Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Documentário investiga cobertura de guerra

O programa Frontline, da emissora de TV pública americana PBS, levará ao ar esta semana a primeira parte do News War, um documentário sobre a cobertura da guerra do Iraque que tentará mostrar como a grande mídia dos EUA esteve vulnerável às articulações do governo americano para manipular as notícias sobre o conflito. O especial é comandado pelo jornalista investigativo Lowell Bergman, vencedor do Pulitzer cuja entrevista com um ex-executivo da indústria do tabaco no programa 60 Minutes, da CBS, foi representada no filme O Informante.

O jornalista traz ao debate diversas questões: como a Casa Branca influencia no agenda setting, ou seja, no que é discutido na grande mídia; a relação de repórteres com as fontes confidenciais; a cobertura de fatos envolvendo segurança nacional e as transformações econômicas vividas pela indústria da mídia. Nas quatro horas do documentário, Bergman volta quatro décadas e remonta à administração de Richard Nixon, que esteve em conflito com a mídia até o auge do escândalo Watergate, denunciado pelo Washington Post e que levou à saída do presidente do poder.

Mídia sitiada

Em sua primeira parte, apresentada no dia 13/2, o programa pretende expor como o governo vendeu seu ponto de vista à grande mídia ao plantar dicas confidenciais que apoiavam sua alegação de que havia armas de destruição em massa no Iraque. ‘A maneira como a imprensa foi vendida e enganada pela Casa Branca no pré-guerra representa mais do que uma matéria perdida, um fato não percebido’, opina o analista de mídia Jay Rosen, no filme. ‘Como podemos dizer que temos uma imprensa que monitora o governo depois de uma performance dessas?’.

No dia 20/2, o documentário continua com uma investigação sobre o quanto a mídia pode revelar sobre programas secretos do governo na guerra ao terror sem prejudicar a segurança nacional. Além disto, o programa explora as pressões sofridas por repórteres que querem proteger suas fontes confidenciais. ‘A questão é: o que a mídia tem permissão para fazer? Quais privilégios ela deveria ter?’, questiona Bergman, que é atualmente professor de jornalismo investigativo na Universidade de Berkeley, na Califórnia. ‘A conversa com um repórter é similar a uma com o seu médico, na qual a confidencialidade é legalmente protegida e amplamente apoiada?’.

No dia 27/2, a terceira parte faz uma previsão de como será o futuro da mídia, que vem sofrendo pressões de mais lucros por seus investidores e proprietários, ao mesmo tempo em que sofre os desafios impostos pelas novas tecnologias. Encerrando, no dia 27/3, a quarta parte trata da mídia internacional e revela as forças mundiais que influenciam o jornalismo e a política nos EUA. Esta parte aborda a emissora de TV al-Jazira e analisa como ela mudou a mídia árabe e ganhou importância no mundo.

Um sítio complementa o documentário, com entrevistas adicionais e informações sobre o tema – que, em outra época, ficariam ‘encaixotadas’, nota Bergman. ‘O que você espera da mídia? No mundo de hoje, suas expectativas podem ser atingidas?’, resume ele sobre a atual situação. Informações de Frazier Moore [AP, 8/2/07].