Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Folha de S. Paulo

NORMAN MAILER
Denyse Godoy

Morre o escritor Norman Mailer, aos 84

‘O escritor Norman Mailer, expoente do ‘novo jornalismo’ e um dos maiores nomes da literatura americana do pós-guerra, morreu ontem pela manhã em Nova York, aos 84 anos, de falência renal aguda. No dia 17 de outubro, a família divulgou que ele estava internado no hospital Monte Sinai após realizar uma cirurgia no pulmão.

Vencedor do Prêmio Pulitzer em duas ocasiões (1968, com ‘Os Exércitos da Noite – Os Degraus do Pentágono’, e 1979, com ‘A Canção do Carrasco’, ambos fora de catálogo no Brasil), o escritor também era conhecido pelo estilo violento e por seu antagonismo ao feminismo. Romancista, ensaísta e repórter, publicou mais de 40 livros, transitando entre a ficção e a não-ficção.

Nesta semana, saiu seu último livro, ‘On God: an Uncommon Conversation’ (sobre Deus: uma conversa incomum), ainda inédito no Brasil, no qual critica o presidente George W. Bush e a guerra do Iraque. O romance ‘The Castle in the Forest’ (o castelo na floresta) foi lançado no início do ano nos EUA e deve ser publicado em dezembro no Brasil pela Companhia das Letras.

Mailer escreveu uma biografia de Marilyn Monroe e contou a história de Lee Harvey Oswald, assassino do presidente John Kennedy. ‘Uma coisa que eu sempre quis ser foi escritor’, comentou. ‘Queria escrever um romance que Dostoiévski e Marx, Joyce e Freud, Stendhal, Tolstói, Proust e Spengler, Faulkner e até o velho e mofado Hemingway quisessem ler.’

Trajetória

Judeu nascido em Long Branch, no Estado de Nova Jersey, em 31 de janeiro de 1923, o escritor cresceu no Brooklyn, em Nova York, cidade que testemunhou seu estilo de vida ruidoso -era fumante inveterado, mulherengo, bebia e sempre arrumava encrencas. ‘Nova York acaba comigo. Não consigo mais ficar a noite toda na rua e escrever no dia seguinte’, disse. Há dez anos, adotou o que chamou de ‘vida abstêmia’ e se mudou para Provincetown, Massachusetts, com a mulher, Norris Church.

Casou-se seis vezes e teve nove filhos. Em 1960, ele esfaqueou com um canivete a sua segunda mulher, Adele Morales, com quem estava desde 1954. Acabaram se reconciliando; e ela contou a sua versão do ocorrido na biografia ‘The Last Party’ (a última festa). Por conta desse episódio e de alusões a agressões sexuais em sua obra, era freqüentemente criticado pelo movimento feminista.

Formou-se em engenharia aeronáutica por Harvard em 1943 e e serviu no Exército durante a Segunda Guerra Mundial. A experiência é contada em seu primeiro romance, ‘Os Nus e os Mortos’, de 1948. Muito bem recebido pela crítica, o livro chegou ao topo da lista de mais vendidos.

Candidato à Prefeitura de Nova York em duas ocasiões, Mailer afundou a própria campanha ao chamar seus aliados de ‘bando de porcos mimados’. Descrevia-se como um ‘conservador de esquerda’ e dizia detestar o capitalismo.’

 

Carlos Eduardo Lins da Silva

Mailer repórter foi maior que o romancista

‘Norman Mailer prometeu a si mesmo e ao público que escreveria ‘o maior romance americano’. Não cumpriu. Produziu muitos livros bastante longos, mas no terreno da ficção só um foi importante: o primeiro, ‘Os Nus e os Mortos’, de 1948, fruto de suas experiências como combatente na Segunda Guerra Mundial. Se não inscreveu o seu nome entre os dos grandes romancistas do país, Mailer conquistou um lugar na história dos melhores jornalistas e dos mais intensos polemistas que os Estados Unidos conheceram.

Foi empurrado para o mundo dos ensaios e reportagens em revistas e jornais em parte a contragosto (precisava do dinheiro que a ficção não lhe proporcionava) e em parte por convicções políticas (tinha consciência de que os meios de comunicação lhe garantiriam mais proeminência no debate público do que os livros).

Com Tom Wolfe e Truman Capote, formou a santíssima trindade do ‘new journalism’, o gênero literário que mesclou as técnicas da ficção com o factualismo da reportagem.

‘Os Exércitos da Noite – Os Degraus do Pentágono’ (1968), sobre os protestos contra a Guerra do Vietnã, e ‘A Canção do Carrasco’ (1979), sobre Gary Gilmore, um assassino confesso que pediu para ser executado, estão entre os mais brilhantes espécimes desse tipo de literatura (ambos estão entre as cem melhores reportagens do século 20, selecionadas pela New York University).

Como um dos fundadores do jornal ‘Village Voice’ e freqüente colaborador de excelentes periódicos como ‘The New York Review of Books’, Mailer contribuiu enormemente para melhorar a qualidade do jornalismo americano e -por extensão- de todos os países que se deixaram influenciar por ele.

Mas Mailer foi muito além de simplesmente escrever. Tornou-se militante político e crítico ácido do estilo de vida americano, fascinado pelo papel preponderante que o sexo, a ambição e a violência exercem sobre a cultura nacional.

Iconoclasta, calculadamente agressivo, mas quase sempre instigante, talentoso, alcançava as manchetes da imprensa sensacionalista (ao esfaquear sua segunda mulher, por exemplo) com quase a mesma facilidade com que freqüentava o noticiário político, como ao se candidatar a prefeito de Nova York.

Apesar de ter sido tão famoso e importante, Mailer morreu ressentido por saber que seria lembrado na posteridade não pelos romances, mas pelo jornalismo.

Numa de suas últimas entrevistas, disse: ‘Eu acho que o romance é uma forma superior [ao jornalismo]. Como eu posso expressar isso? É muito mais difícil escrever um romance. Eu não concordo que eu vá ser mais lembrado como jornalista, embora eu concorde que muitos irão dizer isso. A ironia é que talvez eu tenha tido muito mais influência como jornalista do que como romancista.’

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA , livre-docente e doutor em jornalismo pela USP e mestre em comunicação pela Michigan State University, é diretor de relações institucionais da Patri Políticas Públicas.’

 

CULTURA
Gilberto Gil e Juca Ferreira

Mais Cultura para mais brasileiros

‘NESTA SEMANA , comemoramos o Dia Nacional da Cultura. Momento de celebrarmos a força e a riqueza de nossa cultura brasileira, mas também momento de olharmos para as dificuldades que enfrentam hoje os brasileiros para produzir, difundir e acessar o conjunto das manifestações culturais do país e do mundo.

Há cerca de um mês, o presidente Lula lançou o programa Mais Cultura, que tem mobilizado esforços não só do Ministério da Cultura mas também de todo o conjunto do governo federal, além dos diversos Estados e municípios brasileiros, para garantir mais acesso e mais condições para que a diversidade cultural brasileira possa se manifestar em sua plenitude.

Programa sem precedentes na história do país, não só pela abrangência e pelo envolvimento nacional das diversas esferas de governo e da sociedade mas também porque coloca a cultura em um novo patamar, como prioridade para o desenvolvimento brasileiro.

