Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Rádios comunitárias: falsas afirmações?

Venício A. de Lima e Cristiano Aguiar Lopes enquadraram-me no opúsculo
publicado no Observatório da ImprensaRádios
comunitárias: coronelismo eletrônico de novo tipo (1999-2004)
‘ como sendo o
presidente da Associação Cultural e Artística ‘Joaquim Pereira Cruz’ de
Conquista (MG), por ocasião da concessão de Outorga para Funcionamento de
Radiodifusão no ano de 2004.


Vejamos como me qualificaram: ‘Político, candidato a vereador pelo PTN –
Partido Trabalhista Nacional, derrotado no pleito de 2000’. Também que a
Associação tem vínculo político. Na verdade, sou funcionário público, escritor,
cronista e radialista. Nunca fui candidato a nenhum cargo eletivo no sistema
eleitoral brasileiro, nem pelo PTN e muito menos por outra sigla qualquer; da
mesma forma, nunca pertenci ao PTN.


A Associação Cultural e Artística ‘Joaquim Pereira Cruz’ completará dia 29 de
setembro do corrente ano 11 anos de existência. Em nenhuma das quatro diretorias
que a administraram, jamais um político fez parte. Isso, eu afirmo com a maior
convicção. Diante do exposto, exijo que as afirmações inerentes à minha pessoa,
bem como referentes à Associação, sejam revistas e corrigidas em nome da
decência e dos bons costumes. Atenciosamente, Firmino Libório Leal [Conquista,
MG]


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Nota do OI: Os autores Venício A. de Lima e Cristiano Aguiar Lopes
sustentam as informações publicadas. O vínculo encontrado não é com o sr.
Firmino Libório Leal, vice-presidente da entidade, e sim com o seu presidente,
Fabiano Sakr Monte. Segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral e do
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, Fabiano Sakr Monte foi candidato a
vereador no município de Conquista (MG) nas eleições de 2000, pelo PTN.
Concorreu com o número 19.654 e recebeu 19 votos. Clique
aqui
para conhecer o documento com a composição da diretoria da entidade
(fonte: Diário do Senado Federal) e aqui
para a lista de candidatos a vereador no município de Conquista (MG) nas
eleições de 2000 (fonte: TRE de Minas Gerais).


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Já faz alguns meses que acompanho este site, já que como professor de um
curso profissional na área de produção em rádio e TV, os assuntos tratados
interessam a mim e aos meus alunos. No entanto, me preocupa a forma um tanto
hermética dos textos. Parece que não há um interesse em escrever para a maioria
das pessoas. Algumas vezes os alunos, do ensino médio, reclamam desse caráter
fechado dos textos, um tanto dirigidos para pessoas completamente ‘ligadas’ na
situação e de um nível intelectual mais alto.


Talvez seja o caso de repensar um pouco a forma dos artigos, tentando
privilegiar mais explicações – talvez contextualização – aos fatos citados, sem
presumir que eles sejam conhecidos. Além disso, limitar certas imagens e figuras
de linguagem, que acabam deixando os textos um tanto obscuros. Hoje, em um texto
sobre a mídia e a internet, encontrei a seguinte expressão: ‘a internet não
chegou aos padrões da mídia impressa e eletrônica já conhecidos pelos cidadãos’.
E, eu pergunto, quais cidadãos são esses? Decerto que uns 5% da população total
de cidadãos.


Temos que ter cuidado com esse tipo de afirmação, que parece um pouco fora da
nossa realidade e não tem uma base científica muito séria. De qualquer maneira,
o trabalho do site é bem interessante, um dos melhores na internet, mas poderia
ser um pouco mais ‘vulgarizado’ nos textos, no bom sentido de ‘vulgarizar’.
(Carlos Alberto Recacho, professor e jornalista, Curitiba, PR)


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A história é velha, mas a polêmica continua. A opção por divulgar ou não
notícias potencialmente perigosas à vida dos cidadãos é somente da emissora? O
Superior Tribunal de Justiça manteve, semana passada, a execução da condenação
sofrida pela Rede Globo no caso da divulgação do seqüestro de Luiz André
Matarazzo, ocorrido em 2000. Aí vai o link da notícia: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/
engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=84595


(Luciano Juárez Rodrigues, estudante, Porto Alegre, RS)


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Observando a legislação, Lei de Imprensa, Lei de Tóxicos (tráfico de
entorpecentes), Código Penal, fico confuso: não sei se a lei protege a
investigação ou os traficantes. Seguem trechos da Lei de Tóxicos: ‘Art. 17.
Violar de qualquer forma o sigilo de que trata o Art. 26 desta Lei’. ‘Art. 26.
Os registros, documentos ou peças de informação, bem como os autos de prisão em
flagrante e os de inquérito policial para a apuração dos crimes definidos nesta
lei serão mantidos sob sigilo, ressalvadas, para efeito exclusivo de atuação
profissional, as prerrogativas do juiz, do Ministério Público, da autoridade
policial e do advogado na forma da legislação específica.’ Para efeito exclusivo
de atuação profissional, este trecho se aplica ao trabalho dos jornalistas? Ou o
que não se pode divulgar são informações do processo que interferem na
investigação?


Este seria um bom tema para o Observatório, porque os jornalistas do
interior se perdem neste assunto. Fazem lambaça ou não divulgam nada com medo da
lei. Um tipo de censura burocrática que nenhuma autoridade faz questão de
esclarecer. (Paulo Sergio Rodrigues, jornalista, Guaíra, SP)


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É lamentável constatar a decadência geral do jornalismo brasileiro, nas suas
várias áreas. Há timidez e mesmo pobreza nos comentários, nas análises, na
própria informação. O pesar que nos acomete ao acompanhar a cobertura do
tenebroso acidente com o avião da TAM em Congonhas não impede a observação do
comportamento errático da mídia. Afora o besteirol sempre presente nas falações
dos animadores de TV de shows jornalísticos do início da noite, o empobrecimento
da capacidade jornalística de captar a cena emblemática, o momento exato, se
revela em todo o conteúdo online apresentado pela TV e pelos portais da
internet.


