Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Reality shows causam rebuliço entre árabes

Setores conservadores do mundo árabe estão de cabelo em pé com as versões locais de reality shows dos quais o mundo ocidental já nem quer mais ouvir falar. As autoridades de Bahrein proibiram, após a segunda semana, a continuação das gravações de Big Brother, que era exibido para vários países da região. Apesar das adaptações aos costumes islâmicos, como salas para orações e a regra de que homens e mulheres devem dormir em quartos separados, os mais religiosos não gostaram de ver pessoas solteiras de sexos opostos vivendo na mesma casa.

A MBC, emissora que fazia o programa – e estuda relançá-lo, gravando em outro país – exibia paralelamente o programa matrimonial Al-Hawa Sawa. Este a companhia conseguiu levar até o final, apesar de ouvir críticas durante os três meses que durou. Ainda assim, o resultado não foi o que se previa. A atração consistia no desfile de possíveis noivas diante de homens, em um luxuoso apartamento. Neste sentido, a tradição árabe de casamentos entre pessoas que não se conhecem estava sendo mantida. O problema foi que, no último programa, a argelina que teve união acertada com um egípcio se trancou num dos quartos e começou a gritar que não queria mais saber de casamento. Em janeiro, alguns telespectadores também desconfiaram que três das oito mulheres participantes estavam fumando escondido.

A versão árabe de Star Academy (programa de academia musical que no Brasil ganhou o nome de Fama) também não agradou aos islâmicos conservadores. Um religioso do Kuwait editou uma fatwa classificando a atração de sacrílega, e incitando os fiéis a boicotá-la pela sua ‘sem-vergonhice’ e ‘decadência’. Já o jornal saudita Al-Riyadh foi mais direto: chamou a escola de astros de ‘prostíbulo’. Com informações da AP [2/3/04] e da Reuters [1/3/04].