Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Andando para trás

Os jornais noticiam com destaque, quase comemorando, o fim da obrigatoriedade do diplima de jornalismo para o exercício da profissão.


Nenhum deles se alonga na análise das jutificativas apresentadas pelos ministros, o que impede os leitores de compreender o alcance da decisão e a precariedade dos argumentos que a fundamentaram.


Os jornais também informam, com destaque especial, o apelo do presidente da República em defesa do presidente do Senado Federal, José Sarney, que está sitiado por escândalos desde que se iniciou a atual legislatura.


Da mesma forma, anuncia-se que o presidente da República já tem uma opinião sobre a Medida Provisória 458, que legaliza a posse de terras públicas na Amazônia.


O presidente deve anunciar sua decisão nesta sexta-feira, em atos oficiais em três locais da Amazônia, com oito de seus ministros.


Os jornais trazem especulações sobre possíveis vetos, enquanto informam que a bancada ruralista se empenha em forçar a aprovação da Medida Provisória sem cortes.


Os participantes da Conferência Internacional Ethos de Responsabilidade Social e Sustentabilidade, que se desenrola em São Paulo nesta semana, realizam manifestação pela sanção de artigos que colocam em risco o maior patrimônio ambiental do planeta.


A imprensa destaca o movimento da bancada ruralista e ignora completamente a manifestação dos defensores do meio ambiente.


Também está nos jornais de hoje uma notícia que completa o quadro de retrocessos com que o Brasil institucional ameaça o Brasil real: a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira a legalização de bingos e caça-níqueis.


Para finalizar, os deputados também abrem caminho para a ampliação do número de vereadores nos municípios.


O presidente da República entende que o coronel José Sarney merece o respeito da imprensa, a imprensa ignora os ambientalistas e oferece espaço nobre para os desmatadores, o Congresso recoloca na pauta a jogatina e assim o Brasil avança célere para trás em pleno século XXI.