Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ricardo Valladares

‘Desde que se popularizou, a internet modifica o comportamento de seus usuários – os jovens, principalmente – das formas mais variadas. Agora, uma pesquisa demonstra: o computador caseiro com acesso à rede transformou a maneira como os adolescentes brasileiros se relacionam com a TV. Eles ainda devotam um bom tempo ao hábito de ver televisão, mas ela não tem a mesma importância que teve para seus pais e até seus irmãos mais velhos, quando eram da mesma idade. Realizado pela ONG Midiativa e pelo instituto de pesquisa MultiFocus, o levantamento investigou os hábitos de 400 crianças e 200 adolescentes em relação aos meios de comunicação. O mesmo estudo foi feito no ano passado, e sua segunda rodada corrobora as conclusões sobre o universo infantil: há programas bem-feitos e atraentes para esse público, mas eles não cumprem todas as tarefas consideradas essenciais pelos pais, como reforçar valores e preparar para a vida. As novidades se concentram na pesquisa com os adolescentes, que desta vez foram estudados em maior profundidade.

A pesquisa mostra que há um abismo entre eles e a programação da TV. Perguntou-se aos entrevistados – jovens de 12 a 17 anos de São Paulo e Rio de Janeiro, de todas as classes sociais – o que eles procuram nos meios de comunicação. Dos anseios mencionados – que se agrupam em categorias como busca de informação, busca de diversão, busca de identidade e conexão com o mundo -, a TV preencheu sobretudo aqueles que são considerados ‘menos destacados’. O público encontra nela, principalmente, uma forma de afastar o tédio e se entreter a qualquer hora. Ou seja: a TV é um passatempo. Os jovens oscilam entre a televisão e a internet na busca por informações gerais. Mas itens valorizados, como a possibilidade de opinar e de ‘estar em contato imediato com tudo’, são proporcionados apenas pela rede.

Assim como as crianças, os adolescentes gastam em média quatro horas por dia com a TV. Mas seu comportamento é bem diferente: enquanto os primeiros têm nela uma babá para todas as horas, os segundos usam a televisão como pano de fundo para outras atividades. Ao mesmo tempo em que a deixam ligada, os jovens falam ao telefone, ouvem rádio, conversam. Têm ainda um hábito desafiador para o mercado publicitário: não hesitam em zapear durante as propagandas. A internet, revela o estudo, já ocupa tanto tempo dos jovens quanto a televisão. Só que a ligação deles com o meio é mais estreita – dos bate-papos em serviços como o Messenger e o Orkut aos diários em forma de blogs, grande parte da vida social dos adolescentes passa hoje pela internet.

Quando colocados diante de um cardápio de 100 programas, os adolescentes tiveram preferência por atrações que não são especificamente voltadas para sua faixa etária. Das dezessete citadas, nove são humorísticas. Entre os campeões de popularidade estão A Grande Família e A Diarista, exibidos pela Rede Globo, e o jurássico Chaves, do SBT. A novelinha Malhação é uma rara exceção: os adolescentes gostam de vê-la e se identificam com ela. Mas outros programas ‘jovens’, como o Altas Horas, apresentado por Serginho Groisman, e o Caldeirão do Huck, de Luciano Huck, foram solenemente ignorados. Os dados da Globo, que transmite essas atrações, corroboram os da pesquisa. ‘Os diretores de televisão acreditam que colocar no ar gente que fala gírias baste para se credenciar junto aos adolescentes. Nada mais falso’, diz Beth Carmona, presidente da Midiativa e da TVE do Rio de Janeiro. O estudo, em outras palavras, é um banho de água fria para as emissoras. Elas carecem de programas feitos sob medida para os adolescentes – e, quando os criam, quase sempre erram o alvo.’



Folha de S. Paulo

‘Yahoo! também negocia investir na AOL’, copyright Folha de S. Paulo, 16/10/05

‘A empresa de internet Yahoo! está negociando com a Time Warner a compra de uma participação na America Online, segundo fontes ouvidas pela agência Reuters.