O Mais Cultura baseia-se num amplo diagnóstico produzido pelo ministério em parceria com o IBGE. O estudo mostra que 87% dos brasileiros nunca foram ao cinema, 92% nunca foram aos museus, 78% nunca assistiram a espetáculos de dança. Os dados também mostram que a população de baixa renda sacrifica cerca de 4% de seus orçamentos mensais para a cultura, o mesmo percentual destinado pelos mais ricos. Por que chegamos a essa situação?

Em parte porque, no passado, governos desinformados não reconheceram a cultura como agenda estratégica. Em parte porque o conceito de política cultural freqüentemente se restringia a uma política de investimentos em demandas artísticas, sem considerar as várias outras manifestações e dimensões que fazem parte da cultura.

Para enfrentar essa realidade, o programa Mais Cultura ataca três dimensões. A primeira é a garantia do acesso. Aos serviços culturais, à produção cultural brasileira e às condições para a livre manifestação. A segunda é trabalhar para que as atividades culturais possam contribuir para melhorar o ambiente social do país, a qualidade de vida do brasileiro. Já a terceira dimensão trata da economia da cultura, que hoje é o setor que mais gera emprego e renda no mundo.

No primeiro mandato, criamos centenas de Pontos de Cultura e museus comunitários e lutamos pela desconcentração regional do financiamento cultural. Invertemos a lógica do Estado tutelar e provedor e sua pretensão de ‘levar cultura’ aos mais pobres e apostamos no envolvimento direto dos grupos culturais no que diz respeito aos seus projetos, seus destinos e seus modos de vida.

Agora estamos articulando no governo federal um modelo de gestão eficiente e integrado, descentralizado, acompanhado diretamente por órgãos de controle, como a Controladoria Geral da União. Com o apoio de uma rede de parceiros públicos, privados e da sociedade civil, serão investidos 4,8 bilhões de reais em cultura até 2010. Chegaremos a todo o território nacional, principalmente às áreas e comunidades expostas à violência e fragilizadas em termos sociais, econômicos e educacionais.

Criaremos e modernizaremos centenas de bibliotecas e equipamentos culturais, de forma que não faltará biblioteca em nenhum município do país. Serão implementados 20 mil Pontos de Cultura, hoje são 650, que funcionam como núcleos vivos da cultura brasileira. Por meio deles, por exemplo, comunidades indígenas passaram a ter condições de gravar seus CDs e vídeos. Ampliaremos o programa com ações de preservação da memória das comunidades, brinquedotecas para as crianças, cineclubes para aumentar o acesso dos brasileiros à produção cinematográfica, além de diversas outras intervenções.

Em parceria com os bancos oficiais, já começam a funcionar as linhas de financiamento para as micro, pequenas e médias empresas do setor cultural, além de operações de microcrédito. O Mais Cultura também apoiará a produção de programas de qualidade para a nova televisão pública. Nove milhões de livros a preços populares serão editados e distribuídos.

Implantaremos também o Vale Cultura, que funcionará como o ticket refeição, mas voltado para o acesso a espetáculos e a compra de livros e CDs, por exemplo.

Convido vocês a participar dessa empreitada para fazermos valer o Mais Cultura: nos procurem, se informem, cobrem de seus representantes. Acompanhem o que estamos fazendo e façam da nossa casa, o Ministério da Cultura do Brasil, a sua própria casa.

GILBERTO PASSOS GIL MOREIRA , o Gilberto Gil, 65, músico, é o ministro da Cultura. JOÃO LUIZ SILVA FERREIRA , o Juca Ferreira, sociólogo, é secretário-executivo do Ministério da Cultura.’

 

GRAMPO
Andréa Michael

Nova lei da escuta vai identificar quem vazar informação

‘Concluído nesta semana, o projeto de lei do governo elaborado para regulamentar o uso de escutas telefônicas em investigações determina que as partes interessadas no caso terão acesso ao conteúdo monitorado por meio de cópias ‘identificáveis’. É o sinal mais claro de que um dos principais propósitos da lei está em conter o vazamento dos diálogos gravados com autorização judicial.

A proposta foi finalizada e enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva após oito meses de discussão travada entre representantes da Polícia Federal e do Ministério Público, sob a coordenação da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça.

A polêmica acerca do uso das escutas telefônicas pela mídia esfriou no texto final do projeto. Manteve-se o tratamento da lei em vigor, segundo a qual o conteúdo dos diálogos deve ser mantido sob sigilo e, em caso de violação, independentemente da forma, a pena pode chegar a dois anos de prisão.

Em 2003, quando começou a discussão sobre o tema, houve uma versão de projeto de lei que considerava a divulgação dos grampos pela imprensa como uma agravante do crime, ato punido com até quatro anos de cadeia. A referência acabou por enterrar o debate. O tema só foi retomado em março deste ano, na gestão de Tarso Genro na Justiça, com o propósito de conter o vazamento de informações relacionadas às investigações. Não há prazo ainda para envio ao Congresso.

Lula ficou aborrecido com a divulgação pela imprensa, como resultado da operação que a Polícia Federal batizou de Xeque Mate, de diálogos em que seu irmão Genivaldo Inácio da Silva, o Vavá, cobrava de interlocutores pagamento por serviços prestados de maneira supostamente ilegal.

A proposta para a lei das escutas também inova ao permitir o uso do monitoramento telefônico para investigar crimes punidos com pena de detenção. Hoje a ferramenta só é válida para casos cuja sanção é reclusão -crimes mais graves que os penalizados com detenção.

Se a proposta for aprovada pelo Congresso, será possível dispor do monitoramento telefônico para investigar, por exemplo, crimes ambientais. Na ‘exposição de motivos’ que Tarso enviou à Presidência há referência ao novo dispositivo.

Diz Tarso que ‘novas modalidades criminosas, como o tráfico de espécimes da fauna silvestre, comércio de armas, munições e explosivos, entre outros, por exemplo, admitirão, desde que preenchidos os outros requisitos, o uso desta forma de obtenção de provas’.

Ainda: ‘Trata-se de crimes graves, mas também particularmente adequados a serem investigados na forma prevista na lei, ou então, de crimes tipicamente cometidos por telefone, como o de ameaça’. Hoje, conforme o Código Penal, o crime de ameaça é punido com detenção. Com a nova lei, se for praticada por telefone, a gravação valerá como prova.’

 

PESQUISA
Folha de S. Paulo

Leitor da Folha está no topo da pirâmide social brasileira

‘O leitor da Folha está no topo da pirâmide da população brasileira: 68% têm nível superior (no país, só 11% passaram pela universidade) e 90% pertencem às classes A e B (contra 18% dos brasileiros). A maioria é branca, católica, casada, tem filhos e um bicho de estimação.

A maior parcela dos leitores tem entre 23 e 49 anos, é usuária de internet, faz exercícios e freqüenta restaurantes, shoppings, cinema e livrarias.

Sobre questões consideradas polêmicas, os leitores se posicionam a favor do casamento gay, da legalização do aborto, da reforma agrária e contra a pena de morte. São, por outro lado, contrários à descriminalização da maconha e a favor da redução da maioridade penal.

