Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Programa canadense dribla restrição governamental

Em um laboratório na Universidade de Toronto, um time de cientistas políticos, engenheiros de software e hackers-ativistas criaram uma avançada ferramenta para permitir aos internautas evitar a censura governamental na rede. O programa, batizado de Psiphon, será lançado em 01/12.


A crescente repressão de governos ao livre fluxo de informações na internet faz com que internautas de determinados países tenham que recorrer a sofisticados programas para ter acesso a sítios ocidentais e blogs. ‘O problema está crescendo exponencialmente’, avalia Ronald Deibert, diretor do Laboratório Cidadão da Universidade de Toronto e um dos criadores do programa. ‘O que pode ter começado como censura à pornografia e a empresas de mídia ocidentais expandiu para incluir blogs, sítios religiosos, páginas de informações de saúde e muitos outros’.


O programa deve ser baixado por um internauta de um país onde não haja censura para que o computador deste usuário torne-se uma espécie de servidor. Internautas de um país repressor podem acessar este computador através de uma conexão criptografada e utilizá-lo para navegar na rede. Para que a manobra não seja descoberta, o programa apaga o histórico do usuário a cada acesso.


Resgate de um sonho


O software faz parte de um maior esforço para preencher as esperanças iniciais dos ativistas de direitos humanos de que a internet forneceria uma liberdade de expressão jamais vista para aqueles que vivem em países restritos. ‘Os governos militarizaram seus esforços de censura em um grau muito elevado. Estamos tentando reverter isto e restaurar a promessa inicial da internet de acesso e comunicação irrestrita’, promete Deibert.


Quando foi lançado, em 2000, o Laboratório Cidadão, que é uma das quatro instituições da OpenNet Initiative, monitorava ativamente alguns países que censuravam a internet, principalmente a China, Irã e Arábia Saudita. Com o aumento dos filtros governamentais, o laboratório monitora atualmente mais de 40 países.


Os designers do programa dizem que os softwares existentes que burlam a censura são muito complicados para usuários comuns, além de deixar evidências e ser inseguros, tornando mais fácil a detecção e bloqueio pelos censores. ‘Agora teremos potencialmente milhares, dezenas de milhares de proxies (servidores que atuam como intermediários entre um computador e outro servidor) privados quase impossíveis de serem seguidos um por um pelos censores’, afirma Qiang Xiao, diretor do China Internet Project na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Informações de Christopher Mason [The New York Times, 27/11/06].