Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

12 momentos em que tentamos fazer a diferença no jornalismo

Faz um ano que o Brasil Post estreou com a proposta de inovar o jornalismo brasileiro com a linguagem própria de internet (e não de jornal), o timing das redes sociais, o jeito pop de informar e, sobretudo, com o propósito de levantar bandeiras e marcar posições.

Sim, nós integramos a família The Huffington Post, um dos maiores sites de notícias do mundo, conhecido pela linha editorial progressista, que provoca, questiona e fomenta o debate.

Como representantes do HuffPost na América Latina, nós defendemos o respeito pleno aos direitos humanos e à diversidade, a ética e transparência na gestão pública e o fortalecimento das minorias, entre outros temas detalhados aqui.

Nestes 12 meses de Brasil Post, nos posicionamos a favor e contra diversas pautas (e comportamentos de figuras públicas), empunhamos bandeiras, encampamos #hashtags, participamos de mobilizações.

A seguir, apresentamos 12 momentos em que tentamos fazer a diferença onde podíamos. Na informação diferenciada, no chamado ao debate, na análise crítica e questionadora, na tentativa de esclarecimento, na conversa com os leitores, na construção coletiva da notícia. No que acreditamos que é jornalismo!

1. #NãoMereçoSerEstuprada

Respondemos à pesquisa do Ipea que constatou que 26% dos brasileiros concordam que mulheres com roupas mostrando o corpo merecem ser atacadas. Encampamos a indignação do movimento #NãoMereçoSerEstuprada.

O empoderamento da mulher tem sido uma pauta perene do Brasil Post, seja na desconstrução da cultura machista, na discussão sobre descriminalizar o aborto e na defesa do parto humanizado.

2. #BagaTogether

Questionamos a diferença na visibilidade e na cobertura jornalística sobre o atentado na França, no início deste ano, e os ataques do Boko Haram, na Nigéria.

Enquanto 17 morreram em Paris, duas mil pessoas podem ter morrido em Baga, segundo a Anistia Internacional. “Nenhuma vida vale mais que outra”, vocalizamos no vídeo acima, que teve cerca de 1,3 milhão de visualizações no Facebook.

3. A sua escolha eleitoral

Reunimos argumentos pró e contra os três principais candidatos à Presidência da República. Enumeramos motivos por que votar e por que não votar em Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB).

Nosso objetivo era mostrar as principais conquistas dos três candidatos de maior representatividade no Congresso Nacional e os problemas das respectivas candidaturas.

Ao tratarmos da mesma forma cada um deles, perseguimos a imparcialidade na cobertura da campanha presidencial.

4. A nossa escolha eleitoral

Descemos do muro e abrimos como a redação votou tanto no primeiro quanto no segundo turnos. Seguimos a tradição de veículos americanos, como o próprio HuffPost.

É importante não confundir: o Brasil Post não apoiou Dilma, Aécio ou Marina. Pelo contrário; exploramos as contradições e inconsistências de todos os postulantes ao Palácio do Planalto.

O que fizemos com o DataPost foi apenas mostrar que nossos jornalistas, assim como nossos leitores, também têm suas convicções e preferências políticas. E, como quaisquer cidadãos, votam.

5. Contra o ‘aparelho excretor’ de Levy

Repudiamos as palavras de ódio do então presidenciável Levy Fidelix no debate da Record, durante o primeiro turno. Ele conclamou os telespectadores a “enfrentar” e intimidar os gays.

Apesar de dizer que se tratava de liberdade de expressão, o candidato do PRTB fez, na verdade, apologia à violência e à exclusão da comunidade LGBT.

Na ocasião, nós explicamos como os incomodados podiam puni-lo e também esclarecemos por que Levy parece ter faltado às aulas de biologia na escola.

6. Manifesto da Família

Defendemos o “não” na enquete da Câmara Federal sobre o conceito de núcleo familiar, no texto do Estatuto da Família — restrito a casais heterossexuais. Por ele, gays e lésbicas não podem formar uma família.