Esses são alguns dos principais resultados do Perfil do Leitor 2007 da Folha, realizado pelo Datafolha de abril a junho em 45 cidades do país. Foram feitas 93 perguntas a 1.556 entrevistados entre assinantes, compradores em banca e secundários -aqueles que lêem exemplares de outra pessoa.

Profissões

A pesquisa identificou que 63% dos leitores estão no mercado de trabalho ou à procura de emprego (caso de 4%). Os 37% restantes são aposentados (17%), estudantes (10%) e donas-de-casa (8%), entre outros.

A profissão com a maior participação individual entre os leitores do jornal é a de professor: 12% lecionam. Na seqüência, vêm advogados (7%) e engenheiros (4%).

A comparação com o levantamento realizado em 1997 mostra um declínio na proporção de católicos: embora continuem sendo a maioria do leitorado, houve uma diminuição de dez pontos percentuais (de 65% para 55%) e um aumento dos que se declaram sem religião (de 10% para 18%).

Outras mudanças notadas neste ano aconteceram no campo político. Cresceu a desilusão com os partidos -a maioria, 57%, declara não ter simpatia por nenhum deles (em 2000, eram 45%)-, houve um aumento dos tucanos (são 18% dos leitores) e uma perda de 21 pontos percentuais dos petistas (caíram de 34% para 13%).

Mídia e internet

O leitor é superequipado -tem DVD, celular, computador e câmera digital- e faz uso intenso da internet: a maioria usa buscadores, compara preços, faz pesquisas de trabalho, usa MSN (programa para conversa na rede), faz download de programas e ouve músicas.

São consumidores vorazes de mídia: 92% assistem a telejornais, 69% lêem revistas, 58% ouvem notícias no rádio e 57% seguem noticiário on-line. O meio impresso, porém, é o preferido dos entrevistados: se tivessem que optar por um, 53% ficariam apenas com o jornal.

O leitor está satisfeito com a Folha: considera o jornal crítico com os governantes, pluralista, equilibrado e imparcial. Comparado com os noticiários on-line, o jornal se sai melhor nos quesitos ‘confiável’, ‘confortável’ e ‘com menos erros’.

Os entrevistados julgam importante ler jornal para se manter no mercado de trabalho, para poder conversar com amigos e para ter prestígio.’

 

Jornal se mantém há 21 anos como o de maior circulação no Brasil

‘A Folha continua sendo o jornal de maior circulação no Brasil, posto que mantém desde 1986. Segundo dados do IVC (Instituto Verificador de Circulação) relativos a setembro deste ano, a circulação da Folha é de 307 mil exemplares em média, 7,3% superior à de ‘O Globo’ (286 mil) e 26,3% superior à do concorrente local, ‘O Estado de S.Paulo’ (243 mil).

Nas edições anteriores do Perfil do Leitor (1997 e 2000), a circulação da Folha era de, respectivamente, cerca de 530 mil e 441 mil exemplares; nesse período, todos os principais diários brasileiros registraram queda na circulação. Porém, de acordo com o diretor de Circulação da Folha, Murilo Bussab, verificou-se uma recuperação dos chamados jornais de interesse geral a partir de 2004, com estabilidade desde então.

A Folha também é o jornal que mais vende fora de seu Estado de origem, São Paulo: 23% dos seus leitores são de outros Estados. A proporção é de 6% nos concorrentes ‘Globo’ e ‘Estado’. 91% dos leitores da Folha são assinantes, e 9% compram o jornal em banca.

Bussab destaca a abrangência nacional da Folha e diz não ver, no médio prazo, possibilidade de boom no mercado dos jornais de interesse geral. Mas é possível, avalia, crescer de modo sustentado num contexto de recuperação econômica.’

 

BLOGOSFERA
Uirá Machado e Fernando Barros de Mello

Blogs políticos encenam nova ‘Guerra Fria’

‘A Guerra Fria desapareceu com o Muro de Berlim, mas, guardadas as proporções, há uma encenação dela na blogosfera do país. Na guerra retórica que se trava no espaço virtual, ninguém corre o risco de morrer de verdade. Nem de tédio.

Cerca de 9 milhões de pessoas acessaram algum blog no Brasil em setembro. É um universo em expansão, mas pulverizado. Estima-se que existam 111 milhões de blogs no mundo (leia texto ao lado). Nessa constelação virtualmente infinita, ganharam projeção blogs políticos inflamados no estilo.

‘Petralhas’ versus membros do ‘PIG’ (Partido da Imprensa Golpista); ‘chapas-brancas’ versus ‘golpistas’. É assim que parte da blogosfera divide a disputa política brasileira.

‘Quando a gente senta no computador para escrever, é como se estivesse apertando aqueles botões que disparam mísseis’, diz Paulo Henrique Amorim, do blog ‘Conversa Afiada’. ‘Cada vírgula minha tem um alvo’, completa, dizendo que a atuação no blog ‘é um exercício de pancadaria verbal, de pancadaria ideológica’.

Além do PIG, Amorim gosta de recorrer ao IVDL -Índice Vamos Derrubar o Lula, pelo qual ele mede o nível de ‘golpismo’ na mídia em geral.

Em suas ‘máximas e mínimas’, já chamou o ex-ditador chileno Augusto Pinochet de ‘o santo padroeiro de quem não quer a CPMF’.

Amorim prefere não nomear seus inimigos. Mas ele é um ‘chapa-branca’. Pelo menos para o jornalista Reinaldo Azevedo, hospedado no site da revista ‘Veja’. ‘Há uma reunião de golpistas. (…) Vamos depor Lula hoje à noite’, disse Azevedo, em tom jocoso, às 14:29h da última segunda-feira. Duas horas depois, informou que a reunião conspiratória com os amigos fora cancelada.

Ele receberia o colunista da revista Diogo Mainardi, que viajava a São Paulo para gravar um programa de TV, no qual falaria sobre seu novo livro: ‘Lula é Minha Anta’ (Record).

‘Apedeuta’

Em seu blog, Reinaldo Azevedo não vive sem provocar polêmicas. Entre suas expressões favoritas estão ‘chutar o traseiro dos adversários’ e ‘petralha’, neologismo que diz ser ‘a variação petista dos ‘Irmãos Metralha’: sempre de olho na caixa-forte’. A palavra campeã de audiência é a usada para se referir ao presidente Lula: ‘apedeuta’ (pessoa sem instrução, ignorante). Azevedo não quis conceder entrevista à Folha. Alegou já estar ‘exposto demais’ fora do blog.

Com uma linguagem que vai do bem-humorado deboche ao tom ácido e raivoso, os personagens contundentes da blogosfera ganham espaço e formam um público com leitores tão fiéis quanto ferozes são os inimigos -que pedem, entre outras coisas, até suas mortes.

Para Marcelo Coelho, colunista da Folha e também blogueiro, ‘os blogs tendem a refletir com menos filtros as opiniões mais correntes. As pessoas se sentem mais livres para sectarismos, racismo, apoio a execuções de criminosos etc’.

Ele se refere também aos leitores que deixam seus comentários, quase sempre politicamente exaltados. Para Coelho, ‘a esfera pública e a política parecem estar num certo descompasso. Há uma sociedade civil da internet que se politiza muito rapidamente e uma sociedade política que não está vivendo uma momento de especial vivacidade’.

