Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Comunique-se

CONVIVÊNCIA ONLINE
Bruno Rodrigues

Quem é o dono de uma lista de discussão?, 9/11

‘Não há nada como ficar órfão de uma lista. É como se tivessem arrancado nossas cordas vocais, via teclado. Nestes momentos, só nos resta o silêncio e a mais profunda solidão.

É raro que eu me sinta assim. Aliás, embora eu goste – e muito – de participar das discussões, é raro eu ter tempo. Mas sou minoria – multidões participam constantemente de milhares de listas de discussão espalhadas pela web brasileira, e para estes é o fim do mundo quando uma lista chega ao fim.

Há dois motivos quando isso acontece: falta de quorum participante e stress crônico a que o moderador é submetido. A questão do quorum é a mais comum; após algum tempo patinando em inscrições, a lista morre por falta de sentido. Ninguém discute, então é melhor desmontar a barraca. Isso acontece muito no Yahoo, a meca das listas de discussão.

Embora sejam a minoria, as listas que entram em erupção antes de implodir são as que mais causam barulho quando terminam e deixam traumas na alma virtual de muitos internautas. Eu mesmo participei de uma destas listas ao longo de três anos.

O tema girava em torno de histórias em quadrinhos clássicas Disney, escritas e desenhadas nos anos 40, 50 e 60 por mestres como Carl Barks, Paul Murry e Floyd Gottfredson. Composta em sua grande maioria por quarentões como eu, a lista ia muito bem, obrigado, até alguns dos participantes começarem a se alterar.

O pomo da discórdia era a atenção cada vez menor que editora Abril estaria dando aos quadrinhos Disney no Brasil. Corre a lenda que a Abril só não se desfaz da representação das hqs Disney no país por razão sentimental – afinal, a primeiríssima publicação da editora foi ‘O Pato Donald’, em 1950.

O ‘x’ da questão, delicadíssimo, era que da lista participavam dois jornalistas da própria Abril, em trabalho espontâneo de Ouvidoria, que cansei de elogiar diversas vezes. Criticar a Abril sempre foi permitido na lista – liberdade de expressão -, mas, você há de convir, iniciar uma campanha para a Abril abrir mão dos títulos Disney aos olhos de profissionais da casa, cheios de boa-vontade, é um pouco demais – e foi. Cansado de alertar que aquele não era bem o lugar para tais manifestações, o criador e moderador da lista – que não era da Abril, vale esclarecer – acabou com a festa.

Pode, isso? Após tanto tempo, a lista era só dele? Ele teria o direito de fazer o que fez, acabar com um fórum de discussão com tantos participantes?

Para muitos, foi uma atitude autoritária, o cúmulo do absurdo. Hoje alguns acham que as regras deveriam mudar. Uma lista só poderia ser fechada pelo ‘dono’ após votação, em que a maioria concordasse em desligar o interruptor.

Mais uma: na semana passada, foi a vez de chegar ao fim, também via erupção & implosão, uma lista que há três anos ajudava o profissional de Jornalismo brasileiro a encontrar seu primeiro emprego, conseguir algo melhor na área ou se recolocar no mercado, graças à boa-vontade de coleguinhas, que postavam vagas quase diariamente. Houvesse um Panteão do Jornalismo, a criadora da lista lá estaria.

Cansada de ter que deletar, constantemente, tanta besteira travestida de mensagem, a criadora-moderadora da lista decidiu a exigir ID e CPF dos participantes, inclusive dos já cadastrados. Aí, o feitiço virou contra o feiticeiro: peraí, como assim o participante teria que se identificar? E por que, caso se negasse a fazê-lo, seria posto para fora? Criticada por uma multidão indignada, a moderadora chutou o pau da barraca.

Pode, isso? Alguém cobrar tanto de seus participantes? E, mais uma vez, ela teria o direito de fazer o que fez, acabar com serviço tão precioso?

Para mim, é uma questão ainda em aberto. Sou convidado de uma lista, ou tenho direito sobre ela? Não sei.

E você, acha que criar uma lista de discussão é plantar vento e colher tempestade? Ou quem deu sangue, suor, lágrimas e tanto carinho pelo que criou, tem o direito de encerrar a conversa para acabar com próprio stress?

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

DEMOCRACIA
Milton Coelho da Graça

Queremos mais ou menos democracia?, 9/11

‘A democracia deve ser vista como um organismo vivo e sempre pensarmos sobre como pode ser aprimorada.

Em Atenas, Aristóteles, Platão e outros filósofos já conversavam no jardim Academos sobre o poder político – deve resultar da decisão de uma elite (aristos, os ótimos) ou de todos (demos, o povo)?

