Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Monica Yanakiew


‘Cabelos compridos, barbudo, Richard Stallman posava para fotos com fãs e exibia seu crachá de convidado na Cúpula Mundial sobre a Sociedade de Informação, em Túnis, que desde quarta-feira discute o futuro da internet no mundo. O crachá fora cuidadosamente embrulhado em papel alumínio, para neutralizar a ação dos RFIDs, explicou Stallman. E não estava brincando.


Segundo o físico de 52 anos e guru do movimento em defesa do software livre, cada crachá está munido de um Radio Frequency Identification Device, ou RFID – dispositivo de identificação por freqüência de rádio.


– Mas esse mesmo dispositivo pode servir para seguir os movimentos do portador do crachá. É uma violação das nossas liberdades, que não aceito. Sugiro que todos usem papel alumínio para bloquear as freqüências de rádio e em sinal de protesto – disse ele.


Stallman tira sustento de palestras pelo mundo


Stallman não foi o único rebelde da cúpula, que reúne 20 mil representantes de mais de 170 países e acaba hoje. Mas era o mais famoso num dia marcado por protestos – alguns para denunciar a censura política e outros para mostrar que é possível driblar as barreiras de acesso à tecnologia de informação.


– O primeiro passo é fazer com que o governo e as escolas públicas rejeitem qualquer oferta de software gratuito. As empresas fazem isso para atrair futuros clientes e criam um vício, que deixará o usuário eternamente dependente – disse Stallman, em entrevista ao GLOBO.


A solução, segundo ele, é substituir programas como o Windows por software livre. Ou seja, programas cujos códigos-fonte são conhecidos e podem ser modificados pelo usuário. A alternativa para o Windows, aliás, foi desenvolvida por Stallman e Linus Torvalds: é o GNU/Linux.


Dinheiro não parece ser uma preocupação para Stallman, que nos anos 90 deixou de ser programador de computador para se dedicar à causa do software livre. Ele conta passar a maior parte do tempo em aviões ou dando palestras.


– Metade das palestras é paga. Vivo disso – explicou.


Mas há muitos outros dispostos a desenvolver software para compartilhar com o mundo, quando podem enriquecer sozinhos, como Bill Gates? Segundo Stallman, 80% dos softwares que circulam no mundo são livres, e muitos foram desenvolvidos com subsídios governamentais:


– Muitas empresas que desenvolvem software livre ganham dinheiro prestando assistência técnica. Mas eu parti para outra. Minha missão é espalhar pelo mundo a filosofia da solidariedade digital.


Para ele, a queda-de-braço entre os Estados Unidos e os países que querem reduzir o controle americano sobre a internet não tem importância:


– O poder não está na administração dos nomes dos domínios, que é o que estava em discussão. É o copyright que regulamenta a internet.


Ontem, Stallman citou dois países que estariam na vanguarda da utilização do software livre: Brasil e Venezuela.


No mesmo dia, a oposição ao governo tunisiano convocou uma entrevista coletiva com oito políticos, sindicalistas e jornalistas, que estão em greve de fome desde 18 de outubro.


– É irônico, mas no país onde estão todos falando sobre liberdade de expressão na internet há 400 presos políticos e censura à imprensa – disse Negib Shebbi, secretário-geral do Partido Democrático Progressista (PDP), que, apesar de ser legal, não tem poder.


Há meio século a Tunísia é governada pelo mesmo partido e há 18 anos, pelo mesmo presidente.’



INTERNET


Jack Schofield


‘Com a Web 2.0, a história parece se repetir na rede ‘, copyright O Estado de S. Paulo / The Guardian , 18/11/05


‘Há 15 anos, Tim Berners-Lee desenvolvia a primeira página da web, o primeiro servidor da rede e o primeiro navegador – tudo rodando apenas em sua própria máquina no Cern, o centro de pesquisa de física de partículas da Europa. A web era vista como uma boa maneira de compartilhar informações, principalmente acadêmicas. Em 1995, a rede já contava com cerca de 20 milhões de usuários, e era usada para entretenimento e compras. Mas o que realmente mobilizou a atenção mundial foi a oferta pública inicial do Netscape. A web podia atrair principalmente os fanáticos por tecnologia, mas claramente havia milhões a ganhar. E, é claro, perder.