Ele diz ser ‘muito claro que os blogs de sucesso vão criando seu próprio vocabulário e seus próprios seguidores’. Um leitor escreveu no blog de Azevedo: ‘O nojento Paulo Henrique Amorim (…) essa besta lulista’. E, no blog de Amorim, outro leitor: ‘Acho que o presidente eleito pelo PIG estava apenas fazendo trololó na Suíça por oito dias’, sobre o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Direita versus esquerda

A blogosfera também é marcada por contradições. Enquanto Amorim acusa a imprensa de conservadora, o filósofo Olavo de Carvalho diz que ela é de esquerda. Ele criou há quatro anos o site Mídia Sem Máscara, que reúne articulistas conservadores.

‘Na mídia brasileira, as idéias que provêm da esquerda ocupam 98% do espaço. As idéias conservadoras mesmo, além de terem um espaço menor, são praticamente criminalizadas’, diz Carvalho. ‘O outro lado tem dinheiro. A turma da direita não tem dinheiro nenhum.’

Já Luis Nassif, ex-colunista da Folha e hoje no blog ‘Projeto Brasil’, diz que os leitores favoráveis a Lula ficaram órfãos e buscam abrigo na internet. ‘Na blogosfera ocorreu uma radicalização política incrível, com a volta de velhos clichês dos tempos da Guerra Fria, o anticomunismo embolorado de um lado, o estatismo do outro. Isso faz parte de um fenômeno mais amplo de perda de rumo’.

Ao lado de Amorim, Nassif é um dos principais nomes do portal IG. Segundo Caique Severo, diretor de Conteúdo, a área dos blogs está ‘em construção e se pretende pluralista’. O IG ‘não divulga nem a audiência nem os detalhes dos contratos com os blogueiros’.

Os ‘inimigos’ criticam o portal porque ele tem como acionista a BrT (Brasil Telecom), empresa controlada, entre outros, por fundos de pensão de estatais. Prato cheio para o ataque: ‘é chapa-branca’.

Amorim rebate: ‘Não tem dinheiro público. A BrT é a principal acionista do IG e é uma empresa que está na Bolsa. Compra ação da BrT na Bolsa. Qual o problema? [O IG] é o portal mais democrático’.’

 

Políticos: Maia acha que ‘calor dos ânimos’ é maior em blogs

‘Prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM) diz que ‘a ‘distância’ [física entre blogueiros] ajuda a expressão muito mais livre’. Para o ex-ministro José Dirceu, polêmica é ‘característica’ de blogs, que também ‘têm aquela guerra mais silenciosa, psicológica’. O blogueiro dom Bertrand de Orleans e Bragança, tetraneto de dom Pedro 1º, acha que ‘se formam na internet correntes de opinião que ajudam a definir o quadro ideológico da nação’.’

 

Leitores agem como torcida de futebol, diz especialista

‘‘Um componente de paixão faz parte da política. E na internet a gente vê isso com força. Parte dos leitores de blogs estão ali como se fossem torcida de futebol’, diz a cientista política Alessandra Aldé, professora da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e pesquisadora de blogs de política.

De acordo com ela, ‘os leitores contribuem para colocar o jornalista-blogueiro no papel de autoridade cognitiva, por dentro dos acontecimentos, capaz de desvendar o complexo e obscuro mundo da política’.

Segundo o site norte-americano Technorati, há mais de 111,6 milhões de blogs no mundo. Por dia, 175 mil novos blogs são criados. São feitas 18 atualizações por segundo.

Os blogs (abreviação de ‘web log’, diário virtual) surgiram no final da década de 90. No Brasil, não há um levantamento sobre o número dos que tratam de política. Em setembro, cerca de 9,1 milhões de pessoas (quase 45% do total de usuários da internet) navegaram em blogs, segundo o Ibope/NetRatings.

‘Os blogs amadores têm audiência jovem porque são alcançados pelos buscadores, que são mais usados pelos jovens à procura do abundante conteúdo existente na rede’, diz José Calazans, analista do Ibope. Já os blogs de política são acessados por pessoas mais velhas.

O Ibope informa que mais de metade da audiência dos ‘blogs profissionais’ é formada por pessoas de mais de 35 anos e mais de 20% de toda a audiência tem idade superior a 50 anos. ‘E mais de 70% da audiência dos blogs profissionais são transferidos das homepages de portais’, diz Calazans.

O acesso aos blogs de política varia mensalmente e tende a subir quando surgem escândalos. Mas, normalmente, a audiência dos maiores vai de 70 mil a 250 mil acessos únicos (que são feitos do mesmo IP, endereço que cada computador ou rede de computadores têm ao entrar na internet).

O Ibope diz que, por causa das variações mensais, não divulga dados comparativos entre os principais blogueiros de política. Em setembro, o blog brasileiro mais popular foi o humorístico ‘Kibe Loko’, com cerca de 320 mil acessos.

Para Rafael de Paula Aguiar Araujo, do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política da PUC-SP, o potencial dos blogs não é completamente explorado. ‘Muitos comentários mudam de assunto ou usam uma discussão como palanque de impressões pessoais.’ Mesmo assim, ele considera que os blogueiros se tornaram ‘atores políticos importantes’.

Para o advogado Víctor Gabriel Rodríguez, autor do livro ‘Responsabilidade Penal na Lei de Imprensa’, os blogs não são ‘território livre’.

Embora afirme ser ‘difícil adaptar a Lei de Imprensa à realidade dos blogs’, ele diz que ‘as leis comuns podem dar conta da situação’ na blogosfera. Enquanto não existir uma lei específica para a informação na internet, sugere a criação de ‘um órgão de auto-regulação’.’

 

TELEVISÃO
Daniel Castro

Bi no Emmy, ‘Os Amadores’ emplaca na Globo em 2008

‘Finalista pela segunda vez do Emmy Internacional, a ser entregue no próximo dia 19, ‘Os Amadores’ finalmente vai virar seriado na Globo. O programa, que faz humor com a morte, terá uma temporada de 12 a 16 episódios a partir de junho.

O projeto foi testado no final de 2005. Deu audiência e foi muito bem avaliado em pesquisas de grupos, mas não emplacou na grade de 2006.

Retornou no final do ano passado. Porém, de novo, não vingou na programação regular de 2007. Voltará a ter uma exibição no final deste ano, em 21 de dezembro, mas, com a nova indicação ao Emmy, seu futuro parece mais promissor.

‘O problema de ‘Os Amadores’ é o elenco. É difícil ter os quatro protagonistas disponíveis ao mesmo tempo. O Matheus [Nachtergaele] faz muito cinema. O Murilo [Benício] é galã. O Cássio [Gabus Mendes] e o Otávio [Müller] são mais acessíveis, mas vivem fazendo novelas’, explica José Alvarenga, diretor-geral do programa.

Na metade de 2008, nenhum dos quatro estará comprometido com trabalhos que os impeçam de fazer a série.

O tema predominante do especial do final deste ano serão os amores da vida dos quatro protagonistas. Em constante luta contra a morte, eles (que morreram e voltaram à vida no primeiro episódio) recebem um ‘sinal’ de que estão prestes a morrer. E tratam de aproveitar o que a vida tem de melhor.

