Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Cai número de jornalistas embedded no conflito

Ainda que as ruas de Bagdá continuem a presenciar constantes e violentos conflitos, caiu drasticamente o número de jornalistas embedded, que acompanham as tropas americanas no Iraque. Nas últimas semanas, os profissionais de imprensa junto aos soldados eram apenas 11. Durante a invasão americana ao Iraque, em março de 2003, mais de 600 repórteres, equipes de TV e fotógrafos vivenciavam o cotidiano das unidades dos EUA e Reino Unido no país. Em 2005, quando os iraquianos foram às urnas para ratificar a nova constituição, havia 114 jornalistas embedded.

Mas a que se deve a queda? Alguns jornalistas culpam a burocracia do Pentágono, as restrições que os profissionais de imprensa enfrentam, e as pressões feitas por alguns comandantes militares para evitar a chamada ‘cobertura negativa’. Outros afirmam que houve um declínio de interesse na (longa) história, e lembram que a cobertura deste tipo tem um alto custo – em dinheiro e em perigo.

Guerra em alta, investimento em baixa

É fato que a guerra continua. De acordo com dados das Nações Unidas, mais de seis mil civis iraquianos foram mortos entre julho e agosto deste ano. Setembro foi o segundo mês mais mortal do ano para os soldados americanos. O conflito no Iraque deve ser uma das principais questões nas eleições intermediárias nos EUA em novembro. Ainda assim, apenas 25 jornalistas acompanharam as tropas nos últimos meses.

‘Esta estatística nos fala sobre o investimento que a mídia tem feito para cobrir a guerra. [O assunto] Está fora das primeiras páginas’, ressalta Josh Friedman, diretor de programas internacionais da Escola de Jornalismo da Universidade de Colúmbia.

Muitas empresas de mídia mantêm equipes no Iraque, com escritórios em Bagdá e correspondentes em outras cidades, mas simplesmente sair viajando pelo interior do país é algo que se tornou perigoso demais para repórteres ocidentais. Por este prisma, a alternativa mais segura – ainda que também perigosa – seria viajar junto às tropas.

O tenente-coronel Barry Johnson, diretor do centro de mídia da coalizão, diz que, hoje, há menos profissionais de mídia no Iraque porque a necessidade por mais segurança aumentou em muito os custos para as empresas. ‘É caro, e as sucursais diminuíram suas operações. Assim, elas normalmente não têm pessoal suficiente para deixar o escritório’, explica.

Algumas grandes organizações, como a AP, ainda enviam repórteres para acompanhar os soldados. ‘É uma ferramenta importante para a cobertura do conflito’, defende o editor internacional da AP, John Daniszewski. ‘É vital ter as impressões em primeira mão das atividades das forças americanas, reportar suas interações com os iraquianos, e divulgar a situação de conflito em lugares onde não se poderia chegar de outra maneira’. Informações de Lee Keath e Robert H. Reid [Associated Press, 15/10/06].