Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Lista de restrições assusta imprensa nacional

A imprensa do Afeganistão expressou preocupação com uma ordem oficial considerada pelos profissionais da mídia como o primeiro passo em direção à censura ao jornalismo, como noticia a PakTribune.com [17/7/06]. No mês passado, o Conselho de Segurança Nacional divulgou uma lista de restrições às atividades jornalísticas.

De acordo com o documento, os meios de comunicação estão proibidos de publicar reportagens ou entrevistas ‘contra a política externa do governo com relação aos países vizinhos’. Além disso, foi banido qualquer contato com membros do Talibã e os repórteres foram ordenados a não entrevistar ou filmar líderes ou membros de ‘grupos terroristas’ ou divulgar ‘declarações provocativas’. O termo ‘warlord’ (líder militar) não deve ser usado para se referir a líderes dos mujahedin – milícias que lutaram contra os soviéticos, depois entre si e posteriormente contra o Talibã. Muitos destes líderes agora fazem parte do Parlamento afegão. Exilados que retornaram depois do fim do regime Talibã em 2001 para ocupar cargos no governo não devem ser descritos como tendo sido ‘ocidentalizados’. A mídia também não pode classificar as forças armadas afegãs como fracas e deve promover um ‘espírito de resistência e coragem nas forças armadas’.

Inviolável

Não foi divulgado como estas novas restrições deveriam ser impostas ou se o presidente Hamid Karzai as havia autorizado. De acordo com a Constituição do Afeganistão, ‘a liberdade de expressão é inviolável’. Mas Karzai, embora não deseje colocar seu nome no documento, indicou que sua administração apóia as normas.

‘A emissão destas normas é um sinal de perigo para a democracia e a liberdade de imprensa neste país’, afirmou o analista político Mohammad Qasim Akhgar. Até mesmo Shah Zaman Weriz Stanikzai, do Ministério da Informação e Cultura, mostrou-se perplexo com as restrições. Ele afirmou que sua agência não estava envolvida com a criação das novas normas. ‘Esta é uma conspiração do Conselho de Segurança Nacional para difamar o governo e colocar a liberdade de expressão sob pressão’, opina.