A NAMORADA DO OLAVO CRESCEU

Lembra de Viviane, a namorada burrinha de Olavo (Wagner Moura) nos primeiros meses de ‘Paraíso Tropical’? Pois é, seus olhos continuam azuis da cor do mar. Mas ela mudou de casa. E ganhou um papel maior. Em ‘Amor e Intrigas’, próxima novela da Record, a atriz Bruna di Tullio (foto), 26, será Fabíola Castro, uma publicitária que quer se dar bem, mas não chega a ser vilã. ‘Ela tem um veneninho, gosta de intriga e quer se casar com alguém que tenha grana. É bem parecida com muita gente que vemos por aí’, diz Bruna.

VIRADA

Geraldo Peixeiro (Wolf Maya) vai romper com Juvenal Antena (Antonio Fagundes) e se aliar a Ferraço (Dalton Vigh). O motivo da reviravolta em ‘Duas Caras’: Geraldo descobrirá que Juvenal transou com Alzira (Flávia Alessandra), antes dele. Imperdoável.

MUTAÇÃO

A novela ‘Caminhos do Coração’, da Record, ganhará mais um mutante. Felina, a mulher-pantera, será vivida por Amandha Lee, uma verdadeira gata. Integrará o núcleo dos mutantes do mal. Perigosa, Felina transforma suas unhas em longas garras.

DUPLO DIDI

A Globo testará nas férias do próximo verão um novo programa para Renato Aragão, o Didi. ‘Poeira em Alto Mar’ será, inicialmente, uma série de aventura com apenas cinco episódios, a ser exibida durante uma semana, às 17h. Mas pode virar programa fixo.

DERICO VIRA GAY

Saxofonista do Sexteto do Jô, João Frederico Sciotti, 41, o Derico, estréia como ator em ‘Os Amadores’. ‘Ele terá várias cenas’, avisa o diretor José Alvarenga. Derico estará no mesmo nível das beldades Carol Castro, Paola de Oliveira, Guilhermina Guinle e Bianca Byngton. Elas interpretarão as mulheres de três protagonistas (Murilo Benício terá duas). Derico será Fred, um saxofonista que dará em cima do personagem de Matheus Nachtergaele, que ameaçará assumir sua homossexualidade. ‘Confio na soltura que o Derico tem no palco do ‘Programa do Jô’. Ele tem uma coisa esperta que a gente queria’, diz Alvarenga.

Pergunta indiscreta

FOLHA – Qual é seu verdadeiro nome? Clementino? Amarantino? Celestino? Constantino?

TINO MARCOS (apresentador do ‘Globo Esporte’) – O meu nome é Tino mesmo. É verdade. Meu pai se chama Faustino. E o pessoal o chama de Tino. Então, fui batizado Tino. A vida inteira todos me perguntam isso. E pouca gente acredita. É um ‘sufixo’ do nome do meu pai. É meu nome na certidão de nascimento: Tino Marcos Baptista Fernandes.’

 

Gustavo Fioratti

Série ‘Mandrake’ retorna mais distante da obra de Rubem Fonseca

‘Mandrake começa a andar com ‘pernas próprias’. A expressão usada por um dos diretor da série homônima, José Henrique Fonseca (co-direção com André Barros), sinaliza que o lançamento dos próximos cinco episódios, no canal pago HBO, traça mudanças no perfil do protagonista. O advogado investigador, herói noir vivido por Marcos Palmeira, estaria ‘cada vez mais distante’ da obra de Rubem Fonseca.

Os primeiros oito episódios, lançados em 2005, recorriam a histórias escritas pelo autor mineiro -o conto ‘Mandrake’ foi apenas uma das fontes. Agora os roteiristas, José Henrique, Felipe Braga e Tony Bellotto, deixam os originais um pouco de lado. ‘Trazemos questões que não eram comuns nos anos 60, quando o personagem foi criado’, diz Fonseca.

Para Marcos Palmeira, a evolução deriva de uma certa liberdade artística. ‘Na HBO, nunca ouvimos, ‘não pode’. Na Globo também não [pigarros], mas havia uma censura auto-imposta na hora de falar sobre homossexualismo, por exemplo.’

Com o lançamento dos cinco novos episódios, a produção da HBO (parceria com a Conspiração Filmes) fecha a série no modelo de 13 episódios já determinado para outros seriados. Se vai haver uma nova temporada? O vice-presidente de produção da HBO, Luis Peraza, responde. ‘Por enquanto vamos fechar uma série para o mercado internacional.’

O nono episódio, ‘Brasília’, leva a trama para o Distrito Federal, onde Mandrake investiga o sumiço de uma prostituta. O episódio convoca para o elenco Cacá Carvalho, reafirmando a estratégia de participações especiais. Até o 13º capítulo, há passagem de Bruna Lombardi, Gracindo Júnior e Alexandre Frota, entre outros.

MANDRAKE

Quando: dom. (dia 18), às 22h, no HBO’

 

Bia Abramo

‘Sistema’ tem boas piadas e horário ruim

‘NÃO DÁ para entender por que as apostas mais criativas e diferenciadas da programação da Rede Globo ficam escondidas no incômodo horário das 23h da sexta-feira. Justamente por essas características menos convencionais, teriam potencial para atrair públicos mais refratários à programação normal da TV.

No entanto, ficam sempre relegados à sexta-feira, dia de sair ou de assistir a filmes locados. Essa intuição de que sexta-feira não é dia de TV, para esse público mais afeito a novidades, parece reger, por exemplo, a lógica dos canais de TV paga que exibem séries: os dias dos seriados mais quentes são no meio da semana.

Assim, as séries e programas desses acabam por enfrentar um desafio a mais, que é o de emplacar num horário já de antemão esvaziado. ‘O Sistema’, sitcom escrito por Alexandre Machado e Fernanda Young e dirigido por José Lavigne, nem bem havia estreado, na sexta-feira da semana passada, e os sites com ‘notícias’ de TV já decretavam sua audiência abaixo da expectativa e atribuíam a rejeição do público ao fato de o programa ser muito ‘moderno’.

Embora não dê para confiar na qualidade de reportagem, nem na argúcia de análise da maioria desses sites, a leitura é sintomática.

Sugere, por exemplo, que qualquer ousadia de formato será culpada por baixa audiência e, mais, indica que a TV ainda pensa seu público de forma muito homogênea. ‘O Sistema’ não é exatamente ‘muito moderno’, mas é uma paródia amalucada, de humor debochado e bizarro.

O ponto de partida é excelente: um sujeito comum, o fonoaudiólogo Matias (Selton Mello) compra uma briga com o ‘sistema’ -com o duplo sentido de ‘o establishment’ e dos sistemas de informação.

Ele destrata a atendente de telemarketing Regina (Graziella Moretto) e tem sua existência apagada e junta-se a um grupo de ativistas paranóicos. As referências a filmes de ficção científica distópica como ‘Brazil, o Filme’ e ‘Matrix’ e a trama de espionagem entram no liqüidificador de uma esculhambação generalizada, em que se misturam teorias da conspiração, lenda urbanas e muitas piadas boas.

De quebra, a série traz Maria Alice Vergueiro de volta à TV, depois de ter se tornado uma celebridade do YouTube com o enorme sucesso de ‘Tapa na Pantera’ ano passado – e só por isso valeria a curiosidade.’

