Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Rio 2016: entre a fiscalização e o pessimismo


Tendo acompanhado essa vitória histórica (para o Brasil) da cidade do Rio de Janeiro sediar os jogos olímpicos de 2016 e, lendo matérias de Washington Araujo e Ricardo Kotscho, é lamentável a postura de alguns órgãos de imprensa e de alguns jornalistas em todo tipo de cobertura e noticiário. Cheguei ler comentários de Juca Kfouri e vi entrevista de Antero Greco sobre a vitória do Rio. Preocupados de quem vai pagar a conta? Quem vai controlar os gastos? Ora! Se faz necessário sim os controles de gastos. O que não se pode conceber é que você tenha que barrar qualquer investimento pela possibilidade de desvios. Isso travaria tudo. As formas transparentes de controle também são um processo de evolução. Tornar um Frei brasileiro Santo, tornar o Cristo Redentor uma das sete maravilhas, sediar os jogos pan-americanos, sediar copa do mundo, sediar olimpíadas, ter sua dívida externa saneada, emprestar dinheiro ao FMI, tirar milhões de brasileiros da linha da miséria, fomentar a economia, dar esperança aos jovens, me parecem sinais claros de transformações, de crescimento, de evolução. O que me leva a concluir que: jornalistas, órgãos de comunicação e jornalista também ficam obsoletos, retrógados, ultrapassados, frustrados e parasitas. Esses, como parceiros de qualquer outra classe, estão fadados ao esquecimento.


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Acho que, além do dever da imprensa de fiscalizar, deveria haver uma permanente fiscalização do Ministério Público (Federal e Estadual), dos Tribunais de Contas (Estadual e da União), de modo a impedir a repetição da farra com o dinheiro público que ocorreu no PAN. (Gustavo Sénéchal de Goffredo, professor universitário, Rio de Janeiro, RJ)


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Esta semana, a imprensa noticiou com pompa e circunstância a nova experiência da NASA: a colisão da sonda LCROSS com a superficie lunar. A notícia me fez lembrar a musica do saudoso Raul Seixas:


‘Gelo em Marte diz a Vicking


Mas no entanto não há galinha no meu quintal.’


Desperdiçar no espaço recursos que poderiam alimentar milhões é uma excelente forma dos americanos dizerem: democracia alimentar só no discurso, nós queremos mesmo é ir embora desta bolinha de lama chamada terra.


As mirabolantes experiências da NASA já não me encantam. Só me sugerem algumas questões:


O que nos faz mais humanos? Cuidar dos outros seres humanos ou deixar de fazer isto para conhecer planetas distantes?


Sou um ser humano mortal, portanto, o futuro do planeta não me diz respeito. Em algumas décadas estarei morto. A situação presente das pessoas à minha volta, por outro lado, me diz respeito porque me afeta diretamente ou indiretamente. Portanto, para mim, cuidar das pessoas é uma prioridade maior do que qualquer pesquisa ou despesa espacial. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)


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Por que a mídia impressa e a digital estão sonegando os números da gripe suína no Brasil? Em 16 de setembro de 2009, somando os mortos por estado, o número já era de 1047 mortos. Por que continuam publicando esse número fajuto do Ministério – o místico 899? (Antonio Mauro Motta, professor, Florianópolis, SC)


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Escorregão feio de Luiz Garcia. No texto ‘Nuestras Mercedes’, em 9 de outubro no Globo, o coleguinha conservador comete um tremendo ato falho. Lá pelas tantas, depois de fazer comparações entre o perfil de resistência política da cantora argentina com cantores brasileiros da época da ditadura, entrega o jogo na ambigüidade de sua pergunta aos leitores jovenzinhos: ‘Meninos, vocês sabiam (…) Que tivemos uma ditadura que, com inteira razão, achava importante, para sua sobrevivência, fechar teatros e prender atores, cantores e músicos?’. Que ele vai se defender alegando X ou Y, não importa. O que vale ali é o seu inconsciente gritando alto, dando inteira razão à ditadura. Ou então quis mesmo fazer valer, descaradamente, a ambiguidade, conforme outra passagem: ‘Embora, vamos reconhecer, as vozes mais parecidas com as de Mercedes por aqui só foram absolutamente necessárias nos velhos tempos do regime militar.’ E a pobre Mercedes tendo de escutar isso tudo calada… Companheiro, arte e resistência são sempre necessárias. A combinação de ambas, então, nem se fala… Textinho infeliz esse do chefinho do Globo. (João Luiz Neves, jornalista, Curitiba, PR)


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Sugiro um artigo sobre a seleção mal feita e tendenciosa de assuntos internacionais nos jornais JB e O Globo. Por exemplo, gastam páginas e páginas sobre eleições presidenciais no Afeganistão. O que é que o leitor de O Globo ou JB pode ter de interesse em eleição no longínquo país, com o qual não temos vínculos econômicos? Tanto faz para nós se A ou B for eleito. Outras notícias são enfocadas do ângulo do governo americano, e não do leitor brasileiro. Qual o perigo para nós se coreanos e iranianos testam mísseis? Os americanos fazem isso há mais de 50 anos, além de russos e chineses. (Ernesto Marra, engenheiro, Rio de Janeiro, RJ)


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Venho observando nos últimos anos que toda a mídia vem priorizando notícias sobre o sistema financeiro em detrimento de informações sobre saúde, educação, transporte, segurança – que são os temas que mais interessam à sociedade. Quando isto não ocorre, pelo menos notícias dirigidas para fomentar o consumo de automóveis, imóveis e bens duráveis são as ‘estrelas’ do dia. O que leva a isso? A mídia como um todo estaria vendida aos empresários? É muito grande o lobby da indústria automobilística junto à imprensa? E os bancos, junto com as empresas que dominam a Bolsa de Valores, também ‘mandam’ na imprensa? Não se fala mais nada sobre a gripe suína, mas a queda do dólar é informada de 5 em 5 minutos. Essa enorme venda da indústria automobilística é festejada por todos os veículos de imprensa, mas ninguém destaca a calamidade que ficará o trânsito nas grandes cidades com esse enorme aumento de veículos nas ruas, além do aumento da poluição. Dificilmente se vê, em primeira página, notícias sobre a falta de leitos nos hospitais ou a ausência de material escolar em salas de aulas. Mas a falta dos veículos ‘flex’ nos revendedores é motivo de notícia destacada na prima página. Se a Bolsa tem queda de 10% num dia, ficam todos preocupadíssimos, mas se o feijão aumenta 30%, nada acontece. Por que essa mídia tendenciosa? (Paulo Tavares, economista aposentado, Aldeia da Serra, SP)


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Existe, segundo comentários no Jornal Nacional do dia 7/10/09, 24% de analfabetos na população adulta no Brasil. O que me chamou a atenção foi o destaque da informação onde afirmam que 16,29% são negros e 6,9% são brancos. Qual o interesse desta informação classificando a cor da pele como diferencial? Sinceramente, espero que eu não tenha entendido, pois acredito que, sendo branco ou preto, somos todos brasileiros, e o analfabetismo é um problema grave. A cor da pele, entretanto, não deveria ser. (Edson Macedo Bello, vendedor, Rio de Janeiro, RJ)

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Corretor de imóveis, Maringá, PR