Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Documentário polêmico leva Egito a cancelar amistoso


A Federação de Futebol Egípcia cancelou na semana passada um jogo amistoso contra o Irã, que seria realizado no dia 20/8 nos Emirados Árabes Unidos, devido a um filme iraniano crítico ao ex-presidente egípcio Anwar Sadat. ‘Decidimos cancelar o jogo por conta de possíveis tensões na relação entre Cairo e Teerã, após a exibição do documentário’, disse o presidente da federação Samir Zaher, depois de ter entrado em contato com o ministério do Exterior do Egito. No começo do mês, o ministro do Exterior do Egito, Ahmed Abul Gheit, criticou o filme e pediu ao governo do Teerã para realizar um protesto formal sobre ele.


O documentário, chamado Assassinato de um Faraó (tradução livre), exibido na TV iraniana, afirma que Sadat foi morto por ter assinado o Acordo de Camp David em 1978, que levou ao tratado de paz com Israel no ano seguinte – o primeiro feito com um país árabe. Os produtores do longa alegam que se trata do ‘assassinato revolucionário do presidente egípcio traidor pelas mãos do mártir Khaled Islambouli’. O militante islâmico Islambouli foi um dos que atiraram em Sadat em uma parada militar no Cairo, em 1981. Ele foi condenado e enforcado em 1982. No Teerã, há uma rua com seu nome em sua homenagem.


Relações delicadas


As relações diplomáticas entre o Egito e o Irã pioraram a partir de 1980, um ano após a revolução islâmica, por diversos motivos, como o reconhecimento de Israel pelo Egito e o apoio ao Iraque durante a guerra no Irã de 1980 a 1988. Recentemente, os dois países haviam se aproximado, assinando um protocolo de intenções para restabelecer a paz. Em janeiro, o presidente egípcio Hosni Mubarak chegou a conversar com o porta-voz do parlamento do Irã, Gholam Ali Hada Adel – o primeiro encontro do tipo em 30 anos. Informações da AFP [18/7/08].