 

Ferreira Gullar

O sorriso de Nara

‘ENTRE RECEOSO e comovido, assisti ao especial que conta a carreira e a vida de Nara Leão, a Narinha que todos nós, seus amigos, amávamos.

Voltar ao passado me dói muito e, por isso, sempre que posso, fujo dele. A biografia de Nara, escrita por meu querido Sérgio Cabral, elogiada por todos, guardo comigo mas ainda não tenho coragem de lê-la. Ao ganhar o livro, o abri e logo o fechei, temendo mergulhar na aventura que foram aqueles meses do show ‘Opinião’, aqueles anos, envolvendo tanta gente querida, tanta coisa preciosa que se foi para sempre.

O especial de TV me pegou de surpresa e, quando dei por mim, fazia uma dupla viagem, do passado ao passado, já que o presente era ver o perdido: o rosto dela, seu sorriso, sua voz, e recuperá-lo, ao mesmo tempo, uma vez que, paralelamente ao que a televisão mostrava, outras cenas, outras vozes se tornavam presentes como numa tocata, em cuja tessitura melódica, notas e tempos se entrelaçam, emergem e somem, ali na obscuridade do teatro, enquanto Boal ensaiava as cenas do futuro espetáculo. E do fundo de sombras, rindo, surge João do Vale, brincalhão. Zé Kéti cantarola para Nara: ‘Podem me bater, podem me prender…’. Vianinha está parado sob um cone de luz, num dos cantos do palco. Em volta a escuridão da platéia vazia. Vazia porque todos se foram ou porque estão por vir? Estamos antes ou depois do passado?

No shopping da rua Siqueira Campos, já faz tempo que não existe mais aquele palco de arena com a platéia em volta. Platéia feita de velhas cadeiras de um velho cinema, que ali chegaram sujas de lama, que apodreciam ao relento. Todos nós nos empenhamos, madrugada adentro, a lavá-las para afinal, naquela noite de dezembro de 1964, abrirmos nosso teatro ao público. Era uma vitória e uma resposta, depois de tudo que havíamos perdido com o incêndio da UNE, a queima de nossos livros e sonhos de mudar o Brasil. O antigo auditório da UNE havia sido transformado num teatro, que inauguraríamos no dia 6 de abril se, cinco dias antes, não o tivessem incendiado. O show ‘Opinião’ era nossa resposta, na voz frágil daquela mocinha de classe média que, como nós, redescobrira um sofrido Brasil, cantando: ‘Mas eu não mudo de opinião’.

Desse samba de Zé Kéti nasceu o show, porque ele deu o nome ao disco de Nara, que tinha na capa uma foto dela, de braço erguido, feita por Jânio de Freitas. O disco, por sua vez, nascera do Zicartola, um restaurante-casa de samba, surgido pouco antes do golpe na rua da Carioca, se bem me lembro, onde Nara se apaixonou pelo samba de morro. Mal o disco saiu, veio o golpe. Ao ouvi-lo, Vianinha teve a idéia de um show musical que falasse dos problemas do Brasil, reunindo um compositor do morro, um compositor do sertão e um cantora carioca, moradora da avenida Atlântica.

O entusiasmo com o novo espetáculo só era ameaçado pelo temor da polícia, já que nós, seus produtores, éramos nada mais nada menos que o CPC da UNE, odiado pelos golpistas fardados e à paisana. Para enganá-los, pedimos emprestado o nome do Teatro de Arena de São Paulo, que apareceu como produtor do espetáculo, o que era corroborado pela presença de Augusto Boal, como seu diretor. Essa escolha foi providencial, não só por essa razão, mas também porque ele imprimiu ao show qualidade essencialmente teatral.

Tudo isso, não nessa ordem e, sim, na desordem da lembrança comovida, que mistura os fatos e violenta a cronologia, tanto que, num relâmpago, releio, em Lima, a última carta de Vianinha, exasperada pela revolta contra o câncer que inapelavelmente o matava. Mas, nesse momento mesmo, na tela da televisão, Nara sorri docemente, agora-outrora, tal como naqueles dias, mirando-me com candura. Paulo Pontes, Armando Costa, João das Neves, Denoy discutem na pequena sala de reuniões do teatro, quando Tereza propõe fazer, às segundas-feiras, a Fina Flor do Samba, um espetáculo com compositores, passistas e ritmistas das escolas de samba.

A luz se apaga de repente, a cena, a platéia, a cidade se desfazem na treva. Nara, rouca, mal consegue cantar, militares invadem meu apartamento, corro pelas ruas com uma maleta que se abre e despeja roupas, poemas, documentos subversivos. Dobro uma esquina e estou em Moscou, depois em Buenos Aires e finalmente sou interrogado no DOI-Codi. Soltam-me altas horas da noite na avenida Brasil. Soa o telefone, é Nara que me diz: ‘O tumor sumiu de meu cérebro, estou curada’. Minha vontade é abraçá-la, beijá-la, mas como? Seu sorriso congela na tela da TV.’

 

BIOGRAFIA
Luiz Fernando Vianna

Livro acompanha os intensos 55 anos de Tim Maia

‘‘O que eu quero é sossego!’, cantava Tim Maia. Após ler ‘Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia’, fica difícil associar sua vida a esse objeto do desejo. A biografia escrita por Nelson Motta, a partir de terça-feira nas livrarias, mostra que, se fosse um personagem fictício, Sebastião Rodrigues Maia ficaria no improvável cruzamento da literatura beatnik com o realismo fantástico. Mas ele existiu durante 55 intensos anos -de setembro de 1942 a março de 1998.

‘Não existe o Tim Maia ir ao supermercado, comprar uma coisa e ir embora. Ele criou um caso com alguém, veio uma senhora, deu um beijo nela… Alguma coisa rolou. A grande característica do Tim é o excesso, inclusive de talento. Mas também de drogas, sexo, polícia, tudo’, diz o autor e colunista da Folha, falando do amigo no tempo presente. ‘Ainda estou contagiado pelo humor dele’, diz o autor.

Motta, 63, sonhava fazer o livro há sete anos. Mas conflitos internos na família do cantor o desestimularam em 2000. Ele, então, escreveu ‘Noites Tropicais’ -em que há histórias de Tim- e depois mais quatro livros, sendo três de ficção. Neste ano, com as entrevistas feitas e o forte auxílio da pesquisa de Denilson Monteiro, produziu as quase 400 páginas.

‘O Tim completo daria umas 800. Mas ficaria enorme, seria um excesso contra ele’, afirma Motta, que resumiu a infância a fotos, relatou em só uma página a morte ocorrida sete dias após passar mal num show, e fez uma seleção das inúmeras e incríveis histórias protagonizadas por Tim.

Triatlon

O livro é um enfileirar de causos, desde as primeiras experiências musicais na Tijuca (zona norte do Rio) com, entre outros, Roberto e Erasmo Carlos, até a viagem de limusine realizada em 1997 pelas cidades dos Estados Unidos em que, entre 1959 e 1964, comera (ou nem isso) o pão que o diabo amassou -até ser preso pela quinta vez e deportado.

‘Essa viagem de volta parece roteiro de um filme. Se fosse encomendado, não seria melhor’, vibra Motta.

