Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

NYT desiste de jantar anual da Casa Branca

A decisão do New York Times de não mais participar do jantar anual da Associação dos Correspondentes da Casa Branca (WHCA, sigla em inglês) ganhou apoio da equipe do diário, mas desagradou a WHCA, fundada em 1914 para servir como uma ponte entre a imprensa e a sede do governo americano. Na segunda-feira (30/4), a porta-voz do jornal, Catherine Mathis, confirmou a informação, sem, no entanto, revelar os motivos. O colunista Frank Rich foi o primeiro a divulgar o assunto em sua coluna, no domingo (29/4). Ele defendeu a não participação do diário no jantar – que, em sua opinião, é usado pelo presidente como um evento político –, mas negou ter influenciado a posição do NYTimes.


Andrew Rosenthal, editor da página de editoriais do jornalão nova-iorquino, também afirmou não ter tido envolvimento na decisão, mas lembrou que, quando era editor em Washington, já existia uma discussão sobre a possibilidade dos jornalistas do diário não freqüentarem mais o jantar. ‘Eu sentia, na época, que participar destes jantares era uma má idéia. Eles passaram a ser eventos nos quais celebridades, jornalistas e funcionários do governo fingiam ser amigos. Mas havia alguma resistência por parte de repórteres que consideravam que eles eram úteis’, revelou. Para Rosenthal, freqüentar tais jantares ‘virou um problema, porque se tornou um evento cada vez mais público’. O jantar é oferecido pelo presidente americano a celebridades e jornalistas.


O atual presidente da WHCA, Steve Scully, notou que o NYTimes já faltou a pelo menos um jantar no passado por razões semelhantes, durante o governo de Bill Clinton. Scully defendeu a cerimônia, mas afirmou que respeita a decisão daqueles que não querem participar dela. ‘Isto não vai afetar a participação deles na associação’, ressaltou, observando que Doug Mills, fotógrafo do NYTimes, faz parte do conselho da WCHA. Ann Compton, que assumirá em julho o cargo de presidente da WHCA, disse que o NYTimes não fará falta no jantar. ‘O The New York Times nunca foi um grande participante, eles compram apenas duas mesas. Mas espero que eles continuem sendo membros da associação’, afirmou. O jantar tem 250 mesas, com 10 pessoas cada.


Tragédia marca jantar


A decisão do jornal foi anunciada uma semana após o jantar deste ano, realizado em 22/4, poucos dias após o massacre na universidade Virginia Tech, no qual 32 pessoas foram mortas. Por conta da tragédia, o presidente George W. Bush não fez o tradicional discurso humorístico. A ocasião é geralmente marcada pelo humor político; Bush, por exemplo, costuma fazer piadas de si mesmo ou de sua administração. ‘É importante que todos em Washington aprendam a rir; a habilidade de um país de fazer piada com seus líderes é boa para a democracia. Eu ia fazer piadas sobre mim mesmo, mas, com a tragédia da Virginia Tech, decidi que não é o momento para ser humorista’, disse Bush aos presentes. ‘Esta foi uma semana difícil para muitos jornalistas que cobriram o massacre’.


Este ano, o comediante Rich Little atraiu muitas críticas, devido às piadas datadas e de qualidade inferior. Ele evitou comentar assuntos políticos atuais, limitando-se a fazer graça com os lapsos gramaticais e tropeços verbais de Bush, famoso por inventar palavras e pronunciar outras de forma errada. Entre as celebridades presentes ao evento deste ano estavam Sanjaya Malakar, finalista do reality show American Idol; o ator John Cusack; a atriz Mary Tyler Moore; o comediante Larry David; e os cantores de música country Tim McGraw e Faith Hill. O secretário de imprensa da Casa Branca, Tony Snow, que sofreu recorrência de câncer, compareceu ao jantar e sentou-se na mesa de Bush. A associação doou US$ 5 mil para o jornal dos alunos da Virginia Tech para ajudar na cobertura pós-massacre. Informações de Joe Strupp [Editor & Publisher, 30/4/07] e de Kasie Hunt [Associated Press, 22/4/07].