Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Marcado para março julgamento de chinês

O julgamento de Zhao Yan – jornalista chinês acusado de repassar ao New York Times detalhes sobre a rivalidade entre o ex-líder do Partido Comunista Jiang Zemin e o novo presidente, Hu Jintao – está marcado para acontecer antes do fim de março, como informou seu advogado, Mo Shaoping. Yan foi preso em setembro de 2004 sob acusação de revelar segredos de Estado e, se for condenado, pode pegar até 10 anos de prisão.

‘O tribunal deve examinar o caso e entregar um veredicto inicial antes do dia 20/3, embora a data não esteja completamente confirmada’, informou Shaoping. Segundo ele, o julgamento foi adiado em um mês para dar mais tempo para intimar testemunhas e reexaminar evidências, a pedido da defesa.

Denúncias de corrupção

Antes de trabalhar para o Times, Yan escrevia para diversas publicações chinesas, geralmente denunciando a corrupção oficial e o abuso de poder por fazendeiros. O jornalista foi premiado pela organização Repórteres Sem Fronteiras em 2005, por ter mostrado ‘um forte compromisso com a liberdade de expressão’. Ele também está sendo processado por uma acusação menor de fraude, depois de supostamente ter recebido dinheiro para oferecer uma matéria a um jornal chinês.

A prisão de Yan é a mais notória de uma série de prisões de repórteres chineses, o que levou a China a receber diversas críticas internacionais pela censura à mídia. Em abril do ano passado, Ching Cheong, correspondente do jornal de Cingapura Straits Times, foi preso acusado de espionagem. No mesmo mês, o repórter Shi Tao recebeu uma sentença de 10 anos de prisão por revelar segredos de Estado.

‘A longo prazo, eu acho que a história vai ser o melhor juiz para estes jornalistas’, opinou Shaoping, fazendo uma comparação com Nelson Mandela e o ex-líder sul-coreano Kim Dae-jung, ambos ex-prisioneiros e ganhadores do Prêmio Nobel da Paz. De acordo com o advogado, mais de 70% dos julgamentos criminais na China não contam com advogados de defesa, pois eles evitam se arriscar ou consideram o retorno financeiro insuficiente. O ativista John Kamm, da Fundação Dui Hua, que monitora a condição dos prisioneiros políticos chineses, afirmou na semana passada que, até hoje, 99% das pessoas julgadas na China acusadas de ‘pôr em risco a segurança do Estado’ foram consideradas culpadas – o maior índice de condenação para qualquer crime no país. Informações de Ben Blanchard [Reuters, 22/2/06].