Foi nos EUA, aos 18 anos, que o cantor fumou maconha pela primeira vez. Nunca mais, com exceção da ‘fase Racional’, a tirou de sua dieta. A partir dos anos 70, acrescentou uísque e cocaína. Era o ‘triatlon’, como chamava a mistura. Tudo em doses cavalares.

‘Acho que o livro deixa clara a devastação que o álcool e a cocaína provocaram no trabalho dele, na saúde, nos relacionamentos. Quem lê não vai querer saber de cheirar pó e de beber’, acredita o autor.

Ao contrário de muitas biografias de artistas envolvidos com drogas, ‘Vale Tudo’ não tem um tom deprimente predominando. Possivelmente, diz Motta, por causa do humor exagerado e inteligente de Tim.

Algumas frases suas que estão no livro são primorosas: ‘Fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas perdi 14 dias’; ‘Dos artistas do Rio, metade é preto que acha que é intelectual e metade é intelectual que acha que é preto’. E a mais famosa: ‘Não fumo, não cheiro e não bebo, mas às vezes minto um pouquinho.’

Sem falar na fobia de garçons carecas; no dia em que pediu dinheiro a dois guardas (e recebeu); em quando cantou para prostitutas e travestis na porta de uma delegacia de Copacabana; no fato de que sempre dirigiu sem carteira de motorista e só foi tirar título de eleitor aos 54 anos etc. Histórias de medo de avião e de ausências (e presenças) em shows também são fartas.

Pré-sucesso

Mas o livro não se resume a um detalhamento do folclore em torno do cantor. O acompanhamento da carreira é feito ano a ano, passando pelo estouro de ‘Primavera’ (Cassiano) em 1969, dos vários sucessos obtidos nos anos 70 e 80, dos dois discos gravados durante a integração fervorosa à seita Universo em Desencanto, do repertório repetitivo entre as décadas de 80 e 90 e, no fim da vida, da realização do sonho de adolescente de gravar músicas da bossa nova.

Para muitos leitores, a novidade estará em descobrir como foi a vida pré-sucesso de Tim, com muitas ambições e frustrações. Nem seu filho Carmelo Maia, 32, sabia detalhes do período relatado.

‘Eu tive imensa dificuldade de passar da página 50, porque parei naquela fase triste. Ele sofreu discriminação racial, não arrumava namorada, morou em hotéis piolhentos nos EUA, mentia tanto que acreditou na própria mentira. Sou emotivo e chorei muito’, conta.

VALE TUDO – O SOM E A FÚRIA DE TIM MAIA

Autor: Nelson Motta

Editora: Objetiva

Quanto: R$ 49,90 (392 págs.)’

 

Eva Joory

‘Bad boy’, Pete Doherty lança livro controverso

‘Peter Doherty, 28, ex-Libertines e atual vocalista do Babyshambles, prepara-se, mais uma vez, para ir a julgamento por posse de drogas na Inglaterra. Condenado e preso inúmeras vezes, ele viu sua vida transformada em novela diária nas manchetes dos tablóides ingleses. Também acaba de lançar seu trabalho mais sincero e pessoal, ‘Shotters Nation’, segundo CD de sua banda.

Viciado em heroína e crack, o polêmico roqueiro, ex-namorado da top model Kate Moss, vive fugindo da Justiça inglesa por causa das drogas, está sempre metido em escândalos e brigas e tem passagens por várias clínicas de reabilitação.

Doherty já foi considerado um Arthur Rimbaud tomado pelo ácido, um poeta e um ícone decadente. Resumindo, é um ‘bad boy’ por excelência, ao que parece, em busca da autodestruição ou controvérsia. Tudo o que faz e diz é notícia.

Sua última façanha foi publicar os seus diários, 20 no total, compilados pela editora inglesa Orion Books e pelos quais ganhou 150 mil libras (cerca de R$ 549 mil). O nome: ‘The Books of Albion’.

O que ajuda o roqueiro é a sua auto-estima, sempre alta. Para começar, ele se compara a John Keats, célebre poeta irlandês. ‘The Books of Albion’ traz os escritos, desenhos, fotos e rascunhos de letras de músicas do cantor. Páginas xerocadas, letra incompreensível, interferências gráficas feitas à mão e uma estética suja e confusa.

É um diário de um adolescente. Não há narrativa, nem linearidade. Conta as brigas com Moss, fala de seus livros favoritos e mulheres. Às vezes, parece estar sob o efeito de drogas, ao deixar frases incompletas ou manchar o diário com sangue.

O cantor escreve que já foi bilheteiro do famoso cinema londrino Prince Charles, já vendeu pipoca e também já teve medo de perder o emprego. Em uma das páginas se lê: ‘Poeta, jovem e ocupado procura quartos grandes e baratos. Excelentes referências à disposição’. Foi o anúncio que colocou no jornal antes de dividir um apartamento com seu ex-companheiro de banda Carl Bârat.

Ele não dá a mínima para as críticas e não deu entrevistas. O tablóide ‘Daily Mail’ classificou assim o livro: ‘Diário de um Ninguém’. Para o ‘The Observer’, ‘a prosa de Doherty é crua e o efeito cumulativo é curiosamente tocante’.

Sobre seu relacionamento com Kate Moss, escreve: ‘De volta à história. Kate e eu trepando e brigando durante todo o trajeto do Eurostar [trem que liga Londres a Paris] até que finalmente o sangue estava na minha cabeça’.

A modelo também ganha algumas páginas com direito a fotos, corações e declarações de amor. Uma das páginas reproduz um bilhete dela ao namorado (leia no quadro ao lado). Em uma foto, vê-se colada a palavra ‘Priory Visitor’, numa alusão ao período de internação na famosa clínica londrina, que tanto poderia ter sido ela como ele.

O vaidoso roqueiro já foi fotografado pelo estilista Hedi Slimane no livro ‘London Birth of a Cult’ e recentemente teve a sua vida exposta pela mãe, Jacqueline, que publicou ‘My Prodigal Son’ (meu filho pródigo).

Talentoso, amado pelos fãs e odiado pela imprensa marrom, que só vê nele um assunto para vender mais jornais, parece não se preocupar com o futuro. Quer apenas, como escreveu no diário, se exibir: ‘Quero me divertir antes de abandonar essa urgência de ser adorado’.

O livro não tem previsão de lançamento no Brasil. Pode ser comprado pela Amazon (www.amazon.com) por US$ 27 (R$ 47).’

 

ENTREVISTA / GEORGE CLOONEY
Samuel Blumenfeld

‘Sou inspirado pela urgência’

‘DO ‘LE MONDE’ – George Clooney é um caso especial entre as celebridades de Hollywood. O astro de 46 anos do recém-lançado ‘Michael Clayton’ (que chega ao Brasil em 30 de novembro) e diretor do ainda inédito ‘Leatherheads’, comédia de época sobre o futebol americano, diz que teria preferido trabalhar nos anos 70, quando as posições políticas dos atores precediam suas carreiras.

Clooney pode não viver nessa era, mas sua influência, tanto artística quanto política, é inegável. O advogado que ele representa em ‘Michael Clayton’ -um agente que combate uma multinacional que atua por métodos escusos- ilustra bem suas paixões políticas.

