Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Se beber, não dirija

‘Com a marvada pinga é que eu me atrapaio’ (Ochelsis Laureano e Raul Torres)

Não há nada demais em tomar uma cervejinha com os amigos no momento de folga. Até para um senador da República. O cara é gente como a gente. Todos concordam. Cumprir a lei que não permite dirigir após ter bebido é obrigatório. Até para um senador da República. Infelizmente, alguns legisladores se consideram acima das leis que eles mesmos criam para o ‘povão’.

O senador Aécio Neves pisou feio na bola ao ser abordado pela blitz da Operação Lei Seca a três quarteirões de sua residência no bairro do Leblon (isso mesmo, o ex-governador e senador por Minas Gerais mora no Rio de Janeiro, mas isso já é outro assunto) e ter se recusado a soprar o bafômetro. Além disso, estava com sua CNH vencida. Logo ele, que em recente discurso afirmou que ‘a memória e o conhecimento da própria história são preciosos’, foi traído por sua própria memória e não renovou a carteira de habilitação. Para quem ambiciona ser o líder da oposição e virtual candidato à Presidência da República, definitivamente não foi um bom exemplo.

Pode-se até dizer que ele não tinha bebido, só se negou a fazer o teste. Mas sem ter bebido, quem se negaria a soprar o bafômetro para não ter problemas? Diante da proximidade com a Páscoa, seria acreditar no coelhinho. A grande imprensa retratou o fato, mas de forma branda. Alguns veículos até disseram que ele ‘optou por não fazer o teste do bafômetro’, como se fosse uma simples opção, e não uma recusa diante de uma obrigação.

O direito de beber

No início do primeiro mandato do presidente Lula, quando um correspondente do jornal New York Times afirmou que Lula estaria bebendo demais, o assunto virou preocupação nacional, rendendo piadas por longos anos. E nem dirigindo ele estava. O próprio ex-vice-presidente José Alencar já afirmou gostar de uma cachaça e isso também nunca repercutiu mal para ele.

Veremos como será a repercussão para Aécio Neves. Não esquecendo que, sendo gente como a gente, tem todo o direito de beber uma pinga. Resta saber se, sendo gente como a gente, haverá punição às infrações com base no Código de Trânsito Brasileiro. Alguém acredita? (Com a colaboração de Marcos Lucena Filho)

******

Engenheiro de Produção, São Caetano do Sul, SP