Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A morte dos jornais impressos está longe de ser um fato

Quando se trata de pesquisa, analistas mais apressados, normalmente com interesse em ler o dado segundo sua perspectiva, sempre surgem. Outros, contrários aos resultados obtidos (e não às análises que pouco aparecem nessa hora), acabam por desqualificar a pesquisa e, em consequência, jogar o bebê com a água do banho.

A Secom oferece à sociedade a oportunidade de refletir sobre informações muito valiosas – basta lembrar que nem em pesquisas eleitorais se trabalha com uma amostra tão grande, o que nos permite ter a certeza da cobertura regional poucas vezes praticada no Brasil pelo seu custo. Em seguida, a lisura da pesquisa conduzida pelo Ibope é incontestável.

No entanto, observam-se algumas ausências que poderiam tornar os dados ainda mais interessantes, como, por exemplo, a inexistência de perguntas que separem informação de divertimento nos diversos meios ou o aprofundamento do comportamento dos brasileiros nos finais de semana.

Enfim, no material publicado, uma leitura que tivesse por base as diferenças entre as classes sociais seguramente colocaria em evidência o papel dos jornais como “formadores dos formadores de opinião” – posição essa fundada sobre a credibilidade, atributo exclusivo dos jornais, como já demonstrado em outras pesquisas que tive a ocasião de conduzir sobre esse mesmo tema.

A morte dos jornais impressos, tida como tendência inelutável pela grande maioria das pessoas, ainda está longe de ser um fato. Em minha opinião, caminhamos para maior qualificação do público leitor, o que não impede a constatação de que o modelo de negócios do impresso deva ser remodelado.

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Cristina Panella, da Attitude | Marketing Institucional, Inovação e Qualidade, para o J&Cia