Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Sobre livros, fotos e palavrões

Em sua coluna de domingo (6/8), a ombudsman do Washington Post Deborah Howell revela que sua caixa de e-mails estava inundada de comentários e reclamações variadas dos leitores na semana passada.

Destaque a livros

Um deles, Hill Vaden, mostrou-se indignado pelo anúncio de capa do livro O Fiasco, de Thomas E. Ricks, sobre a guerra no Iraque, que dá detalhes sobre o fracasso no plano de guerra da administração Bush. ‘Ricks pagou ao Post pelo destaque? O Post receberá parte dos lucros na venda da publicação? O Post venderá este espaço publicitário para qualquer livro ou o autor deve ser funcionário do jornal?’, indagou o leitor.

A ombudsman responde às dúvidas sobre as notas publicadas nos dias 23 e 24/7, informando que não se tratavam de anúncios, mas de trechos do livro. Deborah informa que Ricks é responsável por assuntos militares no Post e que o livro foi escrito a partir de reportagens do jornal, que incluíam diversos artigos escritos por ele no Iraque.

Os editores do diário decidem qual livro vale a pena uma nota e a publicação de trechos – sem receber nenhuma porcentagem na venda das publicações. Ocasionalmente, Deborah observa, são publicados artigos ou trechos de livros cujos autores não são funcionários do Post, a maioria deles em seções internas do diário. ‘O livro de Ricks mereceu destaque na capa porque contém revelações sobre o Iraque, especialmente sobre os bastidores da invasão e como militares e civis vêem o conflito. O livro defende que enquanto há muitos soldados corajosos lutando no Iraque, a maior parte de seus líderes não tem um plano viável para ajudar a começar a democracia no país’, explica Deborah.

Ricks revela ter recebido apenas um e-mail negativo de militares do Iraque sobre os trechos do livro. A publicação ficou como número um na lista de vendas do Washington Post e do New York Times.

Onde estão as fotos?

Uma outra reclamação referia-se à falta de fotos dos colunistas. ‘Eu continua desapontada que você não dedicou algumas linhas na coluna de domingo à minha reclamação sobre a prática do Post de não incluir uma foto pequena dos escritores das suas colunas, como fazem os jornais Washington Times e outros. Os leitores precisam saber a raça dos escritores para avaliar a objetividade e a falta de preconceito no que escrevem’, opinou o leitor Sherm Platt.

Deborah alega que se o leitor quer ver fotos dos colunistas, basta acessar o sítio do jornal. No entanto, acrescenta que ‘a raça dos colunistas não diz o que eles vão escrever. Não se espera que os colunistas sejam imparciais, eles são pagos para terem opiniões e divulgá-las claramente’, observou a ombudsman. Além do mais, nem o editor-executivo Len Downie, que é responsável pelas páginas de notícias, nem Fred Hiatt, editor das páginas editoriais, se importam com a publicação das fotos. ‘Geralmente, eu acho que elas tomam espaço que pode ser usado para conteúdo, incluindo fotos mais interessantes aos leitores do que uma mesma foto do mesmo colunista diariamente’, afirmou Downie. ‘Para mim, o que importa é o conteúdo do comentário, não a aparência do colunista’, acrescentou Hiatt.

Palavrões

A leitora Tori Daugherty, de 15 anos, escreveu a Deborah revelando que depois de assistir ao filme Todos os Homens do Presidente no ano passado na aula de jornalismo de sua escola, seu professor contou à turma que os jornalistas falam muitos palavrões, como foi mostrado no filme. ‘Gostaria de saber seu comentário sobre esta alegação. Eu imagino se isto é algo característico de homens ou de uma época em que as pessoas eram menos educadas. Eu espero que este não seja um pré-requisito para ser um jornalista’, confessou ela. ‘Tori, muitos jornalistas falam palavrões. Eles fazem isto quando seus computadores quebram, quando as pessoas mentem para eles, quando eles cometem erros ou têm prazos a vencer’, respondeu Deborah. ‘Mas, normalmente, eles são educados com as pessoas – e nem sempre com os seus editores. Não pense, por favor, que falar palavrão é um pré-requisito para ser jornalista. Um jovem jornalista que não fala palavrão seria muito bem-vindo às redações’.