Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ney Suassuna rebate
“linchamento midiático”


Leia abaixo os textos de terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 26 de dezembro de 2006


MÁFIA DAS AMBULÂNCIAS
Ney Suassuna


Sanguessugas da honra


‘DURANTE cerca de 140 dias, sofri um verdadeiro massacre por parte da imprensa nacional, acusado de fazer parte da quadrilha conhecida como ‘máfia das ambulâncias’. Por ter tido um ex-assessor preso durante a Operação Sanguessuga da Polícia Federal, meu nome foi envolvido no escândalo e, mesmo depois de o próprio relator do processo, senador Jefferson Péres, declarar textualmente em seu relatório, mais precisamente na página 17, segundo parágrafo, que ‘não há nos autos uma única prova de efetivo envolvimento do senador Ney Suassuna na quadrilha apelidada de sanguessugas. Não há nem sequer indícios de que o senador houvesse se locupletado dos valores pagos a título de comissão a seu assessor Marcelo Cardoso’, continuo sendo apontado pelos mais diversos setores da mídia como um parlamentar corrupto. Um sanguessuga do dinheiro público.


Tal parágrafo nem sequer foi levado em conta pela grande maioria dos repórteres que fazem a cobertura política. Para os jornalistas, o grande ‘mote’ foi o trecho em que o relator pede a cassação do meu mandato pelo que chamou de ‘condescendência criminosa’. Verdadeira situação kafkiana, pois, no meu modesto entendimento, equivale à condenação de um inocente pelo simples fato de não ter prendido o bandido durante um crime, sem que fosse policial ou juiz.


O relatório, apesar de estar eivado de incoerências, foi visto por grande parte da mídia nacional como ‘consistente’, unicamente por pedir a cassação do meu mandato parlamentar, mesmo com a inexistência de provas do meu suposto envolvimento com a máfia das ambulâncias.


A questão é que o pedido atendia a um desejo expresso pela mídia nacional, que exigia a punição de parlamentares envolvidos em casos de corrupção e, naquele momento, sentia-se frustrada pela absolvição em massa dos chamados mensaleiros.


Na realidade, como disse o próprio Jefferson Péres, o que estava em julgamento não era eu, mas o sistema como um todo. Um sistema do qual todos nós fazemos parte.


Não é transformando esse ou aquele parlamentar em mártir, em exemplo, que vamos conseguir mudar esse anacronismo político e social em que vivemos. O que temos de modificar é a nossa própria cultura, a nossa maneira de resolver as coisas sempre com o famoso ‘jeitinho’ brasileiro, atropelando a lei e a ordem.


A condenação de um inocente não trará a redenção política ao Brasil, mas, sim, agravará ainda mais o quadro de injustiças e desmandos.


Lamentavelmente, para a grande maioria dos brasileiros, a classe política eleita democraticamente pelo próprio povo é como um câncer que corrói o país. Mas ninguém se preocupa em fazer a sua parte. Procurar conhecer de perto o trabalho do parlamentar que elegeu e cobrar dele propostas e soluções para o país, e não se preocupar só em levar vantagem durante a eleição, leiloando o próprio voto, já seria um bom começo.


O denuncismo vazio também não contribui para o crescimento do nosso país. Acusar sem provas e aproveitar os generosos espaços cedidos pela mídia para tentar criar uma imagem positiva perante a opinião pública, sem se preocupar em saber se há ou não fundamento nas acusações, é, também, na minha visão, um exemplo de desrespeito à justiça e à democracia.


No meu caso, senti na pele as conseqüências desse tipo de atitude. Isso porque as acusações contra a minha pessoa se agravaram a partir da suposta declaração da senhora Maria da Penha Lino, ainda quando se encontrava presa pela Polícia Federal no Mato Grosso, de que eu faria parte do esquema. Uma declaração desmentida mais tarde pela própria Maria da Penha, mas que transformou a minha vida nos últimos meses num verdadeiro calvário.


O mais estranho nisso tudo é que tomei conhecimento do tal esquema a partir da imprensa, quando da divulgação da Operação Sanguessuga.


Até então jamais tinha ouvido falar em Planan, família Vedoin, Maria da Penha Lino ou qualquer outra pessoa envolvida na máfia. Os próprios indiciados confirmaram que nunca haviam estado comigo -nem sequer falado-, mas a minha palavra, naquele momento, não era considerada.


A partir de tais declarações, que tomei conhecimento apenas pela mídia -por ser o nome de maior destaque na política nacional entre os envolvidos, já que era líder do PMDB e do bloco da maioria no Senado Federal, além de ser visto como um dos principais interlocutores do governo Lula no Congresso Nacional-, não saí mais das páginas dos principais jornais do país, em charges, manchetes e fotos, o que me custou mais que o mandato. Custou-me a honra. E isso não há meios de reparar.


