Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Nada além de informações conhecidas

O caso do assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel vem à tona com o julgamento, à revelia, do principal acusado, Marcos Roberto Bispo dos Santos, que continua foragido. O assassino foi condenado a dezoito anos de prisão. Ele foi identificado como o motorista de um dos carros usados para interceptar o ex-prefeito, na noite de 18 de janeiro de 2002.


Sequestrado, Celso Daniel ficou em cativeiro por 24 horas e foi encontrado morto com oito tiros numa estrada vicinal em Juquitiba, cidade próxima a São Paulo.


Marcos Roberto chegou a confessar sua participação no crime, mas posteriormente declarou ter feito a confissão sob tortura. Seu advogado chegou a afirmar que o então deputado federal pelo PT Luiz Eduardo Greenhalgh teria participado das sessões de tortura.


Esses e outros elementos transformam o caso em um enredo digno de filme policial, mas a imprensa não tem demonstrado capacidade para ir além das informações oficiais e declarações de personagens envolvidos direta ou indiretamente, como os familiares da vítima.


Assessor próximo


O Globo alinha alguns episódios relacionados com o crime, lembrando que pelo menos sete pessoas que tinham algum vínculo com o assassinato morreram em circunstâncias estranhas.


Dionísio Severo, acusado de organizar a quadrilha que sequestrou e matou o prefeito, foi morto numa cadeia do Pará antes de depor sobre o caso. Um comparsa que o abrigou depois do crime foi metralhado em sua casa. Um investigador de polícia ligado ao grupo também foi assassinado, assim como o agente funerário que identificou o corpo do prefeito. Também foi morto o garçom que atendeu Celso Daniel na noite do sequestro, quando jantou com seu ex-assessor Sergio Gomes da Silva, e a única testemunha da morte do garçom.


Agatha Christie não faria melhor.


A versão do promotor do caso, que relaciona a morte do prefeito a desvios de dinheiro público para campanha eleitoral, envolve figuras importantes da República, mas ainda está para ser provada.


Os próximos julgamentos só deverão acontecer em 2012. Até lá, a imprensa tem bastante tempo para revirar o caso e colher evidências. Mas por enquanto seu único interesse tem sido ligar o assassinato a um assessor muito próximo do presidente da República.