Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Assassinar para renovar

Os olhos da nação estão encharcados de colírio. É necessário rever a dosagem e iniciar um novo tratamento. A imprensa, que deveria levar a sociedade à reflexão, hoje embaraça a todos com seu processo de regurgitação de informações. Em vez de explicar as grandes convulsões na política, bitola e cansa a população com as mesmas abordagens. Levanta pseudobandeiras sem se preocupar com os leitores. É um jogo de sombras, no qual quem tinha a luz para iluminar hoje se contenta a prestar ilusão de ótica. Há apenas uma sensação de imparcialidade e objetividade e tantos outros conceitos necessários para o jornalismo.

De acordo com Rui Barbosa, ‘a morte não extingue, transforma; não aniquila, renova; não divorcia, aproxima’; chega-se à conclusão de que é preciso ‘assassinar’ a grande imprensa nacional, que reduz a informação a jogos de interesse. A grande imprensa deixou de ser a vista da nação, contrabandeou-se para o lado mais rentável e estabeleceu-se como empresa de massificação.

A grande imprensa precisa ‘morrer’ para ressurgir de cara limpa. Os monopólios da informação necessitam de uma reviravolta. O jornalismo deve ‘informar para formar’, e banir o ‘informar para manipular’. É preciso que o jornalista retome o papel de guardião dos oprimidos, revele a verdade nua e crua de maneira imparcial e faça com que a informação não se transforme em mera ‘fofoca’.

‘A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça’.

Jornalistas, não deixem que a frase de Rui Barbosa caia no esquecimento.

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Estudante de Jornalismo, Americana, SP