Ainda há quem ache – com boas ou más intenções – que o poder político deve ser dominado pelos mais ricos, os mais sábios, os mais devotos ou os mais fortes. Mas vamos circunscrever esta nossa conversa aos que louvam e continuam apoiando a vitória da democracia nas revoluções americana (1776) e francesa (1789).

Desde o princípio, uma das questões mais complicadas era determinar como fazer com que a vontade, os interesses e as idéias de todos os cidadãos estivessem representados nas assembléias em todos os níveis – da vila a toda a nação. Tive a grande alegria de testemunhar uma assembléia na praça principal de Apfenzell, único cantão suíço onde ainda se pratica a democracia direta (não sei se esta informação ainda é correta, mas foi o que me disseram na época, há umas duas décadas). E estou convencido de que a democracia direta – isto é, sem intermediários ou representantes – é a que mais se aproxima dos sonhos de Platão, Mirabeau, Danton, Jefferson, Hamilton e tantos outros.

Eles todos, entretanto, apoiaram, de uma forma ou outra, a democracia representativa. Mas não poderia ser de outra forma. Não havia possibilidade – como ainda não há hoje – de reunir todos os cidadãos de um país – nem mesmo de um estado ou de cidade com mais de 5 ou 10 mil habitantes – para decidir sobre a vigência de um imposto, uma lei criminal ou qualquer outro assunto que, numa democracia, exijam a opinião favorável de metade mais um dos cidadãos.

Foi por essas imposições – geográfica e populacional – que revolucionários nos Estados Unidos, na França e em outros países estabeleceram a democracia representativa, através de eleições que foram se tornando cada vez mais universais. Lembremo-nos que o conceito de ‘cidadão’ excluía inicialmente – e dependendo do país – mulheres, pobres, negros, imigrantes, etc. No Brasil até 1934 mulher não votava, mas em compensação podemos ter o orgulho de ter estendido o direito de voto aos analfabetos com a Constituição de 88.

Depois da II Guerra Mundial, começou a surgir um aperfeiçoamento democrático: o de submeter à decisão de todos os cidadãos com direito a voto alguns temas de maior importância, através de plebiscitos (mesmo antes da apreciação desses temas pelos parlamentos) e referendos (depois da apreciação parlamentar).

Não há a menor dúvida de que a democracia de um país é tão mais aperfeiçoada quando mais vezes é submetida diretamente aos cidadãos a decisão sobre temas importantes. Plebiscitos e referendos estão ocorrendo cada vez em maior número em quase todos os Estados americanos, todos os cidadãos da Comunidade Européia são chamados a decidir diretamente sobre questões básicas – Constituição, moeda etc. – e nós mesmos já fizemos experiências notáveis.

Portanto, não é a realização de plebiscitos e referendos que comprova o caráter autoritário de qualquer regime ou dirigente. Os argumentos contra um possível terceiro mandato de Lula, por exemplo, não podem se circunscrever a esse argumento. E há outras questões muito mais graves e deformadoras de nossa democracia do que consultas diretas ao povo.

O princípio fundamental da democracia – ‘cada pessoa um voto’ – foi escancaradamente desrespeitado pelo ‘pacote de abril’ do ditador Ernesto Geisel, exatamente para dificultar que a vontade da maioria dos cidadãos fosse a base do poder político. E até hoje nossos senadores, deputados e juízes (a letra e os princípios jurídico-políticos da Constituição de 88 são claramente contra o ‘pacote’) fazem de conta que nada estão percebendo. Por que? Deixo a cada um de vocês a interpretação, apenas constato.

Mas voltemos à questão teórica da evolução da democracia. Podemos já hoje antecipar, por conta dos avanços da tecnologia na informação, que, dentro de muito pouco tempo, qualquer um de nós poderá manifestar sua opinião sobre qualquer assunto, direta e imediatamente, de sua casa para o Tribunal Eleitoral e sem risco de fraude na transmissão ou na apuração. Portanto, a democracia direta não é um sonho, é uma possibilidade real e próxima. E, com ela, o fim da representatividade como elemento essencial da democracia.

A representatividade é que, até hoje, não conseguiu um modelo ideal. Se adota o voto proporcional, incorre no risco das deformações que vivemos aqui mesmo em nosso país. Se adota o voto distrital, incorre no risco de representar apenas interesses de todas as localidades, mas reduzindo a representação das correntes políticas minoritárias. Os Estados Unidos têm dezenas de partidos mas só um outro consegue vencer em determinado distrito eleitoral e, portanto, chegar à Câmara dos Deputados. Democratas e Republicanos usualmente dividem todas as cadeiras. No Reino Unido, a bancada do Partido Liberal Democrático (terceiro partido do país) na Câmara dos Comuns é proporcionalmente muito menor do que o número de seus eleitores em todo o país. A Alemanha adota um modelo misto, corrige alguns problemas mas aumenta outros.