Faltou uma foto. As primeiras cenas transmitidas pela TV mostram, no topo do
prédio em chamas, três bandeiras, das quais a do meio era a brasileira. Nas
cenas do final da noite, restavam os fiapos de apenas uma das bandeiras
laterais. Faltou captar a imagem-símbolo da aviação no Brasil. Grandes
fotógrafos do jornalismo brasileiro, homenageados internacionalmente, parecem
ter deixado poucos aprendizes. Nenhum se apresentou no pavoroso acidente da
terça-feira (17/7). Todos os que lá estavam presentes viam apenas fogo e fumaça.
O ajuste fino da profundidade de campo talvez não seja possível em máquinas e
cérebros da atualidade. (Elcio Machado, Assis, SP)


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Já há algum tempo venho percebendo algumas atitudes de jornais e jornalistas,
no que se refere a investimentos em infra-estrutura no país. Mas nenhum deles
mostra com a devida clareza que isso acontece em decorrência dos empréstimos
tomados junto ao FMI. Pois se um país toma empréstimo junto a este órgão ele
fica manietado: todo e qualquer investimento a ser feito no país tem que ser
aprovado pelo Fundo, portanto não é o presidente que não faz o que deve ser
feito, ele é impossibilitado pelas exigências do órgão financiador.


Foi o que aconteceu com Fernando Henrique Cardoso, mas ele teve boa parcela
de culpa pelos estragos feitos no país por ter tido a oportunidade de saldar a
dívida com o Fundo e, ao contrário, preferiu continuar refém do mesmo, levando o
país ao caos pelo sucateamento inclusive das forças armadas. O estrago foi
tamanho que aeroportos, estradas e muitos outros ficaram estagnados pelos oito
anos do governo do PSDB e mais dois aproximadamente do governo Lula. Foi esse o
motivo que levou o atual governo a arrumar um jeito de quitar a dívida para só
então poder investir em infra-estrutura no país. Isto explica o caos aéreo e
muitos outros problemas que fazem parte do nosso dia-a-dia, mas volto a frisar:
nenhum jornal ou jornalista leva este tipo de esclarecimento à população. Pior:
só sabem tentar achar um bode expiatório para o fato.


Será que estes jornalistas ditos especialistas na área econômica não sabem
disso ou omitem para que seja este ou aquele governo culpado dos fatos atuais?
Eu me sinto como que recebendo um ‘atestado de burro’ por parte destes
profissionais, só que eu não sou. Nós temos hoje uma tremenda tragédia que teve
origem em decorrência desses erros, mas isto ninguém fala, é bem aquilo ‘eu sei
e vocês não têm o direito de saber, pois sou especialista’. Não estou tentando
explicar o inexplicável, pois muitas vidas se perderam, mas é uma questão de
justiça e esclarecimento popular, pois enquanto o povo não entender isso ele vai
continuar refém de maus jornais e maus jornalistas. (Gilberto Menegoli de
Almeida
, técnico em informática, Rio de Janeiro)


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A matéria é sobre uma pane elétrica que atingiu os radares do Cindacta-4, que
controla o tráfego aéreo na Amazônia. Com muito cinismo e falta de ética, O
Globo
publicou na primeira página de segunda-feira (23/7) a manchete
‘Aeronáutica investiga sabotagem em radar e controladores negam’, seguida do
subtítulo ‘Reabertura da pista de Congonhas é adiada e novos atrasos são
esperados hoje’, o que se soma à uma foto de familiares das vítimas do acidente
da TAM, chorando, dando a entender que a possível sabotagem teria acontecido com
o avião que se acidentou na terça-feira feira (17/7), causando o maior drama da
história da aviação civil brasileira.


Ler, no subtítulo, que a pista de Congonhas teve a reabertura adiada, reforça
ainda mais que a sabotagem se refere ao acidente. O mesmo Globo que
acusou, dias antes, o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, de
não respeitar a dor das vítimas da tragédia, faz tão ou pior, visto que manipula
a informação, que é pública, e de maneira irresponsável, somente com o intuito
de chamar a atenção dos leitores.


Não pretendo com esta análise defender Marco Aurélio, pelo contrário, acho
que sua atitude é grave e passível, inclusive, de demissão, visto que trata com
descaso os problemas da nação. Não se pode enxergar o acidente como um fato
isolado, mas como um somatório de minidesastres que sucessivamente foram se
acumulando. Aponto aqui para a ação do O Globo, que agiu de má-fé com
seus leitores. (Pedro Boschi, jornalista, Niterói, RJ)


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Em sua edição de 22 de julho de 2007, o Estado de Minas publicou a
reportagem ‘O serviço secreto do Itamaraty’, de autoria de Claudio Dantas
Sequeira. Em seu primeiro parágrafo é encontrada a seguinte afirmação: ‘O
Estado de Minas teve acesso exclusivo ao arquivo secreto do Ciex…’.
Essa mesma reportagem foi publicada pelo Correio Braziliense da mesma
data, com a afirmação: ‘O Correio obteve acesso exclusivo ao arquivo secreto do
Ciex…’. Em qual jornal está a verdade? Não estaríamos diante de um deslize
ético? (Humberto Pires Costa, aposentado, Juiz de Fora, MG)


Nota do OI: Prezado leitor, os dois jornais pertencem ao mesmo
grupo editor e muito freqüentemente publicam conteúdos comuns.

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Funcionário público, Conquista, MG