NEY SUASSUNA é senador pela Paraíba e líder do PMDB no Senado.’


LULA vs. MÍDIA
Clóvis Rossi


De fatos e conspirações


‘O lulopetismo criou o hábito de investir com fúria contra os fatos, sempre que o embaraçam. Contra evidências, esgrime o mantra de ‘conspiração das elites/ mídia’, com a contribuição intelectual de acadêmicos companheiros e da mídia idem.


Deu-se, no mais recente escândalo (o do dossiê contra tucanos), a exacerbação dessa prática. Inventou-se que uns pobres petistas ‘aloprados’ (que são, na verdade, criminosos) foram enganados por um bando de tucanos espertos e atraídos a um hotel com uma pilha de dinheiro para comprar um dossiê, dinheiro apreendido por um delegado obviamente tucano. A mídia, na sua eterna conspiração, resolveu divulgar os fatos, o que choca lulopetistas.


Bom, agora vem Paulo Lacerda, chefe da Polícia Federal, insuspeito por ser funcionário público exemplar, e conta, em entrevista à Folha, a história tal como ela foi e tal como se divulgou.


Ponto um: o que antecede o dossiê é ‘um trabalho de investigação muito bem-sucedido sobre os sanguessugas’. Em seguida, vêm ‘denúncias de que alguns envolvidos estariam utilizando práticas de extorsão contra pessoas, que era o dossiê’.


Mais: ‘A partir do momento em que o caso se tornou público, não havia como deixar passar em branco: quase R$ 2 milhões, seria risco demais a PF dar corda naquele momento’ (dar corda é o jargão para deixar as coisas acontecerem e só dar o bote depois).


‘Ali não teve como, porque era uma situação que a sociedade precisava saber, sob pena de hoje sermos acusados de ter dado cobertura a uma ação ilícita’, fecha o chefe da Polícia Federal.


Pois é, ‘a sociedade precisava saber’, a ação era ‘ilícita’, foi divulgada, mas fatos, na torpe mentalidade dessa gente, são sempre menos relevantes do que as alucinações conspiratórias.’


POLÍTICA CULTURAL
Silvana Arantes


‘Devemos estimular o risco’, diz Rangel


‘O diretor Manoel Rangel, nomeado neste mês presidente da Agência Nacional do Cinema, diz que ‘o Brasil tem a chance de ser uma nova Hollywood, guardadas as proporções e as diferenças do nosso jeito de filmar, de criar, de fazer cultura’.


Mas Rangel sabe que, antes de cumprir a ambição de ‘satisfazer não só o mercado interno, mas também oferecer ao mundo algo da diversidade cultural do Brasil’, a indústria nacional deve superar os entraves de um mercado ‘concentrado e distorcido’, sua condição atual.


É na implementação da lei do Fundo Setorial do Audiovisual (aprovada neste mês pelo Congresso, com novos mecanismos de fomento ao cinema e mais margem de ação à Ancine) que Rangel avista ‘um novo ciclo de desenvolvimento’, deixando para trás a fase da ‘retomada’.


O ciclo que (provavelmente) termina foi o que viu a produção nacional recuperar vigor, amparada nas leis de renúncia fiscal, mas também abrir mão do empenho em conquistar público. O resultado é que a participação do filme brasileiro nas bilheterias está em queda. Desse e de outros paradoxos ele fala na entrevista a seguir.


FOLHA – O ano de 2006 teve bilheteria insignificante para a maioria dos filmes brasileiros, além de um número maior de filmes concluídos do que estreados. Há excesso de produto ou gargalo na distribuição?


MANOEL RANGEL – A produção de filmes brasileira cresceu efetivamente desde 2003. Temos a cada ano cerca de cem títulos sendo filmados; cerca de 80 sendo concluídos e chegamos a dobrar o número de lançamentos. Estamos satisfeitos com isso? Não, porque há inúmeros problemas cercando a produção e a exibição desses filmes. São distorções de um ciclo que vivemos desde 1991 [início da Lei Rouanet] até 2003.


Foi um ciclo exitoso de retomada do cinema brasileiro, mas é um período em que o foco da política cinematográfica foi exclusivamente na produção. Os filmes realizados debaixo dessa política tiveram que lidar com as distorções do mercado no Brasil -um parque exibidor muito pequeno, em que os ingressos acabam sendo muito altos, por causa dessa limitação das salas e de outras distorções, como a que fez com que o uso da meia entrada não tivesse nenhum tipo de controle, saltando de 30% para 70%.


