Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Repórteres lutam para manter jornal

Os funcionários do jornal francês “Libération”, que enfrenta grave crise financeira, anunciaram neste domingo a intenção de lutar com trabalho, não com greve, contra o projeto dos acionistas de transformar o diário em uma rede social. Na sexta-feira, os controladores do jornal de esquerda fundado em 1973 pelo filósofo Jean-Paul Sartre apresentaram a proposta de converter o jornal em uma rede social com suportes pagos e transformar a sede em um espaço cultural.

Em assembleia geral, os empregados decidiram por unanimidade responder ao projetos dos acionistas nas colunas do jornal, em vez de iniciar uma greve.

– Na segunda-feira, vamos informar aos leitores sobre o conflito em várias páginas do diário, e continuaremos nos dias seguintes – explicou Fatima Grahmi, delegada sindical. – Somos um jornal, não um restaurante, nem uma rede social ou espaço cultural.

– O jornal é nossa arma. Queremos nos expressar, responder aos que nos chamam de anarquistas – disse um jornalista que pediu anonimato.

O filósofo Jean-Paul Sartre fundou o “Libération” em 1973, que em sua origem tentava funcionar sem publicidade ou acionistas, comprometido com os oprimidos na França e no mundo. O jornal marcou a imprensa francesa reivindicando um tom irreverente contra o poder, com caricaturas provocadoras e fotos originais.

Nos últimos anos, várias fórmulas foram tentadas para reverter o caos financeiro causado pela queda nas vendas nos últimos anos. Nos primeiros 11 meses de 2013, o diário perdeu mais de 15% das vendas, baixando a circulação para 97,3 mil exemplares em novembro, o pior resultado em ao menos 15 anos.