Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

As fontes anônimas e um atleta em apuros

A história de Patrick J. Witt, atleta da universidade de Yale dividido entre jogar sua primeira final de futebol americano contra o time de Harvard e participar de uma entrevista para concorrer a uma bolsa de estudos Rhodes, de Oxford, rendeu uma matéria pesadano New York Times, envolvendo acusações de assédio sexual e recheada de fontes anônimas, comenta o ombudsman Arthur S. Brisbane, em sua coluna [4/2/12].

Witt acabou optando pelo futebol americano e, agora, dois meses após o drama, o artigo do NYTimes alega que a aparente escolha de lealdade à equipe não foi, na verdade, uma escolha: diz o texto que Witt não concorria mais à Rhodes quando sua decisão foi anunciada, no dia 13 de novembro. Dias antes do anúncio, o Conselho da Rhodes descobriu que uma amiga de Witt o havia acusado de assédio sexual. Ele foi suspenso da candidatura, a não ser que a universidade o indicasse novamente.

O artigo do NYTimes, publicado em página inteira na seção de esportes no dia 27 de janeiro, tinha fontes anônimas. O jornal não falou com Witt – que não respondeu aos telefonemas, mensagens de Facebook e emails – ou com a estudante envolvida. Nem Yale ou a organização da Rhodes quiseram se pronunciar.

Tema secundário

Leitores notaram o uso de fontes anônimas – e reclamaram. Segundo Dean Baquet, chefe de redação, a acusação tinha de ser publicada porque foi a razão de ele ter perdido a oportunidade de concorrer à prestigiosa bolsa de estudos. Mas, para o jornal, este foi um tema secundário. “A matéria não foi sobre a acusação de má conduta. Foi sobre o que estava por trás do caso”, disse Baquet.

Sob os procedimentos de Yale para lidar com acusações de assédio sexual, estudantes devem optar por abrir uma queixa formal ou informal – no caso, foi escolhida a maneira informal. Segundo o site da universidade, o procedimento informal não envolve investigação ou ela é limitada. O objetivo final é chegar a um acordo entre as partes.

De acordo com o agente de Witt, Mark Magazu, o caso envolveu uma mulher com quem o atleta tinha um relacionamento de idas e vindas, que acabou dois meses antes de a queixa ser aberta. A universidade mediou uma resolução confidencial. Magazu criticou o NYTimes por ter publicado a matéria sem ter falado com Witt ou com a mulher que fez a acusação. Ele também refutou a informação do jornal de que o atleta já não estava mais concorrendo à bolsa quando decidiu jogar.

O ombudsman tentou falar com todos os envolvidos e só conseguiu uma declaração da Rhodes alegando que Witt poderia continuar concorrendo depois de um endosso de Yale – fato que o atleta só ficou sabendo depois de ter optado por jogar. Para o ombudsman, a matéria foi injusta com Witt.