MINO vs. NAJI
Queixumes e contradições
‘Recebi carta do senhor Naji Nahas (leia a íntegra na seção competente) na qual acusa CartaCapital pela publicação de textos que ‘sem bases factuais’ procuram incluí-lo ‘em questões ligadas à telefonia, usando os nomes da Telecom Italia e da Brasil Telecom’. Ao cabo da missiva, o senhor Nahas bondosamente concede que, em nome do respeito dedicado à minha pessoa, dispensa-se ‘de recorrer aos caminhos legais para reparar os equívocos’.
Agradeço a generosidade. Pergunto-me, contudo, que chances teria o senhor Nahas de ganhar a demanda e punir a revista e seu diretor. Que disse CartaCapital?
Um. Que entre a família Nahas e a família Jnifen, da esposa do presidente da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera, existem antigas e fortes ligações. Digamos que a informação seja inverídica. Em que, no entanto, representa desdouro para os Nahas e os Jnifen?
Dois. Que o senhor Nahas se tornou influente na gestão da Telecom Italia no Brasil. Ele nega, embora admita atuar como consultor da empresa italiana, um de seus ‘clientes mais importantes’. Sustenta o missivista ter-se empenhado para ajudar Tronchetti Provera em busca das melhores soluções. Aqui, confesso alguma perplexidade. Julgue o leitor: o senhor Nahas tem ou não tem influência junto à Telecom Italia?
Três. CartaCapital afirmou que o senhor Nahas, por sua assessoria, recebeu 20 milhões de euros. Mentira, retruca ele. Quem sabe a importância não seja esta exatamente, mas a questão, no fundo, é de lã caprina. Senhor Nahas, seja como for, a grana foi conspícua.
Quatro. CartaCapital escreveu que a negociação conduzida pelo senhor Nahas não teve o sucesso esperado. Na opinião dele, ‘tem havido progressos’. Então, vejamos. Em 2005 os italianos, por intereferência do senhor Nahas, resolveram selar a paz com Daniel Dantas depois de seis anos de brigas judiciais. Assinaram acordo em que se comprometiam a pagar 65 milhões de euros em troca da suspensão dos processos e perto de 1 bilhão de reais por 10% de ações do Opportunity na Brasil Telecom.
Citibank e fundos de pensão conseguiram bloquear o pagamento na Justiça da Holanda. Em maio passado, ancorados em cláusula que previa o rompimento do acordo caso a Telecom Italia não se entendesse com os demais acionistas no prazo de um ano, os italianos decidiram suspender o acordo com Dantas. Pergunto, desabrido: de que progressos fala o senhor Nahas?
Ao contrário do que o missivista alega, CartaCapital não avaliza ‘fofocas levianas de bastidores’. Pode errar, está claro, e jamais deixará de reconhecer o erro. Sabe, de todo modo, que a empresa presidida por Tronchetti Provera e debaixo de cujo telhado também opera a Pirelli, tem porte imponente, notável tradição e merecidíssimo êxito.
Sua presença no Brasil aproveita ao País, graças, inclusive, ao admirável desempenho de um executivo como Giorgio Della Seta. O qual, não por acaso, já foi protagonista nas páginas de CartaCapital. O mesmo espaço, tenho a sublinhar, não seria dado ao senhor Nahas.’
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