A maior adoção de plebiscitos e referendos é altamente desejável porque impõe o princípio ‘cada pessoa um voto’ sem qualquer restrição imposta pelos grupos de interesses que se formam no Congresso. E, com a chegada inevitável da democracia direta, nenhum ‘pacote’, de abril ou qualquer outra natureza, conseguirá sobreviver.

Que tal incluirmos sempre dois ou três plebiscitos/referendos (de caráter nacional, estadual ou municipal) em todas as eleições, para o povo ir se acostumando a ser diretamente responsável, como já fez em relação ao parlamentarismo e ao desarmamento?

(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Lições do Mestre Witter, 8/11

‘Poucas pessoas conheço

com amor no endereço

(Nei Duclós in Novos Poemas)

Lições do Mestre Witter

O jornalista, historiador, professor e escritor José Sebastião Witter foi assistente de Sérgio Buarque de Holanda, ensinou na USP, dirigiu o Instituto de Estudos Brasileiros, o Museu do Ipiranga, e transformou o Arquivo do Estado num organismo cultural vivo e útil.

Porém, de todas as atividades deste homem tão, digamos, plural, duas foram as mais prazerosas: auxiliar do técnico Manolo no Serra Morena, time de dentes-de-leite do Pari, subúrbio da Zona Leste de São Paulo, e editor de ‘Túnel do Tempo’, seção que a revista Jornal dos Jornais manteve em sua breve existência.

Quando este colunista criou a revista, em 1999, pensou em iluminar o caminho dos estudantes de Comunicação oferecendo-lhes textos imortais da cultura brasileira e se lembrou do vastíssimo e eclético talento de José Sebastião Witter. Jornal dos Jornais nos deixou, porém é abastada sua herança e prova disso é que o ‘Túnel do Tempo’ virou livro e, com este mesmo título, chega às livrarias numa bem-cuidada edição do Ateliê Editorial. Recomenda-se a leitura.

Jornalista escritor

O considerado Audálio Dantas, que felizmente não pára quieto, criou o I Salão Nacional do Jornalista Escritor como parte das comemorações do centenário da ABI.

De 14 a 18 deste mês estará reunido no Memorial da América Latina um grupo desses torturados do texto, os quais, ainda não exauridos pelas agruras dos leads e sub-leads das matérias jornalísticas, resolveram enselvar-se nos descaminhos da literatura.

Visite o site e conheça todos os detalhes de tão insueto acontecimento.

De faraós e faraonas

Sempre atento às esquisitices da imprensa, o considerado Fábio José de Mello passeava pela internet quando deparou com esta preciosidade do BOL:

Sofia Loren continua inteira aos 73 anos; múmia de Tutancâmon é revelada.

Impressionado, Fábio perguntou aos botões do Datena:

Seria a atriz italiana um faraó? Sendo assim, o que seria a Dercy Gonçalves? E a rainha Elizabeth? Agora, cá entre nós, Sofia Loren realmente ainda bate um bolão…

Confira aqui a notinha de ‘Imagens do Dia’ com data de 4/11, e lembre-se de que não existe feminino de faraó; Janistraquis lembra que, se você está pensando em faraona, saiba que esta é galinha d’angola para os italianos.

Polvos e lulas

Cheio de tentáculos e ventosas, o enorme polvo ilustrava a capa do UOL, acompanhado do seguinte título:

PESCADORES APANHAM LULA GIGANTE EM NITERÓI (RJ)

Janistraquis, que nos velhos tempos foi auxiliar de cozinha num restaurante especializado em frutos do mar, debochou:

‘Considerado, os TREs deveriam cassar o título eleitoral de jornalistas que não sabem a diferença entre polvo e lula.’

É justo. Todavia, já não devem sofrer quaisquer sanções os que confundem braquiópodes com briozoários.

(Os telejornais noturnos mostraram em detalhes que o bicho era realmente uma lula; eu quis apagar a notinha, porém meu secretário perorou: vamos publicar assim mesmo, considerado, porque precisamos pagar pelo açodamento e a irresponsabilidade, assim como o Grupo Tortura Nunca Mais, segundo notícia da Folha reproduzida no Blogstraquis.)

Insistem na idéia de jerico!

