Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Um olhar sobre o Jornal da Globo

Edição de segunda-feira (2/11). Começamos com o mais leve: insistiu na denominação voltagem, quando o correto tecnicamente é tensão. Explicação: o fenômeno físico referido pelos repórteres é tensão elétrica que é medida em volts, ou seja, o termo voltagem é considerado incorreto (apesar de ser usado no popular). O problema foi que em uma reportagem, até interessante, o termo foi citado com muita freqüência. 2) Mais um tropeço na mesma edição. Foi dito na matéria que guepardo corre 100 metros em 6 segundos, ‘50% mais rápido que o Bolt’, quando na verdade ele corre em 50% do tempo, ou seja, o guepardo é 100% mais rápido que o corredor. 3) O mais grave: querer que os militares ou o governo tenham uma explicação para a queda do avião da FAB na Amazônia cerca de três dias depois do acidente e um depois de conseguirem resgatar os sobreviventes, parece um pouco demais, não? Se o repórter tivesse noção de alguns fatos, como o de o avião estar ainda mergulhado no rio em que ele fez o pouso forçado…


Às vezes a imprensa exagera. Vou arriscar um palpite, já que há que se ter as causas de forma tão rápida. Acredito que a culpa é do Newton, que inventou a tal da Lei da Gravidade.


Caso a matéria tenha sugerido que a demora foi no caso do acidente da TAM, e não no da FAB, cabe ainda destacar duas coisas: 1) a intenção teria sido infeliz, uma vez que a reportagem era claramente dirigida ao acidente da FAB e ficou muito claro que o foco era restrito; e 2) apesar da demora e de todo o cuidado de se apurar os fatos no caso do acidente da TAM, quando foi divulgado ou vazado o relatório dos peritos relatando que a culpa do acidente foi dos pilotos, a primeira coisa que a emissora fez foi dar o microfone para o sindicado dos pilotos e defender claramente a postura de que pilotos experientes nunca errariam em uma coisa tão básica. Isso equivale a um acidente de trânsito que envolva um táxi, reunir uns taxistas com anos de atuação e com nenhum acidente para dizer que o taxista do acidente era um ótimo motorista e que não erraria uma coisa tão básica como não pisar no freio a tempo.


Ora, se é para soltar qualquer relatório que aponte alguma causa qualquer, isso realmente pode ser rápido. E se insistirem em querer um culpado, afirmo novamente que o Newton deve ser apontado. Afinal, por mais que se estude e que sejam peritos investigando o acidente, a credibilidade dada pelo jornalismo ao relatório é zero. Não sou louco para dizer que o relatório é 100% correto e que não tenha sido influenciado, mas também não atiro pedras sem fatos.


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O Jornal do Advogado nº 344 noticiou uma importante iniciativa da OAB-SP que merece destaque, divulgação e apoio. Trata-se da criação do primeiro website brasileiro especializado em racismo, intolerância e suas consequências jurídicas:




‘O site é fruto de dois anos de estudos do Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdade (Ceert), que pesquisou decisões dos Tribunais de Justiça de 24 Estados, Tribunais Regionais Federais e do Trabalho, Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, além de universidades. O site será atualizado mensalmente pela equipe jurídica do Ceert.’


Ao tomar conhecimento desta iniciativa enviei ao jusracial congratulações e cópia da decisão proferida pelo TJESP no processo criminal promovido contra mim pela comunidade israelense paulista. A íntegra desta decisão se encontra neste endereço.


É importante fazer uma distinção precisa entre o exercício da liberdade de consciência e de expressão e o racismo/intolerância. Mas nem sempre aqueles que se dizem vítimas de racismo deixam de cometer abusos que também revelam intolerância. Felizmente o Judiciário está aí para punir os criminosos e absolver os inocentes. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)


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A mídia repercutiu intensamente as criticas de FHC a Lula (ver aqui). As lamentações de FHC só provam três coisas: 1) ele sabe que está velho demais para disputar uma nova eleição presidencial; 2) o legado dele é um partido sem coesão que disputará novamente as eleições presidenciais com excelentes chances de perder a disputa; 3) tudo que FHC não conseguiu plantar (adesão brasileira a Alca, privatização da Petrobras, Banco do Brasil e CEF) foram fundamentais para o Brasil sair da crise do neoliberalismo em condições de se tornar uma potência mundial. A única coisa que FHC pode fazer pelo Brasil neste momento é ficar em silêncio. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)


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Achei um total absurdo e desrespeito a matéria Moradores de rua invadem casarão centenário em SP, da Folha de S.Paulo. Já comuniquei ao jornal com a seguinte mensagem: ‘Percebi um pequeno erro nesta matéria: o alto teor preconceituoso. Quer dizer que o grande problema são os moradores de rua, ignorantes, viciados e promíscuos? O real problema é um casarão tombado pelo patrimônio histórico estar abandonado, caindo aos pedaços. Se é importante para a nossa história, deveria ser preservado. Garanto que se existisse um museu ou uma oficina de arte funcionando no local este não teria sido invadido. Uma grande chance de uma grande matéria desperdiçada por dois pseudo-jornalistas’. (Marcelo Silvestre, aposentado, São Paulo, SP)


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Desde o início do primeiro mandato de Lula tenho ficado apreensivo, pois o viés que seus seguidores mais próximos demonstraram na ocasião era de um autoritarismo latente aos seguidores do bolchevismo-stálin-leninista. Nesta semana, a apreensão ficou ainda maior, pois o próprio Lula saiu da camuflagem e soltou todo o seu perfil de postulante a ditador, ao querer ditar normas de funcionalidade para a imprensa. Isto seria apenas mais um arroto de pessoa despreparada para a função que no momento desempenha, mas assitindo a uma entrevista do senhor Hélio Costa (Rede TV!), ministro das Comunicações, o mesmo não só endossou os ditos do senhor presidente Lula, mas repetiu quase que inteiramente as mesmas palavras. (Divino Guimarães, estudante, Goiatuba, GO)


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Diante da enxurrada de absurdos que pululam diariamente, o cidadão precisa de um programa para saber como se encaminharam as denúncias que foram capas dos seus jornais, por exemplo, como estão as prestações de contas dos gastos com o PAN do Rio?; como funciona o mercado de mestrados e doutorados que oferecem bolsa? Do jeito que está, corremos o risco de o criminoso perder o medo até da imprensa, uma vez que ele poderá passar a contar com uma nova barbárie que, em breve, atrairá a atenção das câmaras. (Máximo Heleno Rodrigues Lustosa da Costa, professor, Rio de Janeiro, RJ)

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Engenheiro eletricista, Maceió, AL