Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Os novos caminhos da reportagem

A cobertura da eleição que definiu o então cardeal argentino Jorge Bergoglio como o Papa Francisco, em março do ano passado, serviu para o grupo formado por cinco jornalistas dar início a um novo projeto de comunicação online. No Vaticano, Felipe Seligman, então contratado pela Folha de S.Paulo, conversou com Andrei Netto, correspondente do Estado de S.Paulo. As primeiras ideias surgiram e à equipe em prol de novidades no jornalismo foram integrados dois profissionais que deixaram o Grupo Folha em 2013: Breno Costa e Fernando Mello.

Com essa composição, o projeto batizado de Indie Journalism foi ganhando forma e sendo o objeto principal de trabalho do quarteto de jornalistas. Pelo fato de a equipe ser composta basicamente por produtores de conteúdo com pouca experiência na gestão de empresas, Andrei ficou responsável por convidar o francês Marc Sangarne, profissional com mais de 20 anos de experiência em companhias de telecomunicações na Europa, para ser o “homem de negócios”. Convite aceito. Assim, as estratégias do site foram sendo elaboradas.

Tudo certo e a Indie começou a ser divulgada por seus criadores na quarta-feira (26/2), por meio das redes sociais. Quem acessa a página sabe que está no espaço que se define como “rede global independente de repórteres, fotógrafos, cineastas e outros produtores de conteúdo” dedicada a apresentar “uma experiência inovadora de histórias multimídia especiais em profundidade” para demais jornalistas e público em geral. “É o jornalismo que se adapta para compreender um mundo em movimento”, complementa a frase de apresentação.

Para realizar tudo conforme o enunciando, a Indie Journalism, cujo site ainda não tem definida a data em que começará a abrir espaço para conteúdo, conta, também, com o diretor de arte Tomas Silva e o editor de fotografia André Lihon. A respeito do início do processo para publicação de reportagens especiais e de que forma esse trabalho será realizado, Fernando Mello, um dos fundadores, fala ao Comunique-se que, para isso ocorrer, será necessário completar o desenvolvimento da plataforma que dará suporte aos usuários. “Não falta muito tempo”, garante.

Mas como funcionará a participação dos internautas com a Indie?

Mello explica que a interatividade se dará tendo em mente que o site será formado por dois públicos distintos “os leitores e os produtores de conteúdo”. Ele revela que todo mundo vai poder colaborar com o projeto. “Do lado dos leitores, eles poderão adquirir as reportagens e participar da nossa rede social, criando seus perfis, participando de grupos de discussão, interagindo diretamente com os autores e mesmo participando da checagem de informações, por exemplo. Do lado dos profissionais, queremos que a rede seja efetivamente uma referência para a produção e o intercâmbio entre profissionais de todo o mundo”.

Para estimular a “produção de reportagens globais, com apurações ocorrendo simultaneamente no Brasil e na África do Sul”, conforme exemplifica Mello, a equipe da Indie abrirá espaço para profissionais da comunicação de todo mundo e de todos os meios de comunicação. O criador do projeto chega a adiantar que dois repórteres de impressos já estão produzindo conteúdo, mas sem adiantar quais os temas abordados e, muito menos, os nomes dos jornalistas em questão.

Primeiros colaboradores estão nas agendas dos criadores

Um dos idealizadores da Indie informa que o trabalho está sendo levado a sério pelos integrantes, com direito a tarefa comum aos meios de comunicação. “Já fizemos reuniões de pautas com jornalistas em países como Angola, Brasil, EUA, França, Espanha e Itália”, diz, antes de revelar um pouco sobre um assunto já discutido. “No caso dos jornalistas italianos, tratamos de uma pauta sobre América Latina. Acreditamos que a rede será formada, no começo, com contatos que nós já temos. Mas acreditamos que ela crescerá de forma natural”.

Além de contar com a colaboração de colegas – visando a inserção de mais gente para produção de conteúdo –, Mello enfatiza que a Indie está aberta desde a parcerias. “Isso envolve recursos multimídia e a possibilidade de leitura offline em aplicativos para smartphones e tablets, mas com acesso completo aos vídeos e áudios, por exemplo, mesmo sem estar conectado à internet”. O profissional também comenta que o a novidade que surge na web apresenta recurso com a “possibilidade de leitura offline em aplicativos para smartphones e tablets, mas com acesso completo aos vídeos e áudios”.

Outro objetivo da Indie, conforme registra Mello, será valorizar o trabalho desenvolvido por profissionais da comunicação. Ele conta que a nova empresa tem “como base a valorização do jornalista independente, garantindo remuneração justa, atrelada à venda de seu material. Grandes histórias significarão reconhecimento e grandes recompensas para os autores”. O idealizador da plataforma ainda faz um pedido: “nossa dica é: têm um grande projeto? Já comecem a produzir”. Projeto que poderá ser publicado no site que surgiu graças à reunião de quatro jornalistas brasileiros.

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Anderson Scardoelli, do portal Comunique-se