O considerado Anastas Miranda Rakayan, empresário paulistano, envia matéria que considerou ‘assustadora’, publicada na Folha de S. Paulo e que espreitava o leitor com este título e olho:

REMÉDIOS SEM RECEITA MÉDICA

Riscos de automedicação incluem os remédios de venda livre; veja cuidados que devem ser tomados com medicamentos como antigripais, analgésicos, colírios e descongestionantes.

Anastas garante que a matéria faz parte de uma campanha já antiga, que volta periodicamente e pode criar seriíssimos problemas à população brasileira:

‘Se essa idéia maluca for adiante, toda vez que o consumidor precisar desentupir o nariz ou curar uma simples dor de cabeça, terá que apresentar receita médica na farmácia. Como o povão costuma perder horas e horas nas filas da Previdência Social, teremos confusão mil vezes pior do que ocorre no apagão aéreo…’

Janistraquis, que anda num pessimismo de torcedor do Vasco, imaginou logo o sujeito necessitado de supositório, obrigado a fazer exame de retoscopia toda vez que precisar renovar o estoque.

(Leia no Blogstraquis a íntegra da horripilante matéria.)

Nei Duclós

O considerado domador de versos volta à liça com afinada (e afiada) inspiração. Leia no Blogstraquis a íntegra de Amor aos Poucos, cujo excerto é a epígrafe desta coluna.

Duas Coréias

A propósito de reportagem do Correio Braziliense, texto que leu e desaprovou, o considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, de cujo varandão debruçado sobre a indigência mental avistam-se os escombros do terceiro mandato, pois Roldão leu a tal matéria e aproveita para informar:

Os Estados Unidos planejam, em 2008, reduzir seu efetivo na Coréia do Sul de 37 mil para 25 mil militares, que seriam alojados em uma nova base, em Pyeongtack, um pouco mais longe da fronteira com a Coréia do Norte.

Vale a pena destacar que os EUA mantêm forças militares em 134 países dos 192 existentes no mundo, somando um total de 510 mil soldados no exterior. Só na Europa, há 116 mil militares. A guerra fria acabou, mas o Império continua com o controle rígido.

Janistraquis mete a colher para lembrar que quem tem c… tem medo!!!

Frase de alagoano

Janistraquis recebeu a seguinte mensagem do considerado Claudio Humberto:

Ao contrário do que informou no Comunique-se, foi publicada originalmente em minha coluna/site, no dia 03/out/2007 a frase atribuída a um ‘jornalista mineiro-paulistano’. Como pode verificar no nosso site, a nota foi a seguinte:

Cansei do ‘esse’ – 03/10/2007 00:00:00

Inspirado no governador do DF, José Roberto Arruda, que ‘demitiu’ o gerúndio, o presidente Lula decidiu em causa própria: vai demitir o plural.

(Pede-se encarecidamente aos gentis colaboradores deste espaço democrático que não deixem de dar crédito às frases alheias; do contrário, a coluna há de cometer outras injustiças, né mesmo?)

Prostituição

Janistraquis ficou tristíssimo com esta manchete de jornal:

CCJ da Câmara rejeita projeto que legaliza a prostituição

Eu quis saber o motivo de tanta consternação deste velho amigo do autor do projeto, o nobre deputado Fernando Gabeira, e meu secretário respondeu, com olhos marejados:

‘Ah!, considerado, é que fico a pensar na situação de mães, irmãs e filhas de tanta gente boa deste brazilsão que, no fundo, bem no fundo, a gente ama de verdade…’.

É libanês!!!

Janistraquis, cujas opiniões e premonições são tão polêmicas como o Rolex de Luciano Huck, aproximou-se com aquele ar conspirador próprio dos petistas irremissíveis:

‘Considerado, o Zé Julinho da Farmácia me garantiu que Nossa Senhora lhe apareceu em sonho e revelou: o Sírio de Nazaré não é sírio, mas libanês…’

Nota dez

O considerado José Nêumanne escreveu no Jornal da Tarde, de São Paulo, sob o título AS ORDENS INÚTEIS DO COMANDANTE JOBIM:

Diante da notícia da queda do Learjet 35 da Reali Táxi Aéreo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, tomou a providência que era capaz de tomar: mandou o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Allemander Pereira Filho intensificar a fiscalização da aviação geral, que abrange jatos particulares, táxis aéreos e helicópteros.

Comportou-se como de hábito: disparou ordens para onde o nariz apontou querendo dar a impressão de que, ao contrário do antecessor, o inerte Waldir Pires, decide. Não importa que decisões toma, mas está sempre disposto a decidir. Para o bem ou para o mal, dá ordens. Mesmo que elas sejam inócuas, inúteis e ninguém seja obrigado a cumpri-las.