Uma porta-voz do Yahoo! não quis comentar a notícia, dizendo que eram ‘especulações ou rumores’.

Segundo a agência, as discussões ainda estão em um estágio inicial e bem menos avançadas do que as negociações entre a AOL e o Google e a Microsoft. O interesse das duas últimas empresas em ter uma participação na divisão de internet da Time Warner foi noticiada por jornais americanos nas últimas semanas.

O Google estaria pensando em fazer uma parceria com a operadora de televisão a cabo americana Comcast para comprar uma participação na AOL, segundo fontes ouvidas por agências internacionais.

O interesse na AOL vem do fato de ela operar um dos portais mais populares nos EUA.’



BLOGOSFERA
Bruno Parodi

‘Blog: web com rótulo’, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 13/10/05

‘Blog: contração de weblog (web + log). Assunto batido, não? Tentou entendê-lo?

Ao pé da letra, parece apenas uma forma de deixar algo registrado, gravado na web. Apesar da simplicidade do significado, a fama e o burburinho atualmente ao seu redor têm, sim, um sentido: continuar a tal evolução digital. É um passo a mais não só na forma de comunicação online, mas também na tarefa de definir e manter laços sociais na rede. Vai além de gostar ou não. Eles já são mais de 100 milhões existentes no mundo e têm a ver com a atual condição da internet. É questão de ser, de estar.

Numa análise mais simplista, é possível relacionar o blog como o passo seguinte a uma série de ferramentas criadas para publicação e hospedagem de sites. Tais utensílios foram concebidos para quem não sabia HTML – linguagem que sustenta os sites – mas queria ter a sua página. Tudo de modo simples e rápido. Bastavam poucas escolhas sobre tamanho e cor de fonte, cor de fundo e mais um clique para que tudo estivesse publicado lá, no ar para quem quisesse visitar. E nessa mágica da programação, o GeoCities foi o primeiro, há anos. Diz a lenda que o serviço só surgiu porque um grande computador sem uso teria sido encontrado à deriva no canto de uma universidade estrangeira. Acabou servindo, então, de hospedeiro gratuito para sites do mundo todo. Gesto de caridade mesmo.

Pouco tempo depois, o modelo do GeoCities já estava amplamente consolidado. No seu rastro veio uma série de serviços idênticos, oferecendo soluções e espaço para quem quisesse ter sua página pessoal online. E, mais uma vez, a briga entre concorrentes do mesmo segmento foi benéfica ao usuário, fazendo com que as ferramentas disponíveis para produção e edição dos sites – tudo de modo online e através de qualquer navegador – fossem ficando mais e mais sofisticadas.

Apesar de todas as funcionalidades dos sistemas oferecidos até então, ainda faltava algo no mercado que pudesse popularizar ainda mais o acesso à produção de conteúdo para a web. A questão não era nem tecnológica, mas sim de produto, de forma, de proposta. E é justamente nesse capítulo que aparecem os blogs – justiça seja feita: muito em função do Blogger, atualmente uma marca do Google. Sim, ‘aparecem’, pois o uso da web como forma de registrar informações pessoais, ou de qualquer outra conotação, tem datas antiqüíssimas. O segredo do ‘novo blog’ estava na embalagem, novamente na proposta. Qualquer usuário, a partir de então, poderia ter o seu cantinho na web para falar sobre o que quisesse de um modo ainda mais fácil de usar e atualizar.

Recursos simples e banais tiveram considerável importância social para os blogs, como a possibilidade de comentar um conteúdo publicado e a capacidade de dar notas para os mesmos. Com eles as páginas ganharam interatividade, vida, polêmica, participação. Ganharam comunicação. A integração com o RSS, tecnologia que permite que qualquer um seja avisado sobre novidades em um site, também teve a sua parcela nos méritos da adesão aos blogs, ao lado de tantos outros detalhes que renderiam uma enciclopédia.

