Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O JB, por uma noite, voltou a ser uma festa

Comício? Convenção? Noite da Saudade? Protesto, manifesto, contestação, constatação, encontro, fim de desencontros? Tudo isso e mais um pouco.


Em clima de festa. Mais de 150 jotabeanos ou jotabistas, gente que trabalhou no Jornal do Brasil de 1956 a 1990, reuniram-se na quarta-feira (26/4), no Rio de Janeiro – no Rio Scenarium, Rua do Lavradio, 20. Um arco de 34 anos, duas ou três gerações de profissionais, um bando de maravilhosos idiotas que se reúne por nada, só para reunir-se (não houve condição de localizar as levas posteriores).


Não houve convocação apenas adesões, todos a favor. Sob a batuta de Carlos Lemos, e tropa de choque integrada por Vera Perfeito e Sérgio Fleury, vieram comemorar uma identidade que sempre existiu nos currículos, na mitologia, nas lembranças. Infelizmente, também em obituários.


Veio gente do exterior, Brasília, Rio Grande do Sul, Minas e São Paulo não para firmar um abaixo-assinado, mas para dizer como os partisans na Segunda Guerra ou os cariocas quando precisam dizer o indizível – ‘Estamos aqui’


Para a legenda


Um biografia plural, flagrante ao vivo, em cores (com o grisalho dominando o elenco masculino) e as meninas sempre militantes, saltitantes, dominantes. Exibição de algo que nada tem a ver com o esprit de corps, espírito de corporação, mas com o redundante esprit de l’âme. O jornalismo contemporâneo anda carente deste tipo de substância.


Alguém já disse que o Jornal do Brasil era mais do que um emprego; ficou comprovado que é um estado de espírito. Atemporal, incurável, impermeável às circunstâncias. Mesmo – ou, sobretudo – as adversas.


Foi também um protesto. Explicitada ou subentendida ali se registrava uma mensagem de inconformismo com a triste situação da imprensa carioca. Há novos títulos, formatos, alguma competição, pouca garra. Na empresa dita moderna – como em salões de beleza – garras devem ser aparadas e esmaltadas. De preferência, homogeneizadas.


A toda hora um flash, câmaras digitais e celulares em profusão, raras as Leicas ou Nikons com filme. Legenda ainda não escrita: ‘Estamos aqui’.


Oxalá por muito tempo.