FOLHA – A bilheteria do filme brasileiro está em queda desde o recorde de 21% do mercado em 2003. Não é indício de desinteresse do público pela produção nacional?


RANGEL – 2003 é um ponto fora da curva. Deve ser visto como um ano excepcional. O ‘market share’ [parcela do mercado] do filme brasileiro cresceu ao longo desses anos, em relação a 2002 e a toda a década anterior. De 1990 a 2002 nunca ultrapassamos o patamar de 10%, que foi ultrapassado extraordinariamente em 2003, batendo nos 22%. Fizemos 14,4% em 2004; 12% em 2005 e estamos fechando 2006 com 12%. Houve diminuição de público neste ano, não só do filme brasileiro, mas também do estrangeiro.


Tivemos um grande sucesso nacional [‘Se Eu Fosse Você’, público de 3,6 milhões]; dois ou três filmes com resultado interessante e um grande número com resultado muito limitado. Uma parte dessas questões tem a ver com o perfil dos filmes. É natural que documentários tenham um público menor.


Há outro conjunto de filmes que poderiam ter um resultado melhor, se tivessem lançamentos mais robustos, se o circuito exibidor estivesse mais ramificado em segmentos da população diferentes do A e B e se esses filmes tivessem contado com um planejamento mais intenso da idéia de que são uma obra de arte e também um produto que será comercializado.


FOLHA – Essa é uma defesa da idéia de que os filmes tenham necessariamente associação com uma distribuidora antes de serem filmados?


RANGEL – Não seria taxativo em dizer associação anterior com distribuidora, mas diria um pensamento na fase de produção fortemente marcado pela idéia do lançamento comercial.


FOLHA – Como exigir compromisso comercial dos filmes brasileiros, se eles se pagam antes do lançamento, já que têm a produção inteiramente subsidiada pelas leis de incentivo?


RANGEL – Precisamos estimular a disposição de correr riscos nessa atividade. Nenhuma produtora, quando se lança a realizar um filme, tira de seu horizonte a possibilidade de obter lucro, independentemente de ter um subsídio integral da realização da obra.


Mas é evidente que a mecânica dos incentivos fiscais, da forma como foi concebida nos últimos anos, não estimulou um planejamento obsessivo desse retorno, não colocou isso como uma precondição.


O fato de não haver uma demanda pelo produto brasileiro no conjunto dos segmentos de mercado dificulta [o lucro]. Nenhum filme se paga só no mercado de salas, em nenhum lugar, nem nos EUA. Ter todos os segmentos comprando e pagando o preço justo por um produto brasileiro é importante para a obtenção do retorno.


Com isso não faço uma absolutização do resultado econômico. Acho plenamente justificável que alguns filmes se realizem mais como aposta autoral do que comercial. Uma cinematografia precisa de filmes que levem à descoberta de novos espaços da sensibilidade, para reforçá-la como um todo.


FOLHA – Diante da tendência de queda de público nas salas, com migração para o mercado de vídeo doméstico, não é anacrônico defender a expansão do parque exibidor?


RANGEL – Não, porque, embora haja no contexto internacional uma competição cada vez mais intensa entre o mercado de vídeo doméstico e o de salas de cinema, continua havendo uma valorização importante do mercado de salas.


O déficit que temos no Brasil permite dizer com segurança que estamos muito longe do ponto ótimo do parque exibidor. Temos uma sala de cinema para cada 90 mil habitantes. A Argentina tem uma sala para cada cerca de 40 mil habitantes; o México, uma sala para cada cerca de 35 mil habitantes.


Portanto temos espaço para expansão do nosso mercado de salas. É preciso que a gente tenha no Estado brasileiro essa preocupação, o que significa ter políticas de financiamento.


FOLHA – O sr. disse que nenhum filme se paga só no mercado de salas. A ausência do filme nacional da TV não é o grande nó no caso brasileiro?


RANGEL – Esse é um importante nó do mercado. Há outros, como o fato de os números do mercado de vídeo e DVD ainda serem pouco conhecidos dos produtores e dos agentes econômicos. Temos a programação de TV por assinatura como um mercado importante e também não devidamente potencializado para o filme nacional.


Eu diria que os problemas no mercado de salas, que são gritantes, são apenas a ponta do iceberg. Temos problemas no conjunto dos outros segmentos do mercado. Por isso a Ancine tem uma competência de fomento, outra de regulação e uma terceira, ainda mais radicalmente importante, que é de desenvolvimento econômico.


FOLHA – Se a oposição das TVs abertas ao projeto da Ancinav pode ser lida como uma recusa ao debate sobre o lugar do filme brasileiro nesse segmento, como a Ancine ainda pretende intervir nessa questão?


