Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Do trabalho competente ao gênero apelativo

O jornalismo na televisão brasileira tornou-se o melhor difusor da informação – afinal, ainda é o meio mais acessível a todos os lares do país. O que as emissoras levam até nossas casas é, muitas vezes, resultado de um jornalismo bem trabalhado, às vezes chamativo, às vezes apelativo.

Quem sou eu, mero estudante de Jornalismo, para apontar casos em que a televisão está ou não errada na forma como se trabalha o gênero. Vou apresentar aqui, então, o meu ponto de vista de cidadão, de telespectador.

O Jornal Nacional, exibido pela Rede Globo, produz reportagens muito bem feitas, de relevância nacional, porém não se preocupa muito se o telespectador está entendendo. Lembro-me de passagem o caso do povo brasileiro ser comparado ao personagem Homer Simpson.

De forma geral, o jornalismo da Rede Globo é o melhor da atualidade. Quando querem investigar algo, vão até o fim para mostrar a verdade. Entrevistas exclusivas, nem se fala.

Celebridades, festas, badalações

Temos o jornalismo do SBT que, pelo menos por enquanto, não representa muita coisa de forma geral. As reportagens do SBT Realidade, com a jornalista Ana Paula Padrão, são as melhores da casa – ou seja, é o único que se salva. O que todos sempre reclamam é que a mudança constante e repentina na grade do SBT nunca fará com que as pessoas se programem para acompanhar os noticiários exibidos pela emissora.

Voltando no tempo, o SBT esculachou com o jornalismo quando colocou na bancada do principal jornal da casa Cintia Benini e Analice Nicolau para apresentar as notícias mais importantes do momento, ambas participantes do extinto reality show Casa dos Artistas. A questão não era o lado profissional, e sim, saber se os telespectadores prestavam atenção nas pernas ou nas notícias.

Para não deixar de citar, a Rede TV trabalha com o jornalismo mais social do que todos os outros juntos, sempre no meio de celebridades, festas, badalações…

Conteúdo baixo

E, para finalizar, tem o jornalismo adotado pela Rede Record, que, a caminho da liderança, só serve para mostrar tragédia alheia. No domingo (1/3), o programa Domingo Espetacular lembrou o caso Nardoni, numa entrevista com os pais de uma garota que foi torturada e morta numa praia da Bahia. E o Balança Geral? Sem comentários.

É necessária uma revisão do jornalismo apresentado na televisão brasileira. Programas jornalísticos são os únicos sobreviventes da leva em que podemos ainda assistir com a família, com os filhos, sem nos preocuparmos com conteúdo baixo ou apelativo. Mas cá entre nós: tem hora que só não sai sangue da tela por que ainda não chegaram nessa tecnologia.

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Estudante de Jornalismo, São Paulo, SP