É bem verdade que os blogs acabaram virando sinônimo de diários pessoais – até porque a maioria deles tem esse objetivo. Mas escrevê-los serve como terapia para a metade dos mais de 600 bloqueiros entrevistados em uma pesquisa encomendada por um provedor norte-americano. É gente de todo tipo a contar como acordou, o que comeu, com quem brigou. Além disso, 31% procuram blogs em momentos de carência e ansiedade, contra 5% que contratam os serviços de psicólogos e especialistas da área. Somente os conselhos de amigos e da família ganham prioridade em relação a ele. Curioso? Não, parece apenas uma fresta do que se vê na vida moderna.

O assunto foi ficando tão sério e complexo que o termo blogosfera apareceu para exprimir o mundo dos blogs. Espécie de ciência própria, que engloba suas características, seu comportamento, suas regras. É uma comunidade com várias outras, menores, no seu interior. Todas interligadas, inteiramente linkadas. Na blogosfera termos novos não faltam. Tecnologias e recursos, também não.

Nesse cenário, incontáveis são os exemplos de endereços que dispõem de qualidade diferenciada e de posicionamento distinto. Não são mais somente diários pessoais. Como reflexo espontâneo do cotidiano, agora eles falam sobre humor, esportes, negócios, mídia, sexo e todo e qualquer tópico inerente ao ser humano. Nesse processo, era questão de tempo para que a indústria que circula em torno da internet mirasse seus olhos neles. Passaram a atrair e fabricar dinheiro. É a prova de que blogs podem ser fontes de conteúdo e entretenimento confiáveis e que merecem o profissionalismo.

Assim como tudo, existem blogs bons e blogs ruins. Podem ser divertidos ou extremamente frios. Interessantes ou patéticos. Quantos sites ‘convencionais’ você já não visitou e deixavam a desejar, ou tinham um tema completamente desprezível? E quantos outros não eram espetaculares? Isto vale para os blogs também. Vale para qualquer coisa.

Muitas vezes uma página que recebia o rótulo de blog perdia a sua seriedade. Seria, então, uma questão de nomenclatura? Se recebesse outro nome poderia ‘ser’ melhor? Ou agora, com o capital procurando os blogs, eles podem ser valorizados e reconhecidos como sérios – aqueles que se propuseram ser sérios?

Tudo isso é a web, nada mais do que uma parte da web, uma forma dela. Fica cada vez com mais cara do mundo desplugado. Não fosse pelos blogs, todo esse conteúdo, todo esse jeito, viria à tona por outro meio, de outra forma. Ou, até, com outro rótulo. E ainda bem que ele está online.’



Folha de S. Paulo

‘Jornalista Josias de Souza estréia hoje blog na Folha Online’, copyright Folha de S. Paulo, 16/10/05

‘O jornalista Josias de Souza, 43, que desde maio de 2000 responde pela coluna dominical ‘No Planalto’, estréia hoje o blog ‘Josias de Souza -Nos Bastidores do Poder’ (www.folha.com.br/blogs/ josiasdesouza), na Folha Online. De agora em diante, a coluna ‘No Planalto’ passará a ser veiculada no próprio blog.

Um blog é um diário online -uma página pessoal na internet que atualiza suas informações com regularidade. O primeiro blog da Folha Online será atualizado várias vezes ao dia, trazendo ao leitor as principais notícias sobre política, economia e gestão pública, complementadas por análises e informações exclusivas. O espaço também acolherá opiniões e críticas dos leitores.

Natural de São Paulo (SP), Josias de Souza mudou-se com seis anos de idade para Brasília, onde estudou jornalismo no Centro de Ensino Unificado de Brasília. Trabalhou no ‘Correio Braziliense’ antes de ingressar na Sucursal de Brasília da Folha em 1985.

Foi repórter e em seguida coordenador de Política da sucursal. Em 1986, aos 24 anos, assumiu a direção da Sucursal de Brasília, atuando nas coberturas sobre o Plano Cruzado, o Congresso constituinte, a eleição e a queda do presidente Fernando Collor, o Plano Real e a eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994.

