Bem-vindos à modernidade. O século 21 apresenta diversos aspectos temáticos a serem discutidos, dentre eles a linguagem da nova geração de leitores. Na Geração Z, crianças já nascem conectadas, jovens cada vez mais atualizados e adultos que se adaptam a este novo momento, em que as formas de comunicar estão mais descentralizadas e distribuídas.
Segundo o filósofo francês Pierre Lévy, todas as informações, sejam elas publicadas no impresso, no rádio ou até mesmo na TV, destinam-se ao processo de digitalização. Surge, então, um novo meio de comunicar na web, um canal que interliga em uma mesma rede diferentes conteúdos que mantém uma relação de elo associativo entre si através de links, denominado hipertexto.
Interatividade é a palavra que resume o perfil de novos leitores da web. Dessa forma, para acompanhar o desenvolvimento tecnológico, os conteúdos de informação na linguagem hipertextual não são ligados linearmente, oferecendo aos leitores transitar pelos conteúdos de forma a criar seu próprio percurso pela informação. Assim, “ao entrar em um espaço interativo e reticular de manipulação, associação e leitura, a imagem e o som adquirem um estatuto de quase-textos” (Lévy: 1993, p. 33) que expande a compreensão e discussão da informação publicada. É necessário linkar na web. A linguagem do hipertexto segue, naturalmente, a lógica de pensamento desordenado característico da Geração Z, onde um texto faz lembrar uma imagem, que lembra uma música, que remete a um filme.
Lévy esclarece este pensamento afirmando que “a metáfora do hipertexto dá conta da estrutura indefinidamente recursiva do sentido, pois já que ele conecta palavras e frases cujos significados remetem-se uns aos outros, dialogam e ecoam mutuamente para além da linearidade do discurso, um texto já é sempre um hipertexto, uma rede de associações” (Lévy: 1993, p. 73).
O hipertexto permite ao usuário moderno experimentar uma leitura mais ampla e relacionada com outros textos, por isso ele se apresenta como linguagem paradigmática no presente e para o futuro. Vale pontuar que nenhuma tecnologia encerra a outra. Assim, a linguagem hipertextual não fará desaparecer os jornais, revistas e livros impressos. Estes serão adequados de acordo com a atualidade e seu público-alvo.
Colaborar é a palavra-chave
O hipertexto não é peculiaridade deste século. Na década de 80, os links já eram uma realidade nos impressos. Para desordenar a leitura dos textos publicados, os jornais e revistas continham índices que informavam o assunto da matéria. As editorias também podem ser consideradas hipertexto, pois elas são determinantes para levar o receptor da mensagem a uma leitura linear ou não dos jornais. Assim, as notas de rodapé e o box também são linguagem hipertextual que complementam, esclarecem, adicionam e enfatizam algo citado na informação.
Nos anos 90, a internet passou a ser utilizada como ferramenta para comunicação jornalística. Incialmente, o jornalismo online, um novo canal de informação e relacionamento com o público, não passava de uma transposição de conteúdos do jornal impresso para as plataformas digitais. Em seguida, os links começaram a ser utilizados para dar velocidade a conexão entre conteúdos de diferentes temáticas. É neste momento, que os e-mails aparecem como forma de comunicação entre veículo e leitor.
Uma explosão midiática fez nascer a editoração das notícias publicadas na internet. Este novo ambiente é caracterizado pela interatividade, que permite a participação efetiva de sugestão e opiniões dos leitores; pela customização dos conteúdos, onde cada site é configurado para atender às preferências de um público alvo; e pela hipertextualidade e multimidialidade, que engloba diferentes mídias tradicionais, bem como imagem, texto e som para informar.
Com a explosão da web 2.0, o jornalismo vive um dos melhores momentos da história. Colaborar é a palavra-chave deste século. O jornalismo colaborativo é a principal ferramenta que permite ao leitor uma participação ainda mais ativa na discussão dos conteúdos informativos. Aqui, emissor e receptor ocupam o lugar do outro simultaneamente. Muitos sites já permitem que o leitor se coloque como repórter para construção mais interativa da noticia. Mais que colaborar, este novo jornalismo proporciona multiplicidade, acessibilidade, mais experiências em ciberespaço e uma comunicação socialmente melhor.
Referências
BARTHES, Roland. S/Z. Rio de Janeiro: Ed. Nova. Fronteira, 1992.
CASALEGNO, Frederico. Hiperliteratura, sociedades hipertextuais e ambientes comunicacionais. Porto Alegre: Julina/Edipucrs, 1999.
DIZARD, Wilson. A nova mídia: A comunicação de massa na Era da Informação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
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Jean Carlos da Silva Monteiro é estudante, São Luís, MA