Leia no Blogstraquis a íntegra do formidoloso artigo.

Errei, sim!

‘MALES DA IDADE – Recomendei a meu secretário para ficar em cima da Coluna do Brickmann, na Folha da Tarde, e também lesse, todos os dias, a coluna da Alik Kostakis. Janistraquis respondeu, com algum cinismo:

‘Considerado, o Carlinhos Brickmann eu leio sempre, que é pra morrer de rir; mas a da Alik eu sinto muito, já passei da idade…’.

E me mostrou recorte da coluna da Alik, de 5 de outubro, com a transcrição de duas cartas de sua vasta correspondência. A primeira dizia: ‘O leitor Joaquim Couto, do alto de seus 88 anos(…)’; a outra era pior: ‘Tereza Pereira de Barros Fraga Moreira, que completou seus 95 outubros(…)’.

Dei razão a Janistraquis.’ (outubro de 1987)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 65 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.

MERCADO
Eduardo Ribeiro

Um brasileiro na Comunicação da GM Europa, 7/11

‘Nelson Silveira foi por uma temporada da equipe da sucursal do Jornal do Brasil, em São Paulo, ali trabalhando num dos mais difíceis momentos, quando a crise já havia se instalado no diário de uma forma avassaladora. Acabou saindo e por essas oportunidades da vida acabou abandonando o dia a dia das redações por um convite que recebeu da General Motors do Brasil, para ocupar uma das gerências de imprensa da montadora. Foi, viu e venceu, ali ficando por alguns anos até surgir uma oportunidade no Exterior, na fábrica de Azambuja, em Portugal. Aceitou o desafio, sabedor de que não era pouca encrenca a que teria pela frente: ser o porta-voz da empresa no difícil período de transição para o fechamento da fábrica. Cumprida a missão, surgiu para ele um novo convite, desta vez um pouco mais para dentro do continente europeu, mais precisamente em Zurique, na Suíça. É lá que ele está morando e trabalhando desde fevereiro, na sede da General Motors Europa. É um dos raros brasileiros a ocupar uma função executiva de comunicação corporativa em empresa multinacional naquele continente. Nelson falou na última semana sobre essa experiência em entrevista exclusiva.

Jornalistas&Cia – Como tem sido seus passos profissionais nessa jornada na Europa?

Nelson Silveira – Como você sabe, e carinhosamente anunciou no J&Cia, estou desde fevereiro em Zurique, trabalhando na sede da GM Europa. Depois de ter aprendido muito com o Pedro Luiz Dias e com o José Carlos Pinheiro Neto, tenho a felicidade de aqui trabalhar com uma profissional de grande talento, a Julie Hamp. Julie comandou a comunicação da divisão GM LAAM (que inclui o Brasil) até o ano passado e assumiu há pouco mais de um ano a Vice-Presidência de Comunicação da GM Europa. Depois da experiência em Portugal, tenho agora a oportunidade igualmente preciosa de aprender a gerenciar um universo de comunicação corporativa em uma dimensão continental.

J&Cia – E a experiência de fazer Comunicação Corporativa para uma indústria automobilística americana no continente europeu?

Nelson – Eu costumo dizer aos amigos que considero esta experiência uma espécie de PhD em Comunicação Corporativa, já que tenho a oportunidade de liderar projetos que envolvem mais de 30 países, relacionando-me com as equipes locais de comunicação da GM. Além disso, tenho também a oportunidade de me relacionar com repórteres e editores de algumas das mais importantes mídias européias e globais, como Financial Times, The Economist, Wall Street Journal, Reuters, Bloomberg, Dow Jones, El País, La Republica, Le Figaro, entre outros.

J&Cia – Quais os projetos nos quais você tem trabalhado ultimamente?

Nelson – Três deles foram particularmente desafiadores: 1 – Criação de uma newsletter mensal sobre comunicação corporativa para todos os comunicadores da GM na Europa. O objetivo é manter a equipe informada sobre as principais mensagens da companhia no momento, o que está acontecendo de importante e deve ser partilhado com a mídia. Além de informação atualizada sobre os bastidores da indústria; 2 – Criação de um serviço de clipping de notícias pan-europeu para a diretoria e os comunicadores, que inclui um portal na internet com várias funcionalidades e uma newsletter diária com as notícias mais importantes do dia dos principais mercados europeus com um resumo em inglês. Uma ferramenta fundamental para acompanhar o desempenho das nossas marcas na mídia com mais eficiência e celeridade; e 3 – Desenvolvimento da comunicação para o anúncio da criação de uma joint-venture da GM no Uzbequistão, com início da produção local de vários modelos da Chevrolet desenvolvidos pela GM DAT na Coréia.

