Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

A popularidade do presidente

Apesar de ser um tema batido e debatido, não deixa de instigar os analistas da política e da imprensa a permanência da popularidade e da aprovação do presidente Lula em níveis tão elevados.


Os jornais também já não surpreendem e, a cada nova avaliação, voltam a repetir que os brasileiros, em grande número, aprovam Lula e seu governo por causa da percepção de bem-estar econômico. E acrescentam sempre o comentário de especialistas, a afirmar que o bom momento econômico do Brasil se deve ao cenário favorável da economia mundial.


Só que desta vez existe um elemento novo que obriga a análises mais cuidadosas: o cenário internacional apresenta graves turbulências há quase um trimestre, e a nau brasileira segue flutuando sobre o Atlântico.


O quadro das pesquisas CNT/Sensus publicado na terça-feira (19/2), que leva em conta o período desde dezembro de 2003 até fevereiro deste ano, mostra que a avaliação positiva do governo Lula sofreu duas quedas importantes, em 2004 e em 2006.


Nessas ocasiões, o presidente e seu governo se encontravam sob intenso bombardeio da mídia, por conta de escândalos envolvendo a cúpula do Partido dos Trabalhadores e a base aliada. Mas as respostas do presidente a essas crises sempre resultaram em grandes impulsos à sua popularidade, o que pode ser visto pelo ângulo de subida de sua avaliação positiva em todo o período.


Arte do convencimento


O quadro que os jornais apresentam na terça-feira deixa algumas questões a serem digeridas pelo leitor. Pelo menos por aquele leitor que não se deixa contaminar pelo partidarismo e pratica o interessante exercício da análise da imprensa.


E uma das questões que podem intrigar o leitor é a seguinte: se a mídia, de modo geral, mantém um viés de crítica permanente ao presidente – o que é seu papel –, seja por suas barganhas no Congresso, seja por suas frases de gosto duvidoso, por que a influência da imprensa não se faz sentir na avaliação do governo?


Lula é realmente muito talentoso na arte do convencimento, ou é a imprensa que não está fazendo os questionamentos fundamentais?