Nesse último ano, publicou (com Gilberto Dimenstein) ‘A História Real -Trama de uma sucessão’ (Ática), que contava segredos da sucessão presidencial.

De 1996 a 2000 foi secretário de Redação na sede do jornal, em São Paulo. Regressou a Brasília em 2000 e, no ano seguinte, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ‘Os Papéis Secretos do Exército’.’



WEBJORNALISMO
Mario Lima Cavalcanti

‘Nova previsão sobre a morte do impresso’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 11/10/05

‘No dia 30 de junho a Folio Magazine, publicação norte-americana voltada para a indústria de revistas, publicou um artigo de opinião no qual seu editor sênior, Bill Mickey, abordava a predição feita por outro jornalista, Jason Pontin, de que o ‘desaparecimento do impresso iria ocorrer mais cedo do que imaginávamos graças ao ‘jornalismo cidadão’ e a uma plataforma de mídia digital fragmentada cada vez mais crescente’.

Confesso que não imaginava mais ver alguém dizendo isso. Não por agora. Talvez por uma pessoa de fora do ramo. Porém, tal previsão não foi feita por qualquer um e em qualquer lugar: Pontin é editor-chefe da Technology Review – magazine do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) – e o palco de sua afirmação foi a segunda edição da ‘IMAG Magazine Leadership Conference’, evento anual voltado para controladores de revistas norte-americanas e promovido pela MPA (Magazine Publishers of America), que aconteceu em junho, em Atlanta, nos Estados Unidos, na mesma semana em que o artigo de Bill foi publicado na revista Folio.

Segundo Mickey, no evento, Pontin teria afirmado ainda que comercialmente a mídia papel está com os dias contados quando comentou que ‘se existe um futuro no impresso, ele está em declínio como meio suportado por publicidade’. Mais adiante, em outro depoimento polêmico, ele teria alertado que ‘temos [a indústria] que aceitar que as pessoas estão interessadas em nosso conteúdo em uma grande variedade de plataformas. Nós temos que encorajar nossos editores a serem guiados pelo que os leitores querem’. Enfim, a pedra cantada por Jason não esbarra só no meio, mas também no formato, mercadologicamente e comercialmente falando.

É difícil afirmar algo quando a questão é polêmica como essa. Olhando pelo formato atual e pelo leitor doméstico, existem todos aqueles fatos de que uma leitura prolongada em um monitor de vídeo não é confortável e nem benéfica, e que o online nunca vai substituir o papel. Mas não sabemos o dia de amanhã e como agirão fatores como as imposições de mercado que surgirão. No meu caso, por exemplo, apesar de toda o amor que tenho pelo meio online, gosto de publicações impressas, gosto de produção gráfica, faço muitas anotações em papel. Por enquanto, não consigo me imaginar sem papel. E os livros, impressos, sempre me foram úteis e companheiros. Quando encontro um bom e-book, eu o imprimo para ler. E acho que vai continuar assim por um bom tempo. O que costumo dizer é que o digital não é uma evolução do impresso, mas sim uma nova forma de se apresentar informações.

Com tantas imposições de mercado que já surgiram, é capaz de ‘sermos acostumados’ a algo que hoje muitos consideram improvável e, pior que isso, é capaz de ‘sermos acostumados’ a acreditar que dependemos daquilo. Como profissionais de comunicação, acredito que devemos lutar pelo lado lógico, procurando evitar possíveis imposições.

O artigo de Bill Mickey sobre a predição de Jason Pontin pode ser lido na íntegra aqui (textos em inglês). Existem alguns pontos que Pontin abordou no evento como forma de ilustrar sua previsão. Vale uma lida para que cada um tire suas próprias conclusões.

Em tempo, a opinião dos leitores em casos como esse é bem importante. Qual sua opinião sobre a predição de Jason Pontin? O que pensa sobre o futuro do papel? Utilize o formulário abaixo e deixe registrado o seu comentário.’