J&Cia – E você acumula outras responsabilidades na companhia?

Nelson – Sou também responsável, entre outras coisas, pela comunicação de Vendas e Marketing para toda a Europa, o que inclui a elaboração de releases trimestrais sobre o desempenho de vendas da companhia na Europa, além do desenvolvimento de uma agenda específica de entrevistas, conferências e eventos especiais sobre o tema.

J&Cia – E quais têm sido os resultados desse trabalho?

Nelson – Temos um serviço bastante eficiente de monitoramento de mídia e nosso desempenho em termos de imagem corporativa na mídia européia teve uma evolução significativa, saindo do negativo/crítico, para positivo/muito positivo nos últimos meses, o que é uma conquista importante, considerando todos os desafios que temos enfrentado no processo de reestruturação da empresa em termos locais e globais.

J&Cia – Sobra tempo para viagens e outras atividades pessoais?

Nelson – Tenho tido a oportunidade de viajar bastante, tanto a trabalho quanto a passeio, conhecendo melhor novos mercados, economias, culturas e, como ninguém é de ferro, aproveitando para aprimorar meus conhecimentos em gastronomia e vinhos. Aliás, viver em Zurique é geograficamente muito adequado, já que estamos no centro da Europa, com fácil acesso a todo o continente.

J&Cia – E o futuro?

Nelson – Ainda tenho mais quase dois anos de missão pela frente aqui na Europa, portanto, bastante trabalho a vista.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’

O XIS DA QUESTÃO
Carlos Chaparro

Uma reflexão sobre o caso Júlio Lancellotti, 5/11

‘Se as provas existem, que sejam reveladas, em nome do direito à informação; se elas não existem, e até que surjam, que não se faça a burla da informação em títulos que induzem à imputação de culpa sem garantia de veracidade. Esse tipo de jornalismo tem nome. Chama-se leviandade, pelo alto risco de calúnia em que incorre, podendo gerar mutilações morais irreparáveis.

1. Julgamento feito

Graças o ato de solidariedade organizado por três centenas de amigos e admiradores, o padre Júlio Lancellotti pôde, finalmente, quebrar o seu silêncio em condições de ser visto, ouvido e lido pelo Brasil. Para o sucesso da manifestação, os organizadores convocaram a grande mídia da informação diária , porque – sabem eles e sabemos todos – não existe acontecimento sem notícia. Assim, além de ter ocupado espaço relevante nos principais telejornais na noite de sexta-feira, o padre ganhou, na manhã seguinte, espaço nobre e destaque de protagonista nos grandes diários do São Paulo e Rio. Teve, portanto, o seu desabafo espalhado pelo país inteiro, já que uma notícia dessas corre veloz por todos os circuitos e redes da informação.

Em sua fala, o padre Júlio não revelou nada além do que se poderia esperar de um homem acuado. Com alguns argumentos, mas também com titubeios inesperados, reafirmou inocência quanto às acusações feitas pelos meliantes que o extorquiam – e todos sabemos quais são essas acusações.

Na mesma manhã de sábado em que, pelos jornais e pela internet, Júlio Lancellotti sedimentava no Brasil a seu lamento de vítima, resolvi telefonar a uma amiga jornalista para com ela trocar idéias para este texto. Mal comecei a falar sobre as dificuldades éticas e deontológicas que um caso destes coloca a quem, nas redações, tem a responsabilidade de titular e dar acabamento às matérias, ela me interrompeu:

– Neste caso, Chaparro, o julgamento está feio. Quando aqui em casa se fala do padre Júlio Lancellotti, o meu filho de dez anos logo exclama: ‘Aquele, o pedófilo?!’.

As manchetes sobre casos escandalosos têm esse poder, o de induzir a opinião pública a julgamentos imediatos, principalmente quando as histórias envolvem pessoas famosas e comportamentos que contrariam as expectativas sociais. Por mais que no texto das reportagens se usem inúteis jargões de prudência jurídica do tipo ‘suposto’ e ‘supostamente’, o que dá tom e vigor à mensagem é a idéia mais forte socializada pelo grito preponderante dos títulos. E neste caso, ao darem eco objetivo, sem ressalvas, ao que um bandidão dizia, o que os títulos dos jornais e os destaques dos telejornais gritaram foram acusações de pedofilia contra o padre Júlio Lancellotti.