RANGEL – A decisão do presidente Lula naquele momento, de destrinchar o assunto e decidir que não era oportuno criar uma agência reguladora de todo o audiovisual [a Ancinav] antes de criar um marco regulatório relativo à comunicação social eletrônica foi acertada, no sentido de que responsabiliza a sociedade brasileira por encontrar os caminhos de lidar com as questões da comunicação eletrônica no Brasil.


Mas o presidente tomou também a decisão de dar curso a uma parte importante do projeto da Ancinav, com as ações de desenvolvimento do cinema e do audiovisual e o reforço da Ancine. O presidente deu à Ancine e ao Ministério da Cultura instrumentos para, por outros caminhos, forçar o processo de parceria entre o cinema e a TV.


Um exemplo disso é a criação do Fundo Setorial do Audiovisual [recém-aprovado no Congresso, que aguarda sanção presidencial]. O artigo 3º A dessa lei vai permitir que as televisões e as programadoras de TV por assinatura participem fortemente da produção de filmes e de obras audiovisuais de produção independente para a TV. Esse artigo vai mudar a mentalidade dos executivos de TV e dos produtores independentes, caminhando para uma sinergia.’


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 26 de dezembro de 2006


MÍDIA vs. LULA
João Domingos


Gamecorp volta à mira da oposição


‘A divulgação do balanço de 2005 da Gamecorp, que tem entre seus sócios Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente Lula, levou a oposição a pedir investigações no Congresso sobre a empresa. A companhia registrou prejuízo de R$ 3,479 milhões no mesmo ano em que o grupo Telemar injetou R$ 5 milhões na empresa, como revelou ontem o Estado. A Telemar é concessionário do serviço público de telefonia, regulado pelo governo federal.


O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) afirmou que, na sua opinião, um contador ligado ao valerioduto deve ter sido o responsável pelo balanço da Gamecorp. Foi uma referência às operações financeiras feitas pelo empresário Marcos Valério e pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para patrocinar o esquema do mensalão no Congresso.


ACM tem sido um severo crítico da transação entre Gamecorp e Telemar. Em discursos seguidos no plenário do Senado, ele costuma levantar suspeitas sobre a operação. Ontem, o senador disse que o balanço reforça essas suspeitas. ‘É inacreditável que tenha havido prejuízo. Pelo que sabemos, a empresa está envolvida em muitos projetos e deveria ter lucros muito grandes. Acho que tem algo errado aí e o contador que conseguiu registrar esse prejuízo deve ser o mesmo do valerioduto’, disse o senador.


José Aníbal, eleito deputado federal pelo PSDB em São Paulo, também levantou suspeitas sobre a operação da Gamecorp. Para ele, ‘o caso dessa empresa do Lulinha é um a mais nessa onda toda de licenciosidade, que tem sido uma marca tão forte do governo Lula’.


O deputado eleito cobrou de seu partido uma postura oposicionista mais firme e atuante para o próximo mandato e propôs questionar no Congresso as contas da Gamecorp. ‘Temos que analisar bem essa contabilidade, porque eles tiveram um crescimento enorme e agora apresentam prejuízo’, disse.


‘A imprensa tem feito um trabalho importante de acompanhar, de fiscalizar e denunciar. Agora, isso é o máximo que ela pode fazer’, avaliou o futuro congressista tucano. ‘Quem tem condições, quem pode cobrar, exigir depoimento e tudo, é o Parlamento, é a oposição política. E o PSDB em janeiro tem que assumir isso para valer. A oposição tem essa responsabilidade e o PSDB precisa assumir isso, estar mais atento a essas questões’, concluiu Aníbal.


A EMPRESA


A Gamecorp nasceu com capital de R$ 10 mil, em 2004. No ano seguinte, houve a operação de compra de parte da empresa pela Telemar e os sócios originais – entre eles o filho de Lula – aumentaram o capital da companhia em mais R$ 2,7 milhões. A Telemar injetou mais R$ 2,5 milhões na empresa, para adquirir exclusividade sobre seus projetos e produtos.


Em 2006, apesar do prejuízo do ano anterior, a Telemar destinou mais R$ 5 milhões à Gamecorp, dessa vez como verba publicitária. Anteontem, Leonardo Eid, sócio do filho de Lula, revelou que também neste ano deve ser registrado prejuízo.


A Gamecorp produz conteúdo para o público jovem, principalmente dicas para jogos de videogame. Ela aluga espaço na grade da PlayTV, antiga Rede21, da TV Bandeirantes.


