte-americana no continente sul-americano, estabelecendo modelos de condução estatal única e exclusivamente ao inteiro alvedrio dos yankees.

Muitos canais de comunicação – inclusive um de extrema participação na formação de opiniões no âmbito brasileiro – pregavam que se tratava de uma espécie de aproximação, reconciliação das duas nações que atualmente se encontram sob uma inconstância no tocante às suas relações diplomáticas. Se a intenção dos aludidos veículos informativos consta em pôr panos quentes, alienando indiretamente espectadores mais desavisados, parece que o tiro saiu pela culatra. Mais uma vez, as célebres enquetes com leitores dos mais variados níveis de classe social concordaram com a tese exposta em linhas precedentes, qual seja, o alcance dos brios do chefe da nação do Tio Sam, ao invés de uma aproximação propriamente dita.

Pontos de repercussão

O que se infere de toda essa situação é o seguinte: Chávez, não obstante seus espetáculos regados a pompas e paetês, percebeu que pode contar com a forte presença da imprensa para disseminar suas intenções (na verdade, sempre foi assim) com um novo formato, utilizando-se de gestos mais tênues, suscetíveis de causar um grande impacto em seu público-alvo. Ora, é consabido por todos que o passado da evolução histórica da América Latina caracteriza-se em um processo de colonização e inclusão de culturas alienígenas. Assim sendo, como a mídia especializada neste tipo de circunstância requer somente uma brecha para proclamar ideais de reciprocidade e respeito mútuo envolvendo assuntos supranacionais, nada mais natural do que a atitude do falastrão governante venezuelano.

Portanto, em tempos de crise financeira globalizada, a melhor coisa a ser feita é esquecê-la e oferecer presentes aos velhos conhecidos como forma de relembrar os pontos nucleares da repercussão de determinadas políticas adotadas em prol do desenvolvimento sustentável mundial…

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Administrador de empresas, João Pessoa, PB