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Os jornalistas sabem muito bem o estrago que podem provocar com o alto calibre da arma que têm em mãos, quando chega a hora de titular e editar matérias sobre escândalos envolvendo gente famosa, principalmente quando se trata, também, de gente tida como respeitável. Por isso, em tais situações, jornalistas e jornais eticamente responsáveis adotam procedimentos de prudência – coisa que faltou, por exemplo, no emblemático caso da Escola Base.

Prudência não quer dizer amaciamento da informação. Prudência significa procedimentos de rigor, precisão, honestidade e convicções éticas, tanto na apuração e aferição de informações quanto nas ações de dar forma, acabamento e discurso gráfico às matérias. Dos jornais que li, no acompanhamento deste caso, apenas O Estado de S. Paulo deu sinais perceptíveis de prudência jornalística, na cobertura do escândalo que agita São Paulo.

2. Falso antagonismo

Convenhamos que não é fácil o trabalho de quem tem de tomar decisões jornalísticas rápidas e irreversíveis, na cobertura de um caso como este. O padre Júlio Lancellotti tem o seu nome associado ao discurso e à militância (religiosa, política e social) dos direitos humanos. É um nome respeitado e querido nas áreas em que se luta por justiça social e dignidade humana. E o vínculo do seu nome a valores fundamentais dos ideários humanistas solidificou no espaço público expectativas de comportamento brutalmente destruídas pela suspeição de pedofilia que a forma de noticiar o caso transformou em verdade estigmatizante. Com danos talvez já irremediáveis em pessoas e instituições.

Oxalá que não, mas pode ser que tudo se venha a confirmar. Ou que a verdade final confirme a inocência do padre Júlio, e oxalá que sim. Ninguém hoje tem qualquer certeza sobre o que é verdade e o que é mentira, e isso vale tanto para as acusações de corrupção de menores quanto para a questão da origem do dinheiro passado ao chantagista. E aí está o xis da questão: na dúvida, o que tem de se sobrepor nos critérios jornalísticos, como valor preponderante, é a proteção a dois direitos que jamais deveriam ser sacrificados – até porque cada um de nós os exige para si próprio: o direito à honra e o direito à presunção de inocência.

Significará isso sacrificar o direito à informação?

Claro que não. É preciso acabar com essa simplificação dicotômica, que opõe o direito à informação a outros direitos fundamentais, como o da honra e da presunção de inocência.

Quando se trata de assuntos sérios e de jornalismo sério, não há qualquer conflito entre o direito à informação e os direitos à honra e à presunção de inocência. E isso pelo simples e fundamental detalhe de que o direito à informação tem implícito, como pressuposto indispensável, a exigência e a certeza da veracidade. Sem veracidade não há notícia nem se satisfaz o direito de ser informado. E sem a certeza da veracidade, há que controlar o risco de, em vez de noticiar, se estar socializando a fraude da notícia.

3. Perigos do ‘off’

Ora, quem nas redações tem a certeza de que o padre Júlio Lancelloti é autor de comportamentos pedófilos? Quem, entre os que fizeram títulos com essa sugestão, têm provas que possam confirmar tal suposição?

Se as provas existem, que sejam reveladas, em nome do direito à informação; se elas não existem, e até que surjam, que não se faça a burla da informação em títulos que induzem à imputação de culpa sem garantia de veracidade. Esse tipo de jornalismo tem nome. Chama-se leviandade, pelo alto risco de calúnia em que incorre, podendo gerar mutilações morais irreparáveis.

No caso em questão, repetiu-se o que com frequência acontece em dramas parecidos: boa parte do noticiário brota de informações em ‘off ‘ passadas por policiais não identificados, e não é pouca coisa. Pelo que sei, o Estadão teve a prudência de rejeitar informações em ‘off’ de origem policial trazidas pelos repórteres. Outras redações não impuseram aos seus repórteres o mesmo grau de exigência. Mesmo o famoso ‘segundo a Folha apurou’, que a Folha de S. Paulo utiliza como código (ignorado pela maioria dos leitores) para dizer que pelo menos duas fontes foram ouvidas, não assegura veracidade à informação publicada, porque, como método, não tem valor de aferição.

Além do mais, como agravante a exigir cuidados maiores, sabe-se que não são nada amistosas as relações entre o padre Júlio Lancelloti e a polícia de São Paulo. Há três anos que o sacerdote, até com manifestações de rua, cobra do poder público (entenda-se ‘da polícia’) a identificação e a prisão dos culpados pelo assassinato de sete moradores de rua, em agosto de 2004, no centro de São Paulo. E esta seria razão mais que suficiente para cercar de cuidados informações vindas de fontes policiais não identificadas.