Os representantes da empresa não foram localizados ontem para comentar as declarações da oposição a Lula. COLABOROU RODRIGO PEREIRA’


BRASIL NO NYT
O Estado de S. Paulo


O Brasil nos melhores do ano do NYT


‘O disco Infinito Particular, de Marisa Monte, e a canção Let’s Make Love and Listen to Death from above da banda Cansei de Ser Sexy foram citados na lista dos destaques do ano da música pop e do jazz do New York Times. O crítico Jon Pareles escolheu Infinito Particular como o segundo melhor disco do ano (o primeiro foi Return to Cookie Mountain, do TV on the Radio); Let’s Make… ficou com a quarta colocação em uma lista das cinco melhores canções do ano.


Pareles elogiou o tom ‘introspectivo’ de Infinito Particular e a maneira como a voz de Marisa Monte ‘flutua sobre os recursos eletrônicos e os instrumentos de sopro e de cordas’. Na eleição das melhores canções de 2006, os críticos do jornal americano não deram justificativas para suas escolhas.


Além de Pareles, também fizeram suas escolhas os especialistas Kelefa Sanneh, Ben Ratliff, Natie Chinen e Sia Michael. Somando-se todas as listas, o artista mais citado foi o rapper Ghostface Killah e o disco Fishscale, seguido por nomes como Lily Allen (Alright, Still), Beyonce Knowles (B’Day), Thom Yorke (The Eraser), Gonzalo Rubalcaba (Solo), Nelly Furtado (Loose) e bandas como TV on the Radio (Return to Cookie Mountain), Arctic Monkeys (Wathever People Say I Am, that’s What I Am not).


Ghostaface Killah foi bastante elogiado por oferecer uma alternativa à ‘mesmice’, segundo Pareles, do cenário atual do rap. ‘Sua temática é a mesma, mas sua visão para a vida do crime é ampla, há um olhar gráfico da comédia humana capturado neste denso jogo de palavras acompanhadas de samples exuberantes da soul music.’


Sobre TV on the Radio, Natie Chinen afirma que Return to Cookie Mountain consegue ser mais interessante que o primeiro disco da banda ao lidar com questões tanto pessoais como políticas. Da mesma forma, Thom Yorke, cantor do Radiohead, arrancou elogios por encontrar uma linguagem sonora original ‘para narrar seu ponto de vista sobre o status quo’.


Entre os artistas-solo, Gonzalo Rubalcaba impressionou Ben Ratliff por seu estilo ‘apimentado, preciso, um modo de tocar o piano que é um dos principais estranhos prazeres do jazz atual’. Já Beyonce Knowles ganhou espaço na lista dos melhores por conseguir unir aquilo que é muito antigo com o que há de mais novo em B’Day. A compositora inglesa Lily Allen chamou atenção pela letras de suas canções em Alright, Still. A lista dos melhores do ano pode ser vista no site www.nytimes.com.’


TELEVISÃO
O Estado de S. Paulo


Só para maiores


‘A Globosat, que distribui os canais adultos Sexy Hot e For Men, fechou parceria com a Playboy TV e a Claxson para gerar mais conteúdo nas principais emissoras do gênero. Além desses três canais, Playboy TV Movies, G Channel, Vênus, Vênus XXL, Private, Spice Digital Networks, Fresh!, Shorteez e Xcess fazem parte do novo empreendimento.


A empresa formada com a parceria, a Playboy do Brasil Entretenimento, deve começar suas operações já no primeiro trimestre de 2007. A idéia é criar mais atrações para o público diversificado que todos esses canais atendem.


Há emissoras para homens, para mulheres e para gays. Uns são mais explícitos, outros mais românticos. E o mercado cresce a cada ano por causa da variedade e pelo custo. Apesar de os canais serem comercializados em pay-per-view, alguns deles oferecem pacotes só para os finais de semana ou para programas específicos, o que barateia o custo para o consumidor.


Para a Globosat e para a Playboy TV, o negócio é vantajoso porque ambos já produzem conteúdo nacional e latino-americano para seus canais e já dispõem até de apresentadoras brasileiras em seus castings.


Canal Brasil traz curtas sobre o País


O Canal Brasil estreará, no dia 1º de janeiro, a série Revelando os Brasis, composta por 40 curta-metragens produzidos por moradores de pequenos municípios de até 20 mil habitantes por todo o País. Comandada pela cineasta Carla Camurati, a atração mostra, além dos filmes, as histórias dos diretores de cada curta. A série foi produzida em 2004, parte do projeto elaborado pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura em parceria com o Instituto Marlin Azul. Revelando os Brasis vai ao ar de segunda a sexta, às 16h30.’


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