Mais de 50 jornalistas foram presos no Nepal nesta quinta-feira (2/2) enquanto participavam de manifestações em protesto à tomada absoluta de poder pelo rei Gyanendra, concretizada há exatamente um ano.
Pelo menos 31 jornalistas foram detidos enquanto protestavam na capital, Katmandu, em manifestação organizada pela Federação de Jornalistas Nepaleses. Entre os presos, encontravam-se membros da Federação, como o presidente Bishnu Nishthuri. Os jornalistas empunhavam bandeiras negras e cartazes, enquanto entoavam slogans denunciando a natureza repressiva e autocrática do governo e pedindo a restauração da liberdade de imprensa e da democracia. Cerca de 10 jornalistas foram feridos por jatos de água durante o ataque da polícia.
Vinte e quatro outros profissionais foram reprimidos pela polícia em Dhankuta, na província de Jhapa. Jornalistas também foram presos, em número menor, em outras cidades. Eles teriam sido libertados horas depois.
Ano negro
Mais de 273 prisões de jornalistas foram registradas no Nepal nos últimos 12 meses. O terror para a imprensa teve início quando Gyanendra instaurou estado de emergência em fevereiro de 2005. O rei dissolveu o governo multipartidário e assumiu todos os poderes do país. O ato teve como justificativa reprimir a rebelião comunista no Nepal, mas não pôde ser criticado publicamente dada a forte censura que o cercou.
As autoridades afirmavam que o black out de comunicação era necessário para desestruturar a rede de informação da guerrilha maoista, acusada de ameaçar tomar o poder. Desde então, censores tomaram conta das redações, publicações foram fechadas, rádios foram proibidas de transmitir notícias e sítios de internet foram bloqueados. Informações dos Repórteres Sem Fronteiras [2/2/06].