Bem, os investidores de novos empreendimentos e as aquisições corporativas estão de volta. A oferta inicial do Google, no fim do ano passado, mostrou que ainda há milhões a ganhar, e algumas transações espetaculares se seguiram. De fato, a eBay pagar US$ 4 bilhões pela Skype, uma pequena companhia com receitas de apenas US$ 7 milhões, teria causado choque mesmo antes do estouro da bolha pontocom.


Grande parte do novo investimento vai para companhias na vanguarda da chamada Web 2.0. Ninguém sabe ao certo o que isso significa, mas sem dúvida é o rótulo mais chique a ser incluído num site novo e transado ou – mais importante – num pedido de capital de investimento. Mas, antes de investir seu fundo de pensão no futuro da Web 2.0, tenha em mente que ela pode também marcar o início da Bolha 2.0. Os websites podem ser novos, mas, como observa Michael Gartenberg, da Jupiter Research, ‘os modelos de negócios ainda são construídos à moda antiga’.


A história está se repetindo? A Microsoft parece estar tentando. Em 1995, a gigante do software respondeu à ameaça do Netscape anunciando uma reviravolta na internet. Neste mês, ela deu uma resposta similar à ameaça do Google. Bill Gates trocou sua metáfora da ‘onda devastadora’ por uma ‘transformação profunda’, enquanto a Microsoft anunciava novos websites – Windows Live e Office Live – e um interesse crescente por serviços online apoiados por publicidade.


Como em 1995, a Microsoft anunciava coisas que não poderia realizar, mas o lançamento indicou que seus programadores estavam sendo mobilizados para a batalha. No entanto, não pense nem por um segundo que a Microsoft vai parar de licenciar seu software. Todos os seus programas ganharão um componente de serviço online, mas, como diz Gartenberg, ‘trata-se de ampliar os modelos de aplicativos tradicionais, não de substituí-los por algo novo’.


Felizmente, a Microsoft não mencionou a Web 2.0, rótulo criado por Dale Dougherty na O’Reilly Media para descrever uma nova geração de sites e serviços que usam a rede como plataforma. A idéia foi desenvolvida com mais eficácia pelo fundador da editora, Tim O’Reilly, que lançou a primeira conferência Web 2.0 em outubro do ano passado.


Depois de intensas discussões no FOO Camp, uma conferência só para convidados, O’Reilly escreveu o documento ‘O que é a Web 2.0’, publicado em 30 de setembro. Ele enumera sete ‘princípios e práticas’ normalmente presentes em sites Web 2.0, começando com ‘A Web como Plataforma’ e terminando com ‘Experiências Ricas para o Usuário’ – e este é o problema. Sites diferentes podem se qualificar oferecendo uma ou mais características da Web 2.0, mas ainda não ter nada em comum.


E, como reconhece O’Reilly, muitos sites Web 1.0 seguiram os mesmos princípios: ‘O Netscape promoveu um ‘webtop’ para substituir o desktop e planejou povoá-lo com atualizações e aplicativos de informação trazidos por provedores de informação que comprariam servidores do Netscape’. Como resultado, é fácil demais explorar o marketing Web 2.0, com um website qualificado ou não.’



Renato Cruz


‘UOL lança UOLkut para concorrer com o Orkut ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 18/11/05


‘Ontem, o UOL lançou seu serviço de rede de relacionamentos, chamado de UOLkut. O nome parece familiar? Um leitor do site de notícias Bluebus perguntou se era brincadeira. Outro definiu o nome como a pior ‘sacadinha genial’ dos últimos tempos. Ainda um terceiro o classificou como ‘burrice criativa’. O diretor de Novos Produtos do UOL, Victor Ribeiro, preferiu não explicar como a empresa pesou os prós e os contras de batizar o serviço de UOLkut. ‘Não preciso explicar’, afirmou o executivo. ‘Todo mundo pode ter sua opinião.’


O serviço vem concorrer com o Orkut, do Google, que tem 6 milhões de usuários no Brasil. O nome vem de seu criador, um funcionário do Google que se chama Orkut Buyukkokten. ‘Queremos liderar este mercado amanhã’, disse Ribeiro. Ainda sobre o nome, quando o UOL foi lançado, em 1996, não foram poucas as pessoas que perceberam a semelhança do nome com o da America Online (AOL).


Além do Orkut e do UOLkut, as redes sociais incluem serviços como o Friendster, o Multiply e o LinkedIn. O Yahoo tem um serviço chamado Yahoo 360°. O caderno Link, deste jornal, tem sua comunidade virtual. ‘Estamos trabalhando no UOLkut há muitos meses’, disse Ribeiro. ‘Outros serviços não mostram o mesmo comprometimento com o usuário e não dão garantia de que continuarão existindo. O UOLkut faz parte de nossa estratégia de médio e longo prazo.’