Em nossa campanha pró-igualdade de direitos, divulgamos os contatos de todos os parlamentares da comissão criada para apreciar o projeto.

Foi uma forma de mobilizar os leitores a cobrar de nossos representantes uma postura democrática e progressista na análise das pautas da comunidade LGBT.

7. Somos todos macacos ou bananas?

Acionamos nossa rede de blogueiros para repercutir o que parecia um movimento lançado por Neymar para prestar solidariedade ao jogador Daniel Alves, vítima de racismo: #SomosTodosMacacos.

O lance de marketing do craque não foi abraçado por militantes da igualdade racial, e nossos colunistas argumentaram que a ação não era efetiva no enfrentamento do preconceito.

Nadamos contra corrente com novas hashtags como #NãoSomosBananas, #SomosTodosBananas e #SomosTodosCúmplices.

8. Vamos ouvir o outro lado?

Em junho do ano passado, a imprensa destacou declarações do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do secretário de Segurança, Fernando Grella, sobre a prisão de dois “líderes dos black blocs”, criminosos que ameaçavam os paulistanos.

Ao recebermos de fontes diferentes informações de que Fábio Hideki Harano, um dos presos, era um ativista pacífico, apuramos que o jovem estudante da USP nunca havia tido qualquer envolvimento com violência em protestos.

Contamos toda a história de Hideki, entrevistamos seus familiares e conversamos com amigos e testemunhas de sua prisão. Fizemos o que basicamente todos os jornalistas devem fazer: ouvir o outro lado — nesse caso, o não-oficial, diferente do governador, secretário, polícia e mesmo da Justiça.

Após 46 dias de prisão, Fábio Hideki foi liberado, depois que a Justiça reconheceu que não havia provas contra ele.

9. Nós sempre falamos de racionamento de água

Alertamos sobre o risco de racionamento de água em São Paulo pouco depois de nossa estreia.

Há quase um ano, já apresentávamos orientações para poupar nosso escasso recurso, monitorávamos dia a dia a redução do nível do Cantareira e abordávamos por diferentes perspectivas a crise hídrica na região Sudeste.

Tanto tempo depois, o governo paulista ainda é tímido para admitir os cortes no fornecimento e, por isso, muitos consumidores ainda não entenderam a dimensão do colapso com que nos deparamos atualmente.

10. Abaixo a patrulha do corpo perfeito!

Sabe o mainstream ditado por Hollywood, novelas, indústria da moda? Então… Nós rejeitamos!

Somos favoráveis à desconstrução de padrões estéticos.

Acreditamos que as pessoas devem ser felizes com o corpo que têm. Isso vale tanto para as mulheres quanto para os homens.

Por isso, descartamos estereótipos que invadem revistas e sites, como aqueles que detonaram recentemente as jornalistas Fernanda Gentil e Ilze Scamparini.

Aqui, nós incentivamos você a superar padrões e apostar em você própri@.

11. Não, Julien Blanc!

Assinamos a petição contra a vinda de um misógino profissional para o Brasil, que pretendia “ensinar” técnicas de conquista de mulheres.

A mobilização contra o “pickup artist” surtiu efeito: o Itamaraty impediu a emissão de visto para ele entrar no País.

Foi resultado da força das mulheres e daqueles que condenam o desrespeito a elas.

12. Esclarecendo a maconha

Escrevemos ao longo de nosso primeiro ano muitos textos sobre os benefícios e os malefícios do uso da maconha.

Relatamos a batalha de pacientes e familiares pela legalização da maconha medicinal no Brasil e a ignorância do poder público a respeito disso. Comemoramos neste ano a vitória da liberação do canabidiol pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Também deixamos clara nossa posição de que a descriminalização pode ser mais eficaz que a guerra às drogas, que mata todo ano milhares de brasileiros na repressão ao tráfico. Por isso, descrevemos com precisão as experiências de legalização em países como o Uruguai.

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Diego Iraheta, do Brasil Post