Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Sem imagens 1

O que me impressionou neste caso do ciclone foi a incompetência das TVs: não há uma imagem sequer sobre o fenômeno, que foi previsto com dias de antecedência. Nota zero para a cobertura da RBS e outras TVs do Sul.

José Antonio Meira da Rocha, professor e jornalista, Porto Alegre



Sem imagens 2

Uma sugestão de tema: o fracasso da TV brasileira na cobertura do nosso primeiro furacão, o Catarina. Não era um terremoto, imprevisível, mas um fenômeno com alerta antecipado. Não apareceu uma mísera imagem, uma câmera fixa no alto de um prédio, um único repórter mostrando o início, meio ou fim da ventania, como se vêem nos melhores furacões dos States ou do Caribe. O que aconteceu? Covardia, incompetência, falta de iniciativa?

Luiz Claudio Cunha, jornalista, Brasília



‘Periferia’ desdenhada

Esse episódio do furacão/ciclone deixou seqüelas na região, não só do ponto de vista material, com mortos, desabrigados e prejuízos alguns deles irrecuperáveis, como também no que tange à credibilidade dos assim chamados centros de pesquisa relacionados à climatologia brasileira, além, é claro, ao papel da imprensa dos grandes centros, mais especificamente do Rio e de São Paulo, que tratam a ‘periferia’ com um desdém histórico. Antes de mais nada, quero ressaltar que, embora brasileiro ferrenho e amante de nossas coisas, não posso aceitar o ‘laudo’ dado pelos climatologistas brasileiros, que identificaram o fenômeno como ciclone. O evento foi, segundo os americanos, que têm larga experiência no assunto e anos de furacões nas costas, um verdadeiro furacão. De baixas proporções, é verdade, mas indubitavelmente um furacão. O Inpe e seus órgãos associados tomaram ‘uma bola nas costas’, como se diz no futebol, e tentaram, por força de ideologia, ou sei lá o que, desmerecer aquele laudo e ‘criaram’ o seu. Até porque, depois de passado o evento, ainda foram à mídia tentar dizer que era algo compreendido, mas desconhecido, que precisava de mais estudos. Essa atitude contribuiu para desmobilizar uma pequena parte do esquema montado pela Defesa Civil, que intensificara seus esforços no sentido de evitar perdas mais consideráveis.

Enquanto isso, os técnicos do Climaterra (Ronaldo Coutinho) e do Climerth (Marcelo Martins) esgoelavam nas rádios regionais pedindo que a população se mobilizasse no sentido de enfrentar com muita cautela o fenômeno. Ronaldo Coutinho inclusive, na CBN-Diário, em seus boletins em Florianópolis e na região, pedia que as pessoas tomassem todos os cuidados, pois, pela sua avaliação, ‘a coisa’ seria ‘feia’. E foi. Por onde passou, deixou um rastro de tristeza. Se não fosse a mobilização da Defesa Civil, da Policia Militar e outros órgãos, teríamos tido uma tragédia sem precedentes na região. Os prejuízos que aconteceram foram inevitáveis.

E o que fizeram os órgãos de imprensa do tal Eixo Rio-São Paulo, no que concerne à divulgação do evento? Nada. Ou melhor, contentaram-se em divulgar as análises precárias do climatologistas ‘nacionais’. E, em função disso, as poucas pessoas que ainda têm acesso aos informes desses órgãos foram tomadas de surpresa, dando de ombros ao que ocorreria naquela madrugada de sábado.

Não estou fazendo um lamento por complexo de inferioridade, por achar que a imprensa do Eixo Rio-São Paulo deveria nos tratar melhor. Até porque moro num estado que é referência nos quesitos de qualidade de vida da ONU, e isso obtido pela força de nosso trabalho. Estou fazendo pouco do que divulgam de nossa gente. Mas gostaria de alertar a esses profissionais, que vivem disso, de divulgar notícias e informações, do ridículo que passaram em não pautar esse evento com a seriedade que exigia.

Fico pensando, e se isso ocorresse no Rio ou em São Paulo? Infelizmente, teríamos uma tragédia muito maior, pois a imprensa de lá não é dada a divulgar as notícias como deve. A daqui, felizmente, trabalha.

Alexandre Carlos Aguiar, biólogo, Florianópolis



Mídia gelada

Especialistas da UFSC constataram que o ciclone era um furacão, como inicialmente reportado pelos especialistas americanos. Não tenho percebido divulgação do fato na imprensa. Um do náufragos contou que as águas do Atlântico Sul, normalmente geladas, estavam quentes… Taí o motivo da formação do dito. Será que não merecia mais destaque o fato? Um maior aprofundamento? Temo que este tenha sido o primeiro de uma série…

Cesario Simões Junior, analista de sistema, Florianópolis