Os sites de relacionamento foram uma febre em 2004, mas as pessoas já dão sinais de que começam a ficar cansadas. Não foram poucas as que cometeram ‘orkuticídio’. Ou seja, cancelaram suas contas no Orkut. O UOLkut não chegou tarde? ‘As pessoas que se descadastram mostram a falta de compromisso do site’, disse Ribeiro. ‘Se perdem o interesse, existe alguém pisando na bola.’


Os usuários do Orkut estão acostumados às mensagens de erro. O diretor do UOL promete que em seu serviço não haverá isso. No UOLkut, de acordo com Ribeiro, será mais fácil encontrar pessoas, com buscas dentro de comunidades, e listas de amigos em ordem alfabética. Além disso, é possível manter secreto um vínculo de amizade. ‘No Orkut, o sujeito casa, a esposa vê uma ex-namorada na sua lista de amigos e fica p. da vida’, explicou o executivo. ‘No UOLkut, isto não acontece.’’



O Estado de S. Paulo


‘Ação do Google supera US$ 400 ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 18/11/05


‘As ações do gigante da internet Google superaram ontem a barreira de US$ 400, mais de quatro vezes o preço de venda inicial ao público dos títulos, que foram lançados ao mercado a US$ 85 em agosto do ano passado – naquele dia, o valor de fechamento foi de US$ 100,34. Ontem, as ações da empresa fecharam a US$ 403,45, um crescimento de 1,33% em relação ao preço de quarta-feira.


Com esse aumento, o valor de mercado do Google chega a cerca de US$ 118 bilhões, mais que o dobro do seu rival Yahoo (US$ 58 bilhões). A valorização de mercado do Google supera também a de grandes companhias do setor de tecnologia, como Dell, Hewlett-Packard e Cisco Systems, e se aproxima à de outras como IBM, que vale na bolsa US$ 137 bilhões, ou Intel, cuja avaliação é de aproximadamente US$ 151 bilhões.


Também é maior que o valor do gigante da mídia Time Warner, que vale na bolsa aproximadamente US$ 81 bilhões, embora ainda esteja muito longe das maiores companhias na bolsa, como General Electric (US$ 364 bilhões) ou Microsoft (US$ 296 bilhões).


As ações do Google vêm subindo acentuadamente desde que anunciou, em 20 de outubro, um lucro maior que o esperado pelo mercado. Desde então, as ações tiveram uma alta de mais de US$ 100, ou mais de 30%, o que vem obrigando vários analistas de Wall Street a rever suas metas de preço para a empresa.


Seu valor de US$ 400 a transforma em uma das ações de maior avaliação na Nasdaq, mas os analistas acreditam que o valor é justo, pois corresponde a cerca de 45 vezes o lucro anual por ação da companhia. Esse número é, inclusive, menor que a valorização do Yahoo, cujas ações são negociadas a 50 vezes seu lucro.


NOTÍCIAS


O Google lançou ontem a versão brasileira do seu site de notícias Google News (http://news.google.com.br). Segundo a empresa, a ferramenta permite procurar notícias em português existentes em mais de 200 fontes de informação no Brasil e no mundo. ‘Com o Google News pode-se fazer uma busca em fontes de informação sobre qualquer assunto de vários pontos de vista’, disse, em nota, Alexandre Hohagen, diretor-geral do Google Brasil.


De acordo com a empresa, por meio de tecnologia de agrupamento de dados e análises, o Google News acha e reordena as manchetes de diferentes publicações escritas na língua portuguesa. ‘Sua interface fácil de usar permite que as pessoas vejam as manchetes e as fotos agrupadas por categorias.’ Ontem, o Google inaugurou oficialmente seus escritórios em São Paulo e no México.


A empresa também lançou, em caráter experimental, um novo serviço, chamado Google Base (http://base.google.com), que permite aos usuários enviarem conteúdo para o Google, mesmo que ainda não esteja disponível na rede, para que possa ser buscado via internet. Os usuários podem classificar com etiquetas eletrônicas os arquivos que enviarem.


