O jornalista chinês Shi Tao, condenado a 10 anos de prisão sob acusação de vazar segredos de Estado para estrangeiros, recebeu o prêmio Golden Pen of Freedom da Associação Mundial de Jornais.
Tao, que escrevia para a publicação financeira Contemporary Business News, foi julgado em 2005 por causa de um e-mail de sua autoria anexado a uma circular governamental sobre a restrição de se abordar assuntos ligados ao 15º aniversário do massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989. Após a dura condenação recebida pelo jornalista, descobriu-se que o portal Yahoo havia entregado o e-mail (na conta de Tao) para a promotoria, o que ajudou em sua identificação e contribuiu para a sentença recebida.
‘A prisão de Tao é um absurdo. Também é um triste exemplo de uma companhia Ocidental ajudando na repressão [do governo chinês] na crença de que, se recusar fazê-lo, poderá ter suas atividades no país ameaçadas’, afirmou a organização, com sede em Paris.
Regras rígidas
O irmão mais novo do jornalista, Shi Hua, disse que Tao deve ficar feliz com a homenagem, mas alertou que é provável que ele não possa discursar ou falar abertamente sobre ela, lembrando que as regras na prisão da província de Hunan são bastante rígidas. ‘Eles [os guardas] não deixam que falemos sobre outra coisa que não assuntos de família quando eu o visito’, conta. ‘Quando fazemos comentário sobre qualquer outro tema, inclusive se mencionamos o Yahoo!, eles cortam imediatamente a conexão do telefone do visitante’.
Hua, que viu o irmão pela última vez em outubro, afirma que Tao tem sofrido de um problema de pele, mas, no geral, encontra-se bem de saúde. A família já tentou apelar da sentença, mas até hoje não recebeu resposta da justiça de Hunan.
Segundo organizações em defesa da liberdade de imprensa, a China é a maior prisão do mundo para jornalista, com pelo menos 42 profissionais encarcerados atualmente – a maioria sob acusação de violar vagas leis de subversão ou leis de segurança.
O Golden Pen, concedido anualmente desde 1961, tem como objetivo homenagear profissionais que contribuem para a liberdade de imprensa no mundo. Informações de Mara D. Bellaby [AP, 28/11/06].