Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Editora desiste de publicar livro sobre Maomé

A editora Random House resolveu não publicar um romance sobre a noiva de Maomé, temendo que isso ‘incite atos de violência’. Jóias de Medina (tradução livre), primeiro romance da jornalista Sherry Jones, seria lançado na terça-feira (12/8) pela editora, que controlada pela Bertelsmann. A autora já havia agendado um tour de divulgação em oito cidades.

O romance conta a vida de A’isha, desde seu noivado com Maomé quando ela tinha apenas seis anos até a morte do profeta. Sherry se disse chocada quando recebeu a notícia, em maio, de que a publicação de seu livro seria adiada indefinidamente.

‘Escrevi de forma respeitosa sobre o Islã e Maomé’, disse Sherry. ‘Imaginei que meu livro seria um construtor de pontes’. Thomas Perry, publisher da Random House, disse em comunicado que a companhia foi ‘previamente aconselhada a atentar para o fato de que não só o livro pode ser ofensivo a alguns da comunidade muçulmana, mas também que poderia incitar atos de violência de vertentes radicais.’ Segundo reportagem de Edith Honan [Reuters, 8/8/08], Sherry está liberada para vender seu romance a outras editoras.

Sensibilidade muçulmana

A decisão causou cisões e críticas em blogs e círculos acadêmicos. Alguns compararam a controvérsia a casos anteriores em que retratos do Islã foram recebidos com violência.

Protestos irromperam em todo o mundo muçulmano em 2006 quando um jornal dinamarquês publicou um cartum do profeta Maomé usando um turbante que lembra uma bomba; pelo menos 50 pessoas morreram devido a ataques a embaixadas dinamarquesas.

Em 1988, o livro Versos Satânicos, de Salman Rushdie, foi recebido com violentos protestos pelo mundo muçulmano. Rushdie foi obrigado se esconder por muitos anos após o então líder religioso do Irã aiatolá Ruhollah Khomeini ter proclamado sua ordem de morte (fatwa).