Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Sujeito oculto, mensagem clara

Texto enviado a Carlos Alberto Di Franco, sobre artigo que publicou no jornal A Tarde, Bahia, ‘Carta aos homens de bem’.

Excelentíssimo Senhor Dr. Carlos Alberto Di Franco, professor de Ética em Comunicação e diretor da Di Franco Consultoria em Estratégia de Mídia

O leitor a quem Vossa Excelência se referiu no artigo ‘Carta aos homens de bem’, no jornal A Tarde, foi, a meu ver, gentil ao dizer que ‘não adianta o trabalho da imprensa’, dando a entender que a mesma faz um trabalho imprescindível para vencer a impunidade. E, na verdade, até faz, mas, a serviço de quem? Não seria mais interessante se a imprensa, que já visa mais interesses econômicos que políticos, fosse de fato imparcial?

Ao continuar lendo o artigo, logo percebi o ‘trabalho’ da imprensa. Nele, está escrito: ‘Como lembrou recente editorial do jornal Folha de S. Paulo, um ‘sujeito oculto’ parece estar presente na sucessão de crimes que abalam o país’. Até aí, não fica totalmente claro quem seria o ‘sujeito oculto’. Já em ‘ninguém mais duvida de que Lula é o grande chefe, a mão oculta’ não há dúvida nenhuma do que quis dizer (e disse) o professor de Ética em Comunicação e diretor de uma Consultoria em Estratégia ao fazer tal afirmação, e ainda continua dizendo que ‘não devemos votar em cidadãos sob suspeição,’ (no mesmo artigo fica claro quem seria o candidato) ‘em políticos indiciados, em oportunista’.

Rabo preso

O autor fala, se referindo a Lula, na ‘consolidação do projeto autoritário de poder’, isso por tentar a reeleição, esquecendo-se (?) de que foram os tucanos que criaram a reeleição, sob várias denúncias de compra de votos de deputados em causa própria. Esquece (?), ainda, que o grupo que controla a Bahia por tantos anos usa, para isso, de atitudes no mínimo contestáveis. A maior incidência dessas atitudes é nos pequenos ‘currais’, representados nas pequenas cidades do interior, onde o carlismo impera há muito. Nós, principalmente do interior, sabemos bem disso. Nós somos ‘povo marcado, povo feliz’. Por aqui, as pessoas não sabem que ‘não devemos votar em políticos (…) indiciados’. Talvez por questão de estratégia, usou esse termo ‘indiciado’.

Tanto já foi falado da crise política por que passa/passou o país… Crise que basta se olhar para os anos recentes de 1995 a 2002 para se perceber o quanto de verdade existe em ‘maior espetáculo de corrupção da história deste país’. Causou-me ‘espanto’ ao ler que ‘o que causa espanto, caro leitor, é a covardia de amplos setores da oposição. (…) Transmitem a sensação de que há muito rabo preso nos bastidores da Ilha da Fantasia’. Não acredito que haja na ‘Ilha da Fantasia’, mas em outras ilhas… É só olhar as investigações (ou o que foi estrategicamente divulgado delas) que se iniciaram desde o escândalo do Banestado. Não seria mais um mero precedente?

Outra coisa, usar a expressão ‘rabo preso’ foi, também, estratégia; afinal, cada vez mais se depende dela para colocar ou tirar alguém do poder. E como as eleições se aproximam…

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Escriturário, Conceição do Coité, BA