Sunday, 05 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Jornalistas vêem deterioração da liberdade

Jornalistas de Hong Kong que responderam a uma pesquisa realizada pela associação de jornalistas local foram categóricos: para eles, a liberdade de imprensa foi deteriorada na última década, em grande parte em função da autocensura praticada pelos profissionais. Dos 506 jornalistas entrevistados pela Associação de Jornalistas de Hong Kong, 30% confessaram ter cometido autocensura no ano passado, enquanto 40% admitiram que têm colegas de trabalho ou superiores que o fizeram.

A pesquisa tinha como objetivo avaliar a liberdade de imprensa na ex-colônia britânica desde seu retorno à China, em 1997. ‘Esse é um problema muito sério. Realmente nos choca porque vemos que há números assustadores neste estudo’, afirma Serenade Woo, presidente da associação.

Segundo a pesquisa, 58% dos jornalistas acreditam que a autocensura é a principal razão para a piora da liberdade de imprensa, embora eles também culpem o aumento da rigidez do governo local sobre o fluxo de informações. Cerca de 60% afirmaram que o problema está ficando mais grave por causa da crescente tendência da imprensa em cortar ou suavizar notícias que os jornalistas pensam ser desfavoráveis ou sensíveis ao governo chinês.

Salário baixo e sensacionalismo

Mas, apesar do aumento da autocensura, a pesquisa revelou que apenas 13% dos entrevistados consideram isso um problema majoritário. Para 28% deles, reportagens superficiais são um problema maior no jornalismo local. O resto se preocupa mais com salários baixos e a tendência da mídia em se tornar sensacionalista.

Para Christopher Warren, presidente da Federação Internacional dos Jornalistas, a situação da liberdade de imprensa em Hong Kong é muito séria. ‘Uma das coisas que aprendemos da China nos últimos anos é que liberdade de imprensa não evolui sempre; ela também pode voltar atrás’, afirmou. Informações de Stephanie Wong [AFP, 10/2/07].