O astro de ‘Syriana’ e ‘Onze Homens e um Segredo’ optou por criticar o presidente George W. Bush e a guerra no Iraque e manifestar-se contra o genocídio em Darfur. ‘Sou inspirado pela urgência e importância e não quero me proteger -isso seria o pior de tudo’, afirma. Leia os principais trechos da entrevista a seguir.

PERGUNTA – Você e seu pai (o jornalista e apresentador de TV Nick Clooney) produziram um documentário sobre Darfur, ‘Sand and Sorrow’. O que você viu quando foi a Darfur com seu pai?

GEORGE CLOONEY – Pilhas de corpos. Poços inutilizados pelos pedaços de carne humana putrefata atirados dentro deles. As pessoas que meu pai e eu vimos provavelmente tinham sido massacradas depois de seu acampamento ter sido saqueado e incendiado. Percebi que eu poderia conferir outra dimensão a esse drama, num momento em que jornalistas estavam tendo dificuldade em convencer seus editores a dar espaço à questão de Darfur. Fui à CNN e NBC e falei sobre o assunto. Fui criticado por ter supostamente ‘me promovido’ com essa campanha, mas o que mais eu tenho a promover? Será que preciso ser mais famoso? Não.

PERGUNTA – Você viaja muito. Como os americanos são vistos hoje em dia?

CLOONEY – É deprimente. As pessoas estão iradas, notadamente na Europa. Elas nos olham como se fôssemos brutos e, para ser franco, é verdade.

Ninguém entende como Bush pôde ser reeleito. É mais um fracasso dos democratas do que uma vitória republicana.

Mas nós, americanos, somos inteligentes o suficiente para corrigir nossos erros. Somos um país grande, um tanto quanto imaturo, e nossos habitantes não viajam além das fronteiras. Sou parte de uma geração que, apesar da Coréia, apesar do Vietnã, acredita que está do lado do bem. A Guerra do Iraque vem sendo um tremendo tapa na cara para nós.

PERGUNTA – Em ‘Boa Noite e Boa Sorte’, você falou do dilema de uma mídia independente na época de McCarthy. O que o filme nos diz sobre o estado da mídia nos EUA?

CLOONEY – Fui bem severo dois anos atrás. Achei que não tínhamos aprendido a lição dada pelo grande jornalista Edward R. Murrow, personagem principal de ‘Boa Noite e Boa Sorte’. Será que ainda lembramos disso, 50 anos mais tarde?

Tendo um pai que foi âncora, um jornalista que nunca cedeu um milímetro em seus princípios, eu estava ali, assistindo à degradação da qualidade da cobertura jornalística.

PERGUNTA – Ter um pai exigente e famoso foi difícil para você, em sua adolescência?

CLOONEY – Durante muito tempo fui conhecido como o filho de Nick Clooney. Viver à sombra dele não era problema para mim, mas era difícil ser alguém que se aferrava tão fortemente a seus princípios, especialmente num Estado tão conservador quanto o Kentucky.

Podíamos estar num jantar, por exemplo, e alguém contava uma piada racista, e meu pai se levantava imediatamente, insultava a pessoa, e tínhamos que deixar a mesa na mesma hora. Eu costumava torcer para ele ficar calado, pelo menos uma vez. Mais tarde compreendi que é um erro ceder, mesmo um pouco.

PERGUNTA – Você foi criado nos preceitos da Igreja Católica?

CLOONEY – Fui coroinha. Na minha casa, não se brincava com religião. Eu assistia à missa em latim.

PERGUNTA – O que você conservou de sua educação religiosa?

CLOONEY – O respeito. A gente nunca falava diante de nosso professor ou do diretor. Se você abrisse a boca, apanhava.

Me lembro que, no início da Guerra do Iraque, um dos apresentadores da Fox News, Bill O’Reilly, me chamou de traidor. Ele falou e falou, jurando que minha carreira estaria acabada. Eu já tinha aprendido a defender minhas opiniões, correndo o risco de me ver sozinho contra o mundo.

Então telefonei para meu pai, perguntando até que ponto eu estava com problemas, e ele disse: ‘O que você está arriscando? Vai ganhar um pouco menos dinheiro -e daí?’. Ele tinha 100% de razão, é claro. Isso me lembrou da escola católica -formular as perguntas certas, correndo o risco de não obter as respostas certas-, mas questionando sempre.

PERGUNTA – Há uma cena em ‘Michael Clayton’ em que você parece se expor totalmente, aquela em que seu personagem conversa com seu filho e lhe dá conselhos para que ele tenha sucesso na vida. Você tinha consciência da natureza extraordinária dessa cena?

CLOONEY – Eu não tinha consciência no momento em que a fiz; fiquei chocado quando vi a cena no filme. Percebi que eu tinha expressado uma gravidade e urgência que não fazem parte de mim normalmente.

Acho que estou num ponto de minha vida em que preciso de mais intensidade. Sei que meu tempo está se esgotando. Procuro continuar avançando em minhas convicções políticas e minha vida artística. Sou solteiro, não tenho filhos. Acho que meus filmes são uma maneira de transmitir uma parte de você mesmo.

Os atores, e com mais freqüência os diretores, vão se desgastando com o tempo. Eles perdem a ousadia, eles têm famílias para sustentar. Sou inspirado pela urgência e importância e não quero me proteger -isso seria o pior de tudo.

PERGUNTA – Steven Soderbergh e os irmãos Coen sempre aproveitam o aspecto ‘retrô’ de sua aparência física. Por quê?

CLOONEY – Meu rosto é como o de um ator daquela época; meu queixo proeminente e meus traços um pouco exagerados não são muito contemporâneos. Os irmãos Coen exploraram isso em ‘E Aí Meu Irmão, Cadê Você?’ e em ‘O Amor Custa Caro’, em que me pediram para representar uma figura superficial à moda de Clark Gable.

PERGUNTA – Parte de sua reputação se deve à sua aparência física. Isso lhe ensinou algo sobre as limitações da beleza?

CLOONEY – Me sinto incomodado quando falam de minha aparência. Sei que um dia meu telefone vai parar de tocar. Você não imagina que todos nós vamos virar um Paul Newman da vida, no auge de sua performance mesmo tendo mais de 60 anos? De jeito nenhum.

Tradução de Clara Allain’

 

CINEMA
Folha de S. Paulo

‘Tropa’ é o filme brasileiro mais visto do ano

‘‘Tropa de Elite’ se tornou o filme brasileiro mais visto até agora em 2007 ao atingir a marca de 2,04 milhões de espectadores, segundo a empresa Zazen, produtora do longa. Com o resultado, obtido com a bilheteria de anteontem à noite, o filme de José Padilha superou ‘A Grande Família – O Filme’, lançado no início do ano, que levou aos cinemas cerca de 2,03 milhões.

O desempenho de ‘Tropa de Elite’ também coloca o filme na décima posição no ranking geral de público em 2007, liderado por ‘Homem-Aranha 3’, com 6,1 milhões de espectadores. Em renda, a produção já havia ultrapassado ‘A Grande Família’ e assumido o topo do ranking nacional no início da semana passada, quando chegou a R$ 16,5 milhões.

O recorde de filme com maior público na história do cinema nacional ainda pertence a ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ (1976), que atraiu 10,7 milhões às salas do país.’

 

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