Claro, devemos levar em conta que a notoriedade e a imagem social de Júlio Lamcellotti, a gravidade das denúncias a apurar e a importância dos valores éticos e morais colocados em jogo, dão à sociedade o direito de saber a verdade dos fatos. Direito, entretanto, que impõe à imprensa o dever jornalístico de alcançar e revelar, com rigor e honestidade, nada mais nada menos que a verdade dos fatos. Evitando, portanto, leviandades de método, de forma e de tom que induzam até crianças de dez anos a julgamentos antecipados.

(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’

JORNALISMO
Antonio Brasil

Presidência da AP acusa jornalismo de ignorância e arrogância, 5/11

‘‘Parem de viver no passado. Comecem a liderar o futuro. Temos que deixar de lado nossas ignorâncias institucionais e perceber a nova realidade do jornalismo na era da Internet’.

Este foi um dos principais alertas de Tom Curley, CEO da Asssociated Press, a maior, mais tradicional e poderosa empresa de jornalismo do planeta. Em discurso para executivos do setor na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, na semana passada (ver aqui) ele também fez questão de fazer o mea culpa e indicar novos caminhos:

‘A primeira coisa que temos que mudar é a nossa atitude. Nossa arrogância tem nos feito mais mal do que qualquer portal na Internet’.

Tudo a ver.

O alerta também serve para os nossos executivos. Não podemos continuar sonhando com um passado idílico que provavelmente jamais existiu. Temos que parar de chorar e aproveitarmos o momento para desenvolver novos formatos de produção e transmissão de notícias. Estamos diante de uma nova e irreversível realidade.

Ou nos adaptamos a esse novo cenário ou deixaremos de ser relevantes. Não deixaremos de existir. Mas nos tornaremos algo exótico, nostálgico e… inútil.

Desastre iminente

Tom Curley critica as empresas jornalísticas: ‘Deveríamos deixar de pensar como ‘gatekeepers’, selecionadores ou filtros de informação’. E complementa: ‘Temos que atingir, nos aproximar do público novamente. Hoje, eles estão acostumados a receber notícias em tempo real, produzidas em formatos específicos para o seu próprio jeito de ver ou ler notícias’.

Ou seja, não podemos mais impor modelos. Temos que nos adaptar a novas formas de percepção, produção e recepção de notícias. O fim da era das trevas, fim de um absolutismo arrogante que monopolizava a informação e impedia o público de participar na produção das notícias. Assim como no passado, com a ajuda de uma nova tecnologia, a tipografia, a sociedade se rebelou contra a arrogância da Igreja e dos governantes que a mantinha na ignorância. Os tempos mudaram. Os poderosos deixam de ser tão poderosos e estão muito preocupados.

O presidente da Associated Press reconhece a gravidade da situação e busca alternativas. Ele dirige uma grande empresa que no passado soube aproveitar uma ‘nova tecnologia’, o telégrafo, e uma nova forma de gestão, propriedade cooperativada nas mãos de milhares de jornais americanos, para garantir o seu espaço e crescimento. Há muitos anos a ‘invenção’ da AP foi a resposta do jornalismo aos desafios de novos tempos.

Hoje, virou mídia tradicional. Tem sofrido com a diminuição acelerada de tiragens dos jornais impressos e perdas ainda maiores de verbas publicitárias. Desenvolve novas tecnologias para a difusão de notícias na rede e busca parcerias com os novos portais como o Google e Yahoo. Mas o seu próprio gigantismo aliado a um sistema ainda tradicional e inflexível para garantir direitos, gerar fundos e fazer cobranças compromete o futuro.

O cenário é preocupante. Muitas grandes empresas jornalísticas tradicionais como a própria AP podem diminuir ou desaparecer. Enquanto isso, por aqui no Brasil, ‘a Globo sofre’. Segundo matéria de capa de CartaCapital, ‘de março a agosto deste ano, a emissora padece de uma inédita queda na audiência, enquanto a Record cresce e o SBT fica à espreita’. O mundo muda. Não necessariamente para melhor, mas sempre muda. Mais uma vez, os pequenos crescem e os grandes não desaparecem, mas diminuem.

Tom Curley faz questão de indicar que ‘sempre haverá espaço para as mídias tradicionais como os telejornais noturnos e os jornais entregues em casa. O problema é que esse espaço deve diminuir ainda mais’.

Ou seja, não adianta adiar soluções ou negar os fatos. Assim como a humanidade luta para sobreviver diante de um novo cenário de mudanças climáticas, as mídias tradicionais buscam alternativas para evitar o desastre cada vez mais iminente e evidente.

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora televisão.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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