O analista Safa Rashtchy, da Piper Jaffray, apontou em relatório que a empresa pode ‘criar uma nova web’ e ganhar ‘um inventário massivo de publicidade’. Para Benjamin Schachter, do banco UBS, o Google Base ‘tem o potencial de estar entre os serviços mais rentáveis do Google, particularmente se acrescentar um sistema de listas de classificados e um serviço de pagamento’. O Google Base representa uma ameaça a sites de leilões, como o eBay.’



O Globo


‘Google: o céu é o limite?’, copyright O Globo, 18/11/05


‘A ação da Google ultrapassou ontem os US$ 400, graças ao crescimento dos anúncios online e às expectativas dos investidores de que a empresa continuará a diversificar seus produtos para além das buscas na internet. Desde que os papéis foram lançados, em agosto do ano passado – a US$ 85 por ação – a valorização acumulada é de cerca de 375%.


A Google também anunciou ontem a abertura de escritórios no Brasil e no México, a fim de se aproximar dos anunciantes latino-americanos. O escritório brasileiro ficará a cargo de Alexandre Hohagen, ex-gerente geral do canal de TV por assinatura HBO.


A ação da Google fechou ontem em Nova York com alta de 1,33%, a US$ 403,45. Nas negociações eletrônicas, após o fechamento do pregão, os papéis continuavam subindo, tendo passado de US$ 404. Apesar dessa valorização, os analistas continuam recomendando a compra de papéis da Google. O mercado estima uma alta de 44% no lucro por ação em 2006.


Criada por Larry Page e Sergey Brin em 1998, a Google opera o site de busca mais utilizado da internet e vem diversificando suas operações, com site de relacionamento (Orkut), correio eletrônico (Gmail) e classificados online (Google Base, lançado quarta-feira), todos gratuitos. E já estuda um sistema de pagamento online, o Google Wallet.


A empresa está avaliada em US$ 118,8 bilhões, valor superior ao da Cisco Systems, a maior fabricante mundial de equipamentos para redes de computadores. As vendas líquidas da Google, sediada em Mountain View, na Califórnia, duplicaram nos sete últimos trimestres. Entre as empresas do setor de tecnologia, o valor só perde para o de Microsoft, Intel e IBM. Mas a Google já vale mais que a Coca-Cola.


– No momento, a Google é uma das histórias de crescimento compostas apenas de sucesso – disse David Edwards, analista da American Technology Research.


Tanto sucesso inspira os concorrentes. Ontem, o provedor de internet UOL lançou um site de relacionamento nacional, batizado de UOLKut. ( Da Bloomberg News, com agências internacionais)’



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‘Opinião: Rede aberta’, copyright O Globo, 18/11/05


‘É MAIS do que bem-vinda a criação de um fórum internacional para discutir a governança da internet.


PORQUE VAI contra a própria natureza igualitária e democrática da internet que ela seja administrada ou controlada por um único país. No caso, os EUA.


É VERDADE que durante muito tempo ainda ela continuará americana, mas agora se deu um importante primeiro passo para se eliminar esse controle unilateral —– compreensível no início da rede, mas uma aberração no estágio a que chegou a internet.’



Folha de S. Paulo


‘Ações do Google ultrapassam os US$ 400 ‘, copyright Folha de S. Paulo, 18/11/05


‘As ações do Google Inc. subiram e ultrapassaram a cotação unitária de US$ 400 pela primeira vez na história, impulsionadas pela disparada do crescimento dos anúncios on-line e pelas expectativas dos investidores de que a empresa continuará a diversificar seus produtos para além das buscas na internet.


As ações fecharam ontem com alta de 1,33% no dia, cotadas a US$ 403,45 na Nasdaq -isso depois de terem alcançado US$ 403,81 ao longo do pregão. Em um ano, a alta nos papéis do Google já alcança 133,9%.


O Google, fundado em um dormitório da Universidade de Stanford em 1998 e, atualmente, a operadora da ferramenta de busca mais utilizada da internet, lançou suas ações em Bolsa em agosto de 2004, ao preço de US$ 85 por papel. Hoje em dia, o Google está avaliado em US$ 118,8 bilhões, valor superior ao da Cisco Systems Inc., a maior fabricante mundial de equipamentos para redes de computadores.


Entre as empresas do setor de tecnologia, o valor do Google só é menor do que o da Microsoft Corp., da Intel Corp. e da IBM. O Google vale mais do que a Coca-Cola Co. e a Wells Fargo & Co.


As vendas líquidas do Google, sediado em Mountain View, no Estado norte-americano da Califórnia, duplicaram em todos os sete trimestres passados. Atualmente, o Google está pesquisando novos produtos, como serviços de anúncios classificados e de pagamentos on-line, para sustentar seu crescimento.


‘No momento, o Google é uma das histórias de crescimento compostas apenas por sucessos’, disse David Edwards, analista da American Technology Research de San Francisco. Ele tem recomendação ‘comprar’ para as ações do Google e afirma não possuir nenhuma em carteira. ‘Até agora, o Google ainda não mostrou nenhuma tendência de queda.’


Lucro setuplicou


As ações do Google registraram valorização de 33% desde que anunciou, em 20 de outubro passado, que seu lucro do terceiro trimestre deste ano setuplicou, sustentado pelas melhorias adotadas em seus sistemas de exibição de anúncios ao lado dos resultados de busca.


Ontem, o Google disse que inaugurou escritórios no Brasil e no México para aproximar a empresa de seus anunciantes latino-americanos.


A empresa não fornece estimativas de lucros nem divulga detalhes sobre produtos futuros.’



PUBLICIDADE


Fabiane Leite


‘Conselho mira o ‘antes e depois’ da plástica ‘, copyright Folha de S. Paulo, 18/11/05


‘O conselho de medicina de São Paulo quer criar um rito sumário para punir com mais rapidez, possivelmente em até 15 dias, médicos que fazem publicidade irregular, como a do ‘antes e depois’ usada para conquistar pacientes interessados em cirurgias plásticas. Atualmente, a punição chega a demorar cinco anos.


Esse tipo de propaganda, apesar de amplamente divulgada em sites, revistas e programas de TV, é vetada pela legislação do Conselho Federal de Medicina. Se condenado, o profissional pode até ter seu registro cassado.


‘O problema é que temos queixas por causa de promessas não alcançadas e vendidas em propagandas de extremo mau gosto. Não fazemos milagres’, diz Itamar Nogueira Stocchero, presidente da regional SP da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. ‘Mudamos a atitude, agora não seremos tolerantes.’


A idéia é criar uma fila específica para os casos de propaganda e tentar concluir os processos em duas semanas, respeitando o direito à ampla defesa do acusado.


Somente na edição especial da revista sobre cirurgia plástica ‘Plástica e Beleza’, que circulou até agosto, 28 profissionais foram pegos participando de publicidade irregular, diz o órgão.


A publicação fez um especial ‘antes e depois’ para mostrar o suposto resultado de diversos tipos de cirurgia. Todos os envolvidos serão investigados pelo conselho porque o método de propaganda, além de usar indevidamente a imagem do paciente, leva o médico a prometer resultados que nem sempre são os possíveis.


A proposta do rito sumário saiu de um fórum sobre publicidade médica realizado na semana passada pelo conselho e agora será ratificada no plenário do órgão, diz Lavínio Nilton Camarim, responsável pela câmara técnica de cirurgia plástica do órgão.


Atualmente, um processo sobre publicidade pode demorar até cinco anos para ser concluído, mesmo que haja provas como a reprodução da página de uma revista, diz Camarim. A demora ocorre, ele explica, porque entram na mesma fila de investigações de outros casos mais graves, como acusações de erro médico.


O conselho puniu, desde 2000, apenas 15 médicos por causa de publicidade indevida -de um total de 151 processos em andamento. A maioria levou uma ‘censura pública’, divulgada em jornais. Segundo Camarim, se consideradas as denúncias -um passo anterior à abertura de processo-, a publicidade já ocupa o quinto lugar no ranking das quase 11 mil reclamações contra médicos recebidas desde 2000. Fica na frente, por exemplo, de itens como ‘erro no diagnóstico’. A cirurgia plástica é a especialidade com mais propagandas questionadas.


Uma das denúncias feitas ao órgão foi justamente sobre a edição especial da ‘Plástica e Beleza’. No fórum, Camarim apresentou a cópia do convite atribuído à revista, para médicos participarem da edição ‘antes e depois’, com tiragem de 100 mil exemplares.


O texto atribuído à publicação fala das dificuldades para que médicos apresentem os resultados de seus trabalhos ‘em razão das restrições do código de ética da categoria’. A revista prometeu evitar problemas por meio de fotos cedidas por empresas, sem identificar profissionais autores dos procedimentos. O conselho não divulgou os nomes dos médicos que aceitaram. A revista negou o convite e informou que desconhece